Um grito de alguém que pede ajuda pode ser ouvido a distância, mas será que conseguimos ouvir um chamado de socorro do nosso próprio cérebro? Quando não damos conta das atividades do dia a dia ou vamos além dos nossos limites para resolver tudo que nos é exigido, a tendência é desenvolvermos sintomas que indicam o esgotamento mental.
Alguns ocorrem diariamente: cansaço excessivo, insônia, mudanças de apetite, desânimo, falta de prazer, ansiedade, palpitação cardíaca, suor frio, dificuldades de memória, irritabilidade e aumento da procrastinação.
Para falar sobre esgotamento mental, entrevistamos as psicólogas do Hospital Novaclínica: Gabriela Maria Arenhart Soares, Beatriz Patricia Woinarovicz, Rafaela Conde de Souza e Vanessa de Souza. Confira abaixo todos os detalhes.
O que é esgotamento mental
Gabriela esclarece que o esgotamento mental ocorre quando as situações estressantes são intensas e recorrentes. “Essa frequência nos leva a um limite em relação às nossas emoções. Sabemos que lidamos com o estresse diariamente, porém, quando isso se torna constante, fica cada vez mais difícil lidar e, com o tempo, prejuízos tanto para a saúde mental como para a saúde física podem aparecer”, alerta.
Vanessa explica que o cérebro envia mensagens de que a fadiga está se instalando, mas as pessoas consideram esses sinais algo normal em suas vidas. “O esgotamento mental vem sendo percebido como ‘natural’ em nosso cotidiano, contudo, esse ciclo de excessos impostos ao cérebro geram um desgaste metabólico e mental muito elevado”, diz.
A nociva normalização do esgotamento mental
Todos esses sintomas estão ligados à exigência enorme feita hoje na sociedade. “Vivemos um momento sociocultural onde as exigências estão cada vez mais frequentes e as cobranças em relação a produtividade excessiva têm impactado diretamente na construção individual e social de nossas relações com os demais, independentemente do contexto ao qual estamos nos referindo”, afirma Rafaela.
Ela continua: “A ‘produtividade’ tem se tornado uma das características mais enfatizadas no mundo corporativo, acadêmico e pessoal - o que expõe o indivíduo na busca excessiva por resultados rápidos, com cobranças maiores e comparações intensas para encaixar-se em padrões sociais considerados certos e/ou adequados”.
As psicólogas pontuam que toda essa imposição de agilidade e produtividade inviabiliza a demonstração do que realmente se sente, também causada pelo temor do julgamento das pessoas, o que gera mais cobrança, inclusive, própria.
“Julga-se a forma que me visto, julga-se como falo e o que penso, julga-se meu comportamento e a forma como me manifesto no mundo, julga-se o quanto como e de que forma me alimento, julga-se a forma do meu corpo e o meu peso, julga-se a forma como falo e o que tenho a dizer. É pela constante frequência em que nos deparamos com o atual cenário e a interferência dele no nosso dia a dia que o esgotamento mental se desenvolve e se mantém em nosso repertório”, observa Beatriz.
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Doenças desenvolvidas pelo esgotamento mental
Com os sintomas cada vez mais frequentes, podem se instalar problemas físicos também: “Quando o esgotamento mental se torna crônico, surgem distúrbios como hipertensão arterial, arritmia, infarto, gastrite, úlcera, ansiedade, síndrome do pânico e depressão”, salienta Vanessa.
Como identificar o nível de esgotamento mental
Os problemas que levam ao esgotamento mental não surgem de um dia para o outro, por isso é importante identificar os níveis de acometimento em que cada pessoa está. As psicólogas Gabriela, Rafaela e Beatriz identificam quatro níveis que determinam a intensidade do estresse: alerta, resistência, quase exaustão e exaustão.
Como amenizar o estresse
Ao identificar os sintomas, a primeira atitude é a mudança de comportamento. “Faz parte do tratamento incluir na rotina de cuidados físicos: uma alimentação de qualidade, exercícios físicos, acompanhamento médico para prevenir ou tratar doenças já existentes”, diz Rafaela.
Mudar a forma com que se lida com tudo que gera o esgotamento é preponderante. “O esgotamento é desencadeado por fatores psicológicos, e é importante identificar quais são esses fatores. Então, sempre será importante uma reflexão sobre como tenho lidado com isso, o que está pesado para mim, com o que tenho tido dificuldade de lidar e como enfrento as situações. A partir disso, deve-se buscar soluções que protejam de prejuízos maiores”, ensina Gabriela.
Procure ajuda de um especialista
Nem sempre é fácil encontrar respostas para tantas perguntas, por isso, buscar o auxílio de um profissional de psicologia traz melhores resultados.
“A psicoterapia auxiliará a pessoa a identificar quais são os fatores que estão gerando a sobrecarga e a desenvolver estratégias assertivas para lidar com as dificuldades, lembrando que o uso de medicações psiquiátricas em caso de doença mental também se faz imprescindível”, ressalta Beatriz.
O tratamento psicológico auxilia a pessoa a recuperar a autoestima. “A psicoterapia auxilia a pessoa em seu autoconhecimento, melhora a autoestima, ajuda a gerenciar melhor as emoções como a raiva e suas variações, provoca alterações de pensamentos disfuncionais e distorcidos, auxilia no processo de cobrar menos de si, ensina a aprender a gerenciar situações estressantes e exaustivas e, por consequência, a manejar o estresse, ansiedade e depressão”, orienta Vanessa.
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