Em todas as frentes e setores da companhia, a terceirização de serviços da Companhia Paranaense de Energia não é algo novo. Já há mais de uma década e meia, mais de um terço da força de trabalho era composta por terceiros – número que gradativamente foi crescendo em meio a aposentadorias e PDVs (Planos de Demissão Voluntária) feitos ao longo do tempo.
Em paralelo a esse processo, a Companhia seguiu evoluindo em seus indicadores de qualidade aliados a outros investimentos para garantir um bom serviço prestado ao consumidor. Para o diretor-geral da Copel Distribuição, Maximiliano Andres Orfali, o grande ganho da modalidade é a agilidade e a flexibilidade. “Você pode aumentar ou diminuir equipes. Fazer essa gestão de maneira mais rápida, possibilidade de gerir melhor a força de trabalho”, resume.
Para fazer reparos na rede elétrica, por exemplo, a empresa conta com dois mil atendimentos (eletricistas). “Temos esse contingente em primeira instância, mas a gente consegue se mobilizar para duplicar e em algumas situações quase triplicar dependendo do volume de obras necessárias”, explica o superintendente de Projetos Especiais na Copel Distribuição, Julio Omori.
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Dentro dos contratos com os terceirizados já consta a flexibilidade para atuação no plano de contingências de condições climáticas adversas. “Ele permite a atuação em outras regiões do Paraná e podem fazer outras atividades além daquela do dia a dia do contrato, se chamado ele pode ter que atuar como brigada”, conta Orfali.
Para Orfali, o grande ponto é ter uma força de trabalho qualificada e, uma vez tornada corporação, essa questão pode ser potencializada. “A gente monitora fortemente esses serviços e talvez a transformação em corporação nos ajude a ter um pouco mais essa flexibilidade de também selecionar melhor esse parceiro. Selecionar só os melhores fornecedores, para ter os melhores profissionais e na ponta um serviço melhor também”, explica.
Até o ano passado, quando ainda era controlada pelo Governo do Paraná, a Copel precisava fazer licitações e seguir todo o regramento dos processos como os demais órgãos de estado. Eventualmente encontrava entraves. “[O edital] não podia ser muito restritivo, pois podia ter embargo judicial, se era pouco restritivo podia ter serviços ruins. Poderia dar algum problema, às vezes demorava seis meses para contratar uma empresa, comprar um equipamento. O pior cenário era quando algum fornecedor quebrava e não avisava, a questão ia parar na Justiça, virava um calvário”, lembra Orfali.
“Eu não tinha o total controle do parceiro que eu ia contratar, tinha que ser quem ganhasse a licitação. Agora como corporação posso escolher, contratar somente os melhores. E eu consigo fazer isso de maneira muito mais rápida, eficiente e o mais importante: garantindo o melhor fornecedor. Não vou nem conversar com quem não tiver boas credenciais”, ressalta o diretor.
A Companhia pode fazer isso agora, pois deixou de ser uma ‘estatal’ e se transformou em uma corporação após lei aprovada na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) e a venda das ações na Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, em agosto de 2023, quando o Estado diminuiu sua participação de 31% para cerca de 15% – deixando de ser o controlador da Companhia e arrecadando cerca de R$ 3,1 bilhões.
Dentro do seu novo poder de voto (10% do capital votante, o novo máximo permitido), o Governo ainda ficou com uma ação de classe especial chamada de golden share, que, na prática, confere ao Estado o poder de veto em decisões referentes à distribuição de energia no Paraná. No processo em que o Estado deixou de ter o controle societário da Companhia algumas questões foram garantidas, como a manutenção da sede no Paraná e a continuidade do programa sociais. Entre eles o Energia Solidária, que atualmente fornece energia elétrica gratuita para 390 mil famílias ou aproximadamente 1,5 milhão de paranaenses com recursos subsidiados pelos cofres estaduais.
Formação profissional com o ‘selo Copel’
Além de mais liberdade para contratar, a empresa está fazendo um trabalho forte na capacitação de novos profissionais, com a criação do curso de formação básica de eletricista de distribuição em ‘centros de treinamentos’ nas cinco regionais da Companhia: Cascavel, Curitiba, Londrina, Maringá e Ponta Grossa.
“Estamos fornecendo o curso de graça, treinando esse futuro nosso eletricista. Nós assumimos esse papel de formá-los, justamente com esse foco de ter um profissional com melhor qualificação e no final ter um serviço melhor dos nossos eventuais contratados”, diz Orfali. São mais de 100 vagas para as primeiras turmas em todo o estado no curso presencial de três meses de duração com aulas diárias pela manhã e tarde.
O curso tem 15 módulos que abordam desde os fundamentos de eletricidade, construção e manutenção de redes de distribuição, até normas de segurança e normas regulamentadoras do setor.
Por meio de um convênio, as Agências do Trabalhador, da Secretaria de Estado do Trabalho, Qualificação e Renda estão responsáveis pelas inscrições dos interessados, e futuramente, após aprovados e certificados no momento da conclusão, poderão intermediar a colocação dos novos profissionais em vagas de emprego abertas no mercado de trabalho pelas empresas prestadoras de serviço no setor de distribuição de energia.
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