A Dra. Tatiana Meyer Tolentino, médica Radiologista do CETAC - Centro de Diagnóstico por Imagem, avalia que desde a introdução da Ressonância Magnética (RM) para avaliação das patologias mamárias, em 1986, esse método tem recebido atenção e aceitação crescentes.
Equipamentos de última geração com bobinas especialmente confeccionadas para a região mamária têm proporcionado avaliação tridimensional das mamas com elevada resolução espacial e temporal possibilitando caracterização morfológica das lesões e estudo dinâmico pós-contraste.
Comparada a outros métodos, a RM oferece novas informações que, combinadas à mamografia convencional, têm elevado o índice de detecção de lesões malignas da mama. O uso do contraste na avaliação das mamas por ressonância magnética é imprescindível, explorando o princípio da angiogênese necessária ao crescimento tumoral.
A ressonância magnética das mamas sem a administração do contraste está indicada apenas na avaliação da integridade dos implantes de silicone, sendo esta indicação aceita como o melhor método disponível atualmente.
Relevância da ressonância magnética no diagnóstico de câncer de mama
Muitos estudos têm demonstrado que a RM pode contribuir com informações morfológicas similares à mamografia convencional nas lesões neoplásicas malignas invasivas, sem a limitação da sobreposição dos tecidos e, principalmente, permite estudo dinâmico pós-contraste das lesões. Isso define tendências do padrão de realce que pode estabelecer a probabilidade de malignidade de uma determinada lesão.
A RM tem se revelado como um método de elevada acurácia dependendo, porém, de uma pré-seleção adequada das pacientes. É, portanto, um método complementar à mamografia convencional, não podendo ser considerada método de screening, especialmente pela sua limitação na identificação das lesões precoces que se manifestam por microcalcificações, que são facilmente detectadas pela mamografia convencional.
Por outro lado, em paciente com fatores de risco para malignidade mamária, a RM pode, como nenhum outro método, detectar lesões iniciais que não se manifestem por microcalcificações, portanto inaparentes à mamografia convencional.
Cerca de 99% das neoplasias invasivas da mama exibem algum realce pós-contraste, enquanto 30% dos carcinomas in situ apresentam realce atípico e 10 a 20% podem demonstrar mínimo ou nenhum realce, limitando a sensibilidade e especificidade do método na avaliação das neoplasias iniciais.
Situações de limitação da mamografia
Portanto, as novas informações obtidas com a ressonância podem ser de valor inestimável predominantemente no diagnóstico das neoplasias invasivas e ainda nas situações em que a mamografia têm papel limitado, ou seja:
- Extensas alterações cicatriciais pós-cirúrgicas com ou sem radioterapia;
- Exclusão e detecção precoce de neoplasia maligna após implantes de silicone;
- Mama densa em pacientes com elevado risco para neoplasia de mama;
- Caso-problema-resultados contraditórios por outros métodos;
- Pré-operatório na detecção de multifocalidade, multicentricidade e avaliação da mama contralateral;
- Acompanhamento da resposta tumoral à quimioterapia;
- Avaliação da integridade dos implantes de silicone;
Situações de limitação da ressonância magnética
Contudo, existem situações em que a ressonância pode não contribuir significantemente:
- Detecção de microcalcificações;
- Avaliação de displasias, doenças inflamatórias e secretórias;
- Pacientes assintomáticas sem fatores de risco para neoplasia maligna mamária.
Ressonância magnética e mamografia são complementares
Como já foi mencionado, as microcalcificações são mais bem detectadas pela mamografia convencional e nos casos das displasias mamárias, doenças inflamatórias e secretórias, as alterações identificadas pela RM são inespecíficas, sobrepondo-se muitas vezes àquelas do parênquima mamário normal sob influência hormonal.
Em torno de 30% das pacientes jovens, assintomáticas e sem fatores de risco para malignidade, a ressonância magnética pode detectar inúmeras alterações benignas como adenose ou fibroadenoma, inaparentes por outros métodos de imagem.
Esse contexto poderia causar dúvida diagnóstica, levando a paciente a submeter-se a biópsias desnecessárias e a um excessivo número de estudos adicionais o que, sem sombra de dúvidas, comprometeria a credibilidade do método.