Um importante projeto para fomentar e contribuir com os estudos sobre o continente africano está foi desenvolvido por uma editora de Berlim, juntamente com arquitetos de Washington. É o Guia de Arquitetura da África Subsaariana, coletânea de sete livros completos escritos por mais de 350 autores do mundo inteiro. A arquiteta curitibana Caren Silva foi convidada para contribuir com a publicação, comandada pela DOM Pulishers, editora alemã.
Caren é arquiteta formada pela PUC-PR, cuja experiência na área sempre teve foco internacional: desde seu primeiro programa de trainee em Belgrado, na Sérvia, que visava reconstruir a cidade no pós-guerra, até uma longa carreira como especialista em gestão de projetos na arquitetura que a levou a viajar quatro continentes e gerir empreendimentos em diversos países.
A arquiteta voltou recentemente ao Brasil após uma jornada de dez anos trabalhando em Angola, onde construiu um legado na área de gestão de projetos. Foi assim, também, que se aprofundou sobre a arquitetura local e se tornou especialista no assunto. No ano passado, recebeu a mensagem dos organizadores da coletânea que propunham sua participação nos livros.
“Este projeto começou há sete anos e finalmente reuniu arquitetos do mundo inteiro que trabalham e pesquisam a África Negra. Eu colaboro com o capítulo de Angola e faço um paralelo da arquitetura angolana com a brasileira, para entender o legado que ela deixou ao Brasil”, explica Caren Silva.
Ela complementa: “Angola é um país de contrastes. Temos a arquitetura modernista dos pupilos de Bauhaus, temos barracos, temos prédios super tecnológicos, temos edifícios coloniais. Há muito a conhecer de Angola”.
Ela considera a coletânea um grande passo para que as pessoas possam se aprofundar nos estudos sobre a África Subsaariana, muitas vezes deixada de lado pela academia.
“Muitas pessoas veem a África como se fosse um hiato, mas é um continente com uma rica arquitetura, muita arte e importante geopolítica. Além disso, a África abaixo do Saara (subsaariana) é completamente diferente da África do Norte, e é importante termos um olhar focado apenas nesta região, tantas vezes esquecida”, comenta.
Coletânea explora arquitetura de 49 países
O projeto foi pensado desde o princípio como uma publicação que vai contra o pensamento colonial europeu e tenta tornar os 49 países da África Subsaariana mais próximos do leitor. Ao fazer isso por meio da arquitetura, com explicações, fotos e plantas das maiores e mais icônicas obras do continente, a editora DOM dá ênfase também ao contexto político e econômico de cada design e construção.
Os sete volumes somam 3.400 páginas, estão em inglês e divididos da seguinte forma:
- Vol. 1: Introduction to the History and Theory of African Architecture;
- Vol. 2: Western Africa from the Atlantic Ocean to the Sahel;
- Vol. 3: Western Africa along the Atlantic Ocean Coast;
- Vol. 4: Eastern Africa from the Sahel to the Horn of Africa;
- Vol. 5: Eastern Africa from the Great Lakes to the Indian Ocean;
- Vol. 6: Central Africa from the Atlantic Ocean to the Great Lakes;
- Vol. 7: Southern Africa between the Atlantic and Indian Oceans.
“O objetivo deste projeto era mostrar as diversas multiplicidades da arquitetura, de forma polifônica, na África Subsaariana — uma região que permanece desconhecida para muitos. Nas publicações de arquitetura, esta região representa menos de 1% de todos os livros, artigos de revista e conteúdo on-line relacionados à arquitetura”, explica um dos editores do Guia, Livingstone Mukasa.
“Isto apresentou uma oportunidade para, pela primeira vez, reunirmos um conteúdo abrangente, tanto no sentido histórico, como incluindo aspectos contemporâneos, das paisagens arquitetônicas e do patrimônio da África ao sul do Saara”, finaliza.
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