Com o crescimento do Paraná acima da média nacional, registrando aumento de 5,8% no Produto Interno Bruto (PIB) ao longo de 2023, ou seja, o dobro dos 2,9% do País no mesmo período, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Companhia Paranaense de Energia (Copel) não ficou para trás e anunciou para 2024 um investimento recorde no valor de R$ 2,1 bilhões em distribuição de energia por todo o estado, ante R$ 1,8 bilhão aplicado em 2023.
Como o crescimento econômico puxa o consumo de energia, é necessário que a empresa acompanhe e esteja à frente do ritmo imposto pela economia e também do crescimento populacional. “Temos investido maciçamente na rede. Esse ano são 2,1 bilhões, isso tem aumentado fortemente ultimamente e a expectativa é ser ainda maior no próximo ano. Só para ter ideia, há uns seis anos esse investimento era na casa de R$ 500 milhões”, diz o diretor-geral da Copel Distribuição, Maximiliano Andres Orfali.
Todos esses recursos para o presente ano vão para 18 novas subestações (três com previsão de entrarem em operação ainda em 2024), 80 ampliações e modernizações dessas estruturas (26 para conclusão nesse ano e as restantes para 2025) e a construção de 12 novas linhas de alta tensão para conectar subestações e reforçar a redundância da rede. Três obras têm término previsto até o fim do ano, além de mais de 800 equipamentos que adicionam automação e reforçam a rede elétrica, como religadores automáticos, reguladores de tensão e chaves elétricas.
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Com mais, maiores e modernas subestações e linhas, cresce a capacidade de fornecimento de energia e o próprio reforço de umas às outras. Na prática, se uma apresentar problema, outra poderá servir para evitar desligamento à população.
Há também o avanço de cinco dos 25 mil km no Paraná Trifásico, maior programa de modernização da energia rural no país, que está substituindo a espinha dorsal da rede rural existente por uma rede mais moderna, com cabos protegidos, mais resistentes e equipamentos capazes de comunicação remota e restabelecimento com maior agilidade.
Fora a progressão da Rede Elétrica Inteligente, maior programa de smart grids do Brasil, com a previsão de instalar mais de 400 mil medidores inteligentes em 2024. Essa rede de distribuição de energia automatizada com mais de 700 mil medidores instalados sem custo ao consumidor já presente em 91 municípios das regiões Centro-Sul, Oeste, Sudoeste e também Metropolitana de Curitiba, permite à Copel identificar automaticamente o desligamento (sem que o cliente reporte), localizar o ponto de origem da interrupção com mais precisão e sua extensão para um restabelecimento mais ágil – 20% a 30% mais veloz –, além de oferecer a leitura do consumo de energia em tempo real pelo cliente, por meio do aplicativo da Copel.
“É tecnologia de ponta usada no primeiro mundo, a mais apurada, mesma usada no Japão e países da Europa. Vamos chegar no fim de 2025 com quase um terço de todos os consumidores nessa rede inteligente [1,6 mi]”, afirma Orfali.
Estão em curso também a construção de 1,3 mil km de novas redes, reforços e melhoria dessa qualidade para fazer com que a rede fique mais robusta. “Eu não consigo evitar que uma árvore jogada na rede quebre um poste, rompa uma cabo, mas eu posso ter uma redundância, ou seja, outro caminho, outro alimentador para deixar uma parte desses consumidores com energia”, explica o diretor, sem esquecer dos investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento de novas tecnologias e os mais recentes em inovação aberta.
O diretor conta ainda que a empresa planeja seu horizonte 10 anos à frente, até porque uma subestação, por exemplo, leva de dois a três anos para ficar pronta. Já o investimento em si tem seu planejamento estruturado a cada cinco, seguindo a revisão das tarifas adotadas pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e cobradas pelas distribuidoras de seus clientes. O ciclo vigente atualmente começou em 2021 e segue até o próximo ano. A empresa atualmente tem 5,1 milhões de consumidores e 200 mil km de rede, ou cinco voltas ao redor da Terra.
“É claro que a gente vai reavaliar o Paraná Trifásico, se vai estender ou não, se ele já está num ponto ideal, ou a Rede Elétrica Inteligente. Mas o foco talvez para o próximo ciclo seja o reforço em investimentos estruturantes de alta tensão, subestações e linhas, pois a gente percebeu que há uma tendência grande do Paraná crescer muito, mais que o Brasil [como vem acontecendo], inclusive fora dos grandes centros, no interior mesmo. Diante disso, precisamos desse reforço para fazer frente a esse crescimento substancial do estado”, revela.
Além do aquecimento econômico e de novos hábitos com uma maior dependência de equipamentos que necessitam de energia ou carregamento, o aumento do consumo total de energia elétrica distribuída pela concessionária em 2023 chegou a 4%. Já o percentual de alta só no primeiro trimestre de 2024 foi de 10,3%, resultado principalmente das temperaturas mais elevadas e das cada vez mais frequentes ondas de calor, que refletem no maior uso de equipamentos de refrigeração.
Outro tema que a empresa acompanha de perto é o fenômeno da geração distribuída, encabeçado pela presença cada vez mais comum dos painéis solares fotovoltaicos. Esta tendência tem impacto sobre os hábitos de consumo e, consequentemente, na operação do sistema de distribuição de energia. ”As pessoas quando colocam na sua casa num dia, no seguinte colocam dois ares-condicionados. Isso é comum e aumenta imediatamente o consumo, é um fenômeno que a gente tem percebido. Durante o dia, quando essa energia solar está funcionando, tudo bem, você consome ela. Agora à noite é a companhia elétrica que tem que suprir isso, fazer frente a esse novo hábito de consumo”, aponta.
Atendimento para todos, independente da distância e quantidade de clientes
Paralelo a todo esse investimento em manutenção e infraestrutura, a Copel também foca no atendimento individualizado, com o programa Cada Cliente Importa. Há pouco mais de dois anos, a ideia é minimizar as interrupções individuais duradouras em localidades mais isoladas. Como a rede de distribuição é ramificada, o atendimento às unidades localizadas nas chamadas “pontas de linha” muitas vezes exige o deslocamento de equipes por locais de difícil acesso. Segundo o diretor, o objetivo do programa é equilibrar a atenção dada no despacho de serviços para estas localidades, equalizando as priorizações em situações de temporal, por exemplo.
Por questões de prioridade, a empresa atende locais com serviços essenciais como hospitais e chaves com milhares de consumidores antes. “Um consumidor é uma casa, então três, quatro mil consumidores são 10 mil pessoas, eu priorizo isso em detrimento de outro, mas vai chegar um momento que eu preciso equilibrar, não posso ir apenas por esse indicador e preciso considerar o tempo que cada local pode estar sem energia. É uma filosofia para enxergar essas pontas, onde o consumidor está com uma dor maior”, pontua.
Orfali conta que o programa nasceu de frequentes visitas ao interior, onde escutou alguns relatos de quem não sentia a real melhora do atendimento de forma geral. “Em 2016, cada consumidor da Copel ficava em média 14 horas sem energia por ano. Hoje caiu praticamente pela metade, está um pouco acima de 7 horas. Porém, eu sempre ouvia, ‘mas na minha casa não, lá na minha chácara não, eu fico dias sem energia’ e isso me incomodou. A grande maioria, 99% estavam muito bem atendidos, mas tinha cerca de 0,5% que de fato estavam com alguns problemas, muito acima desse tempo”, conclui.
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