Tudo que você precisa saber sobre hipertensão durante a gravidez
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  • Por Dra Midiã Vergara Bandeira CRM 28792-PR | RQE 19354
  • 03/12/2021 13:49

A gestação é uma das fases mais importantes da vida de uma mulher e, por isso, é um período de muitos cuidados na tentativa de evitar complicações para a saúde da mãe e do bebê.

Uma das principais preocupações durante essa época é o desenvolvimento da hipertensão. É considerado com aumento pressórico a gestante que a pressão superior a 140/90 em duas medidas alteradas com intervalo de 4 horas de repouso entre elas.

No Brasil, a principal causa de mortalidade materna é devido ao aumento pressórico e por isso o acompanhamento pré-natal é tão importante visto que é durante essas consultas que o problema pode ser detectado e minimizado.

 Quais os principais sintomas da pressão alta na gestação?

Algumas pacientes podem ter aumento pressórico sem apresentarem sintomas importantes, mas a grande maioria apresentará algum dos sintomas abaixo:

  • Dor de cabeça e na nuca;
  • Inchaço nos braços e nas pernas (retenção de líquidos);
  • Visão embaçada ou presença de pontos brilhantes na visão;
  • Dor de estômago.

Como algumas vezes os sintomas podem ser sutis, é fundamental a aferição da pressão em todas as consultas.

É importante salientar que, nem sempre, esses sintomas são sinais de hipertensão: é importante o seguimento do pré-natal adequado a fim de diferenciá-los.

Quais são os fatores de risco?

  • Os principais fatores de risco para hipertensão na gestação são:
  • Pré-eclâmpsia ou eclâmpsia em gestação anterior;
  • Gravidez de gêmeos, trigêmeos ou mais bebês;
  • Grávida com mais de 40 anos de idade;
  • Histórico de pré-eclâmpsia na família;
  • Histórico prévio de hipertensão arterial;
  • Diabetes;
  • Resistência à insulina;
  • Presença de doenças autoimunes;
  • Doença renal;
  • Obesidade;
  • Tabagismo;
  • Etnia afro descendente;
  • Sedentarismo.

Distúrbios hipertensivos durante a gravidez

Nem todo aumento da pressão durante a gravidez é igual. Existem várias situações que podem causar essa condição e elas são classificadas em: hipertensão crônica, pré-eclâmpsia, eclâmpsia e síndrome Hellp.

Hipertensão crônica

Quando a gestante já é previamente hipertensa ou apresenta aumento da pressão até a vigésima semana de gestação, ela é classificada como hipertensa crônica.

Em casos assim, o indicado é passar por uma consulta antes de engravidar, a fim de adaptar as medicações e receber as orientações necessárias para o período da gestação. Essas gestantes precisaram de acompanhamento pré natal adequado, cuidados com alimentação e orientação de atividade física a fim de diminuir os riscos de complicações durante a gravidez e também o risco de desenvolver pré eclampsia que é uma condição mais grave.

Quando a pressão permanece controlada, sem sinais de complicações, a gestação poderá seguir até a 40ª semana, quando é indicado interrompê-la. É válido ressaltar que a hipertensão na gravidez não é um indicativo de cesariana e é possível induzir o parto normal se for necessário.

Pré-eclâmpsia

Esta condição caracteriza-se pela presença de hipertensão arterial, edema e alteração em alguns exames laboratoriais a partir de 20 semanas, em gestantes que previamente tinham a pressão normal ou eram hipertensas crônicas, mas estavam com a pressão controlada.

Nesse caso, o desenvolvimento da doença está relacionado à forma como a placenta se insere no útero da mulher e só será solucionada após o nascimento e a retirada da placenta de dentro do útero.

A pré-eclâmpsia é uma doença imprevisível. Às vezes, ela é lenta, gradual e com poucas alterações da condição materna ou fetal. Outras vezes sua evolução é rápida, com repercussões graves.

Esta condição pode provocar uma série de complicações, como a diminuição de líquido amniótico, restrição de crescimento, alterações no fluxo de sangue da placenta, além da prematuridade (em casos mais graves, é necessário interromper a gravidez antes do término).

Por isso, com o diagnóstico de pré-eclâmpsia confirmado, é importante fazer o monitoramento rigoroso a fim de postergar a interrupção da gestação o máximo possível.

Eclâmpsia

A forma mais grave da pré-eclâmpsia é a eclâmpsia, que é caracterizada pelo desenvolvimento de convulsões generalizadas de difícil controle

Outros sintomas também podem surgir, como a insuficiência renal ou respiratória, além de sangramentos e falta de oxigenação (tanto para a mãe quanto para o bebê).

É fundamental ter atenção quanto aos sinais de iminência de eclâmpsia, que devem ser valorizados pela obstetra. São eles: aumento pressórico, dor abdominal em barra na altura do estômago, visão de "pontinhos" brilhantes (os chamados escotomas) e dor de cabeça frontal de forte intensidade.

Gestantes com essa condição devem ser avaliadas e tratadas imediatamente a fim de tentar evitar que a eclâmpsia se instale.

Síndrome Hellp

Essa condição é caracterizada pela desordem em vários sistemas do organismo da gestante, decorrentes da hipertensão. A síndrome pode ser consequência da pré-eclâmpsia ou da eclâmpsia.

Nesses casos, os riscos maternos e perinatais são altos e, por isso, o tratamento precoce é decisivo.

Em relação aos sintomas, são semelhantes ao da iminência de eclâmpsia. O grande diferencial está na disfunção de órgãos como fígado e rins, por exemplo.

Quando diagnosticada essa condição é mandatório o internamento da gestação, realização de medicações para evitar o surgimento da eclâmpsia e interrupção da gravidez.

Gestação saudável

A realização do pré-natal, com acompanhamento de uma equipe multidisciplinar, é fundamental para promover uma gestação saudável, tanto para a mãe como para o bebê.

Por isso, nesse período é importante que a grávida realize todos os exames solicitados pelo obstetra, assim como também siga as orientações e os tratamentos, quando necessários.

Dra. Midiã Vergara Bandeira - Ginecologia | Obstetrícia
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