Os impactos da pandemia da Covid-19 geraram uma reação em cadeia que afetou diversos setores econômicos, mas sobretudo o de serviços: com o isolamento social, estabelecimentos como bares e restaurantes precisaram reinventar o seu modo de atendimento e amargaram, nos primeiros meses de pandemia, queda brusca nas vendas.
Esse cenário afetou inclusive o consumo de recursos básicos, como o gás natural: por estarem atrelados principalmente ao atendimento de restaurantes, panificadoras, hotéis e shoppings, a redução do volume utilizado pelo setor foi superior a 50% nos meses de abril a agosto, quando comparado ao mesmo período de 2019, entre os clientes atendidos pela Companhia Paranaense de Gás (Compagas); neste segmento, são 580 estabelecimentos.
A tarifa regulada do gás natural foi uma das principais vantagens ao setor de alimentação fora do lar, já que o pagamento ocorre após o consumo, e de maneira proporcional. Esse modelo de funcionamento foi fundamental para mitigar um pouco dos prejuízos desses locais, que precisaram fechar suas operações. A conta proporcional foi um peso a menos no orçamento. "Imagina um estabelecimento que, antes da pandemia, havia feito um estoque grande de gás GLP e pagou antecipadamente. Com o gás natural, essa conta chega depois do consumo, e proporcional", explica o gerente comercial da Compagas, Mauro Melara.
Diferenças
Quando se pensa em gás de cozinha é automático lembrar do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), o famoso botijão, comercializado em cilindros e transportado por caminhões. A grande diferença entre ele e o gás natural é que o segundo chega aos estabelecimentos ou residências por meio de tubulações, assim como a água. Logo, não é necessário armazenamento. "E isso faz muito sentido para centros urbanos com grande adensamento populacional. Em grandes cidades, não é um bom negócio estocar combustível. Outro benefício é que o gás natural diminui a circulação de caminhões pela cidade", destaca o gerente comercial.
A praticidade é outro ponto forte, sobretudo para o foodservice: o empreendedor não precisa sair para comprar botijão de gás, perder tempo para fazer pedidos ou se colocar em risco estocando para não faltar. "O gás natural fica disponível o tempo todo. Passa por um medidor e o consumo mensal vem na fatura, proporcionalmente", explica. Além disso, o cliente tem todo o serviço e atendimento por parte da Compagas. "Não é uma simples relação de compra e venda", salienta Melara.
O gás natural, em função da sua composição, é ambientalmente mais amigável, por poluir menos. E mais seguro, diz Melara: "por ser mais leve, a tendência, caso ocorra vazamento, é que ele escape por partes altas, enquanto o GLP se acumula no chão".
Para bares e restaurantes, a chama mais "limpa" gera menos demanda por manutenção e não danifica equipamentos como panelas e fogões: no GLP, quando o botijão está acabando, a chama fica instável/amarelada, o que gera mais resíduos e fuligem. "Como o metano é estável, uma vez que a gente regula o equipamento que funciona com gás natural, não há variação" esclarece Melara.
Uma das pessoas à frente do restaurante Porcini, o empresário Fabio Pereira é sócio em restaurantes tanto com gás natural como com GLP. "Sou 10 a zero o gás natural. Em 11 anos de Porcini nunca tive problema. Montei a cozinha toda em função do gás, com forno combinado, e nunca danificou equipamentos ou panelas. Também não tem aquele medo de acabar; o gás e é prático, você liga o fogão, o forno, a água aquecida, e o gás está lá. Quem está no ramo de restaurantes lida com centenas de detalhes todos os dias. Não se preocupar com uma coisa já é uma boa ajuda", fala.
Atualmente, a Compagas atende 48 mil clientes com uma rede de distribuição de 840 km em municípios como Curitiba, Araucária, Balsa Nova, Ponta Grossa, Paranaguá, entre outros. Além do segmento residencial e estabelecimentos comerciais, 180 indústrias também utilizam o gás natural no estado.