A Copel apertou o passo em sua meta de descarbonização e vai fechar 2024, o ano em que completa sete décadas de existência, com 100% da geração por meio de energia limpa e renovável.
A Copel apertou o passo em sua meta de descarbonização e vai fechar 2024, o ano em que completa sete décadas de existência, com 100% da geração por meio de energia limpa e renovável.| Foto: Guilherme Pupo/Copel
  • Por Copel - Companhia Paranaense de Energia
  • 18/12/2024 14:07

Em um movimento de grandes atores globais, sejam de empresas ou mesmo países para diminuir a emissão de gases do efeito estufa, a Copel apertou o passo em sua meta de descarbonização e vai fechar 2024, o ano em que completa sete décadas de existência, com 100% da geração por meio de energia limpa e renovável. A ação se insere, por exemplo, dentro de um dos compromissos apresentados pelo Brasil recentemente na COP 29 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas), em Baku: o de acelerar a transição energética e fazer investimentos para descarbonizar a matriz, como uma das medidas para atingir a meta de reduzir em 67% as emissões de CO₂ do País até 2035.

O plano de investimento da Copel para 2025 contempla o recorde histórico de R$ 2,5 bilhões em investimento na distribuição de energia elétrica no Paraná.
O plano de investimento da Copel para 2025 contempla o recorde histórico de R$ 2,5 bilhões em investimento na distribuição de energia elétrica no Paraná. | Guilherme Pupo/Copel

Com uma agenda de Mudanças Climáticas aprovada há mais de uma década (2011) e uma política corporativa de Mudança do Clima em vigor desde 2016, a empresa já vinha adotando medidas para se tornar 100% renovável até 2030 – plano acelerado em 2023 em paralelo com a transformação da companhia de sociedade de economia mista, para uma corporação sem um acionista controlador definido.

A partir desse momento, a companhia deu passos definitivos nessa direção ao vender sua participação de 81% na termelétrica a gás natural Araucária (Uega) por R$ 320,7 milhões, a decisão por alienar os 51% que detinha da distribuidora de gás Compagas por quase R$ 1 bilhão em julho deste ano, além da venda de 11 pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e centrais geradoras hidrelétricas (CGH), um parque eólico e sua última termelétrica (de carvão mineral em Figueira) por R$ 450,5 milhões neste último mês de novembro.

Os recursos são majoritariamente investidos em energia elétrica. O plano de investimento da Copel para 2025, por exemplo, contempla o recorde histórico de R$ 2,5 bilhões em investimento na distribuição de energia elétrica no Paraná.

Ao passo em que fazia o desinvestimento em usinas termelétricas, a estratégia da companhia paranaense na descarbonização e de focar o portfólio em seu core business foi concretizada ao conseguir reter seus principais ativos hidrelétricos. Também em novembro deste ano, a companhia assinou com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a renovação da concessão das usinas de Foz do Areia, Segredo e Salto Caxias por mais 30 anos – até 2064 – pelo valor de outorga de R$ 4,1 bilhões.

A concessão de Foz da Areia, maior ativo da empresa com potência total de 1.676 megawatts (MW), tinha término de concessão já no fim de 2024 (as outras iriam até o início da próxima década). Juntas, as três usinas situadas no rio Iguaçu  – que corta o Paraná de leste a oeste – representam 64% da capacidade instalada (potência) de geração de energia elétrica da Copel, ou 4.176 megawatts.

Todos os compromissos assumidos pela Copel no momento da transformação em corporação foram cumpridos, como a reorganização do portfólio e o ganho de eficiência como um todo.
Todos os compromissos assumidos pela Copel no momento da transformação em corporação foram cumpridos, como a reorganização do portfólio e o ganho de eficiência como um todo.| Guilherme Pupo/Copel

A renovação foi possível graças à transformação da Copel em corporação, pois pela legislação vigente, as concessões de ativos de empresas estatais ou de economia mista (caso da antiga Copel), não poderiam ser renovadas e iriam a leilão. “Os contratos terminariam e as operações dessas usinas seriam licitadas novamente. Contudo, como a Copel mudou, existia a previsão legal para prorrogar esses contratos mediante o pagamento de uma outorga determinada pelo Ministério de Minas e Energia e homologada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), o que de fato ocorreu”, explica o vice-presidente de Estratégia, Novos Negócios e Transformação Digital da Copel, Diogo Mac Cord.

Junto do processo de desestatização da Copel, a empresa também fez a oferta de mais ações no mercado de olho na renovação das grandes usinas do Iguaçu. “Isso trouxe recursos para o caixa da Copel e foi utilizado para pagar parte desse valor de R$ 4,1 bilhões. Tudo isso estava amarrado, fez crescer o tamanho da companhia e trouxe caixa para pagar a outorga e prorrogar esses contratos”, complementa MacCord.


Em fase de planejamento para expansão, Copel já tem um objetivo claro


Segundo o vice-presidente de Estratégia, Novos Negócios e Transformação Digital da companhia, todos os compromissos assumidos pela Copel no momento da transformação em corporação foram cumpridos, como a reorganização do portfólio e o ganho de eficiência como um todo. “A empresa está mais leve, eficiente e em um momento de estudar oportunidades para ir atrás delas, fazer avaliação de inteligência, de mercado e avançar numa expansão planejada, coordenada”, resume.

Contudo, um grande objetivo já está traçado para duas das usinas com concessão renovada: a ampliação de 50% da capacidade instalada em Foz do Areia, para 2.536 MW, e dobrar a potência em Segredo para 2.526 MW, o que traria um ganho de 2,1 GW (gigawatts) de potência instalada 100% renovável, dos atuais 6,5 GW para 8,6 GW – capaz de ampliar o atendimento em seis milhões de pessoas.

“A nossa intenção é entrar num leilão inédito que o Governo Federal deve abrir nos próximos meses para a chamada reserva de capacidade. Ele contrata potência [energia imediata], não uma maior quantidade de energia, mas sim para determinado momento, para atender horários de pico, que dependem muito da temperatura, do calor e que tem muita influência do uso de ar condicionado”, explica.

Na prática, essa energia é liberada mediante solicitação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que verifica a necessidade de carga imediata para situações em que muitas vezes a geração solar e eólica (que são fontes intermitentes e não estão disponíveis o tempo todo) diminui e o sistema necessita de uma fonte despachável, como é o caso das hidrelétricas, que geram energia de forma instantânea.

Apesar de ter esse foco, esse futuro acréscimo também ajuda a garantir a segurança energética tendo em vista o aumento do consumo tanto no Paraná quanto no País, e de acordo com Mac Cord tem relação direta com o ritmo acelerado de crescimento do Estado em comparação a média nacional, que naturalmente vem acompanhado por maior demanda energética.


O vice-presidente lembra que a portaria para o leilão ainda não foi publicada, mas ressalta que a Copel está muito bem posicionada para ter competitividade na hora que for. “Temos plena capacidade e projetos muito avançados, inclusive com as licenças em andamento para em caso positivo podermos começar imediatamente os serviços. A expectativa é que o edital tenha algo entre três e cinco anos para entregar a energia”, conta.

No caso de Foz do Areia, essa entrega seria mais célere, pois a usina já foi construída na década de 70 com planejamento para expansão futura e não há necessidade de obra de construção civil para essa ampliação, ou seja, a intervenção seria feita com a aquisição e instalação dos equipamentos, uma operação complexa porém mais rápida do que na usina de Segredo, onde será necessário executar obras civis para abrigar uma nova casa de força.


Apesar de tendência, ritmo de descarbonização é mais lento no País


Segundo dados da matriz de energia elétrica do Sistema Interligado Nacional (SIN), coordenado pelo ONS, as energias renováveis representam atualmente pouco mais de 80% do total (o dado varia conforme o uso das termelétricas) e vem aos pouco crescendo: ficava pouco acima dos 75% há quatro anos, por exemplo.

Esse número corrobora os dados do Anuário Estatístico de Energia Elétrica 2024, feito pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), ligada ao Ministério de Minas e Energia, que apontou uma redução de 6% entre 2022 e 2023 das emissões de gases de efeito estufa provenientes da geração elétrica no Brasil, ao passo em que a capacidade instalada de geração de eletricidade foi expandida em 9,4%.