“Empreender no Brasil é um desafio. Mas mães são movidas a desafios”, diz a mineira Graziela Toledo, de 41 anos, CEO e executiva de novos negócios na SignoTech, empresa em que é sócia do marido.
Empreendedora desde os 22 anos, ela conta que o primeiro escritório que tiveram foi feito na parte de cima da casa em que moravam. Como o casal não tinha uma rede de apoio, esse arranjo permitiu que a Graziela estivesse mais presente no dia a dia dos dois filhos. “Eu criei a minha rede que era a nossa rotina familiar.
Funcionou tão bem, que dois anos depois tivemos o terceiro filho”, diz ela que é mãe do Braian, de 25, da Ana Julia, de 19 e do Gustavo de 14 anos.
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Graziela enfatiza que a rede de apoio é bastante importante para as mães, mas ainda que ela falte, se houver um objetivo claro por parte dessa mulher, o trabalho acontecerá. “A vida da empreendedora mãe é como um GPS, em que a rota é recalculada por uma febre ou outra intercorrência do filho.
Recalcular é importante e está tudo bem”, incentiva ela ao lembrar que hoje existe uma série de grupos de networking, em que é possível encontrar uma parte do apoio necessário para os negócios.
A paulistana Margarete de Oliveira Rocha, de 50 anos, é líder de um desses grupos que oferece apoio às empreendedoras. Ela e a amiga Emanuele de Oliveira Solyom, de 45, fundaram em 2015, o Lidera Mulher, da Igreja Batista do Bacacheri (IBB), em Curitiba.
A criação desse espaço de compartilhamento de experiências e aquisição de ferramentas para o dia a dia da empresa, surgiu de uma necessidade da Margarete, quando ela estava em transição de carreira. Hoje ela empreende na área de assessoria para gestão de pequenas empresas e BPO.
“O Lidera Mulher nasceu para levar identidade e construção do ambiente profissional para mulheres, sejam empreendedoras ou não. Auxiliamos elas a entenderem a vocação do trabalho como parte da vida e não como um todo”, explica Margarete, que é mãe do Nicolas de 21 anos e da Eloísa de 10.
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Esse reforço na compreensão do papel do trabalho na vida da mulher é necessário porque muitas mães empreendem por necessidade e não por oportunidade. A pesquisa Empreendedoras e seus Negócios 2023, realizada pelo Instituto Rede Mulher Empreendedora (IRME), que ouviu cerca de 4 mil pessoas, reforça esse fato: 55% das mulheres entrevistadas iniciaram seus negócios de maneira menos preparada e visando o sustento, enquanto 45% delas ingressaram no empreendedorismo já tendo um plano definido de negócio.
A Emanuele, que conduz o Lidera Mulher com a Margarete, é mãe do João, de 5 anos, e sócia diretora da VBR Brasil, que existe há 21, atuando nas áreas de consultoria e avaliações. Durante toda a vida profissional ela trabalhou mais diretamente com empresários e empreendedores de médio e grande porte. O contato maior com mulheres empreendedoras aconteceu após se tornar consultora credenciada do SEBRAE, há 20 anos.
Ela endossa a afirmação de que a necessidade leva muitas mães a abrir seu próprio negócio. Segundo a curitibana, mesmo com o risco que o empreendedorismo traz em relação à remuneração no final do mês, a flexibilidade de tempo, métodos e modelo negócio, é um atrativo às mães. “A mulher fica com a impressão de que não teve que escolher entre a profissão e a maternidade. Ela somou os dois”, avalia.
Na maternidade, o aprendizado e o impacto na sociedade
A frase da Graziela, de que mães são movidas a desafios, é validada pela Emanuele, ao explicar que a mulher se reinventa mais facilmente diante da necessidade. “Ela é criativa, batalhadora e vai abrindo oportunidades. Ainda que com pouco investimento, rapidamente começa a vender algo, mesmo que sejam produtos de catálogo”, exemplifica.
Por isso a necessidade de essa mãe pertencer a um grupo de apoio que olhe para o empreendedorismo feminino. “É importante a mulher ter um lugar para receber ferramentas que ajudem ela a lidar com cada ciclo do maternar e do negócio”, completa Margarete.
São muitos os desafios na maternidade e nos negócios. Mas as mulheres que empreendem, por necessidade ou não, encontram no ser mãe, habilidades importantíssimas para ultrapassar barreiras que surgem no dia a dia. O senso de missão e propósito que uma mãe tem, ao gerar uma vida, é providencial. “Eu fui mãe quase aos 40 anos e vejo o quanto a chegada do João me tornou uma pessoa melhor e uma profissional melhor.
Da comunicação à gestão do tempo, passei a me adaptar mais facilmente a novas regras e imprevistos”, conta Emanuele. “Eu impactei o mundo gerando três vidas! Vidas que hoje também estão empreendendo e se desenvolvendo para gerar empregos. Quer impacto maior do que ser mãe e colocar um ser humano que contribua para um mundo melhor?”, finaliza Graziela.
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