Poucos momentos são tão surpreendentes e especiais na vida de uma mulher como poder acompanhar as transformações que acontecem em seu corpo com o desenvolvimento de um bebê.
A gravidez é uma fase de muitas mudanças, não só no corpo, mas também na mente e no equilíbrio hormonal da futura mãe. Afinal, o organismo precisa oferecer condições para o crescimento de uma nova vida.
Com isso, ocorrem alterações nos seios, os cabelos podem ficar mais fracos, varizes podem surgir, maior cansaço e aumento da temperatura corporal, além de alguns problemas de saúde, como a diabetes gestacional.
O que é diabetes mellitus gestacional?
Desenvolvida durante a gravidez, essa doença é caracterizada pelo aumento dos níveis de açúcar no sangue (hiperglicemia), tendo relação direta com as alterações hormonais que ocorrem no organismo da mulher durante esse período.
Nesses casos, a diabetes mellitus gestacional pode ou não permanecer após o parto. Isso porque essas pacientes correm maior risco de continuarem diabéticas, quando comparadas com grávidas com níveis de glicemia normal.
Como a diabetes gestacional acontece?
Entre as mudanças ocorridas no organismo da mulher durante a gravidez, as alterações metabólicas são fundamentais para atender as necessidades do feto em crescimento.
Com isso, o desenvolvimento da resistência à insulina (RI), que é responsável pela captação e metabolização da glicose pelo corpo, durante a segunda metade da gestação é resultado do metabolismo alterado.
Nesse caso, essas adaptações metabólicas são ocasionadas por hormônios da placenta, a fim de garantir o fornecimento adequado de glicose ao bebê em desenvolvimento. No entanto, algumas mulheres com algum grau de resistência à insulina, como aquelas com sobrepeso, obesidade e síndrome dos ovários policísticos, potencializam o estado de RI na gestação.
Dessa forma, acontece o aumento do nível de glicose no sangue (sem insulina para capturá-la) e, assim, a mulher desenvolve o quadro de diabetes gestacional.
Fatores de risco
Algumas mulheres são mais propensas ao desenvolvimento da diabetes mellitus gestacional e, com isso, devem ter mais cuidado e ficarem atentas aos fatores de risco.
- Idade materna mais avançada (35 anos ou mais);
- Sobrepeso, obesidade ou ganho excessivo de peso durante a gravidez;
- Síndrome dos ovários policísticos;
- Histórico de diabetes gestacional ou de parto de bebês grandes (mais de 4 kg);
- História de diabetes em parentes de primeiro grau;
- Hipertensão arterial na gestação ou pré-eclâmpsia;
- Gestação múltipla (gravidez de gêmeos);
- Crescimento fetal excessivo, polidrâmnio;
- Uso de corticóide;
- Deposição central excessiva de gordura corporal.
Exames para detectar a diabetes mellitus gestacional
Toda mulher grávida deve realizar um exame de glicemia no primeiro trimestre de gestação. Com isso, se o resultado for acima de 126, significa que ela já era previamente diabética e não sabia.
Resultados entre 92 e 125 atestam a condição de diabetes mellitus gestacional (DMG) já no início da gestação.
Se a glicemia de jejum estiver normal, a grávida deve ser submetida ao ao teste oral de tolerância à glicose, no período entre a 24ª e 28ª semana de gestação.
Nesse exame, a mulher toma um líquido extremamente doce e coleta o sangue uma hora e duas horas após. Se na primeira hora a glicemia for maior que 180 e na segunda hora maior que 153 ela é diagnosticada com DMG.
É importante saber que a mulher não deve realizar o teste oral de tolerância à glicose se já tiver o diagnóstico de diabetes antes da gravidez, assim como também se tiver sido submetida a uma cirurgia bariátrica.
Controle e tratamento da diabetes gestacional
O tratamento da diabetes envolve o controle da glicemia e, dessa forma, a diminuição das chances de complicações para a mãe e seu bebê. Além do acompanhamento com a obstetra, é importante que a gestante conte também com o suporte de nutricionista, endocrinologista e educador físico.
Isso porque a adaptação alimentar e a prática de atividades físicas são necessárias para a normalização do nível de glicose no sangue. Em alguns casos, inclusive, quando essas medidas não são suficientes é utilizada a aplicação de insulina.
Para o controle da glicemia também é necessário realizar a medição capilar, com a perfuração da ponta dedo algumas vezes ao dia.
Mitos sobre o tipo de parto
Mulheres diabéticas devem ser submetidas a cesariana? Isso não é verdade. Inclusive, o parto normal é a melhor opção nesses casos, principalmente quando a glicemia da mulher está muito alterada pelo risco de dificuldades na cicatrização. Muitas vezes, em decorrência das alterações glicêmicas, o nascimento precisa ser antecipado e, por isso, é possível pensar na indução do parto.
Embora seja uma doença que traz muita apreensão, com acompanhamento de uma equipe especializada e o tratamento adequado, a diabetes gestacional pode ser controlada e, assim, tanto a mãe como o filho ficam mais seguros.
Legenda: Dra. Midiã Vergara Bandeira. Créditos: Gabi Maistrovicz.
Dra. Midiã Vergara Bandeira - Ginecologia | Obstetrícia
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