Os principais sintomas da doença de Crohn são diarreia, dor abdominal, febre e eliminação de muco e sangue nas fezes
Os principais sintomas da doença de Crohn são diarreia, dor abdominal, febre e eliminação de muco e sangue nas fezes| Foto: Shutterstock
  • Por Hospital Santa Cruz
  • 15/05/2023 10:45

O Paraná tem um alto índice de pessoas com Doenças Inflamatórias Intestinais (DII), com uma prevalência de até 120 casos relatados em cada 100 mil habitantes. As DII são um grupo de doenças crônicas que afetam o trato gastrointestinal, causando inflamação e danos aos tecidos intestinais.

As duas formas mais comuns de DII são a doença de Crohn (DC) e a retocolite ulcerativa (RCU). Ambas são crônicas, de etiologia multifatorial e caracterizadas por períodos de remissão e atividade.

Segundo a gastroenterologista especialista em doenças inflamatórias intestinais e coordenadora do programa GastroD’Or Curitiba, Dra. Natália Sousa Freitas Queiroz, do Hospital Santa Cruz/Rede D’Or (HSC), em Curitiba, o aumento de casos está relacionado com o processo de industrialização, urbanização e ocidentalização da cultura e da dieta. “Os casos de doenças inflamatórias intestinais no Brasil triplicaram entre os anos de 2008 até 2017. A média da prevalência no Brasil foi de 80 casos a cada 100 mil habitantes. O Paraná é considerado um estado de alta prevalência com até 120 casos relatados a cada 100.000 habitantes”, informa a médica, com base no artigo científico de Luz Moreira et al., 2022 (REF).

Além dos sintomas físicos, os pacientes com DII enfrentam diversas dificuldades no dia a dia. O desconforto abdominal, a diarreia e a fadiga podem limitar as atividades diárias e até mesmo prejudicar a vida profissional e social.

“Além disso, o preconceito e falta de compreensão por parte da sociedade em relação às doenças inflamatórias intestinais aumenta o constrangimento dos pacientes, o que pode ocasionar isolamento social. Por isso, é importante que a população tenha uma maior conscientização sobre a doença e que as pessoas que vivem com DII tenham acesso a um tratamento adequado e um suporte emocional, para que possam viver com qualidade de vida e sem limitações”, acrescenta a especialista.

Dra. Natália explica ainda que as doenças inflamatórias intestinais acontecem quando o sistema imunológico do corpo falha. “Normalmente, o sistema imunológico protege o corpo, mas no caso da doença de Crohn e da retocolite, o sistema imunológico começa a atacar o corpo. Não sabemos por que o sistema imunológico ataca o corpo, mas provavelmente é consequência da interação entre predisposição genética e meio ambiente, como microbiota, dieta, tabagismo e estresse”, conclui.

Doença de Crohn e retocolite ulcerativa

A DC pode afetar qualquer parte do trato gastrointestinal, desde a boca até o ânus.

Segundo a Dra. Natália, esta doença é caracterizada por uma inflamação transmural crônica no sistema digestório e que pode acometer da boca ao ânus de forma contínua ou salteada, com potencial de evoluir com complicações, como estenoses e fístulas.

“Os principais sintomas da doença de Crohn são diarreia, dor abdominal, febre e eliminação de muco e sangue nas fezes. Os pacientes podem ainda apresentar manifestações extraintestinais nos olhos, articulações e pele”, exemplifica.

A RCU também é uma doença inflamatória crônica que acomete o intestino grosso e que necessita de atenção. Caracterizada por inflamação da camada superficial do cólon (mucosa), a inflamação se inicia no reto, local onde se apresenta de forma mais intensa e pode se estender por todo o cólon de modo contínuo.

“Os sintomas consistem em diarreia com muco e sangue, dor anal, urgência evacuatória e cólicas em razão do aumento das contrações intestinais. Também pode se apresentar com manifestações extraintestinais nos olhos, boca, articulações e pele”, acrescenta a médica.

Não há nenhuma maneira conhecida de prevenir o desenvolvimento de doenças inflamatórias intestinais, pois, segundo a Dra. Natália, elas se desenvolvem devido a uma combinação de quatro fatores, sendo eles genética, ambiente, microbiota e sistema imunológico.

“Algumas medidas podem ser tomadas para ajudar na prevenção, como evitar ingestão de alimentos processados e aditivos, adotar uma dieta rica em frutas e vegetais, limitar a exposição a antibióticos, não fumar e reduzir o estresse e a ansiedade”, afirma.

O tratamento das DII envolve o uso de medicamentos para reduzir a inflamação e a dor, mudanças na dieta e, em casos graves, cirurgia.

Fatores de risco

Dra. Natália acrescenta que o aumento de casos de DII é uma consequência do estilo de vida moderno, o estresse do dia a dia e a falta de tempo, que faz com que muitas pessoas adotem hábitos pouco saudáveis, o que pode desencadear doenças inflamatórias intestinais em indivíduos geneticamente predispostos.

Fatores ambientais externos, como poluição do ar, exposição a raios UV e metais pesados, além de tabagismo e dieta, com alguns fatores endógenos, como alterações da microbiota intestinal, contribuem para o aparecimento de doenças inflamatórias intestinais.

Dra. Natália cita uma pesquisa recente, Association of ultra-processed food intake with risk of inflammatory bowel disease: prospective cohort study, que envolveu mais de 1 milhão de pessoas e indicou que há uma forte associação entre o consumo exagerado de alimentos ultraprocessados e o risco de desenvolver a doença de Crohn.

“Alimentos ultraprocessados possuem baixo teor de fibras alimentares, alto teor de gorduras saturadas, açúcares simples e aditivos como emulsificantes. Alimentos pré-embalados e produzidos comercialmente geralmente estão neste grupo, por exemplo, proteínas processadas, como nuggets de frango e cachorros-quentes, cereais matinais, refrigerantes, molhos enlatados, salgadinhos, sorvetes, biscoitos e alguns tipos de pão. O consumo de alimentos adoçados com açúcar refinado, como barras energéticas, doces, chocolates, geleias, pudins, brownies e bolos também se associam a um risco ao desenvolvimento da doença”, alerta a médica.

GastroD’Or

É importante ressaltar que o tratamento das DIIs deve ser humanizado e envolver uma equipe de médicos especialistas, enfermeiros, nutricionistas e psicólogos, entre outros profissionais, que tratam o paciente de maneira individualizada de acordo com suas necessidades.

É nesse contexto que o programa GastroD'Or, do Hospital Santa Cruz, se destaca: com uma equipe altamente capacitada, o GastroD'Or oferece um atendimento de alta qualidade, visando sempre o bem-estar do paciente.

Criado em 2021, o GastroD’Or oferece cuidado específico às doenças inflamatórias intestinais, principalmente a Doença de Crohn e a retocolite ulcerativa. O programa oferece cuidado integral aos pacientes acometidos pelas DII.

“No Programa, os pacientes recebem orientações claras sobre sua doença e sua evolução, além de terem acesso a um tratamento clínico individualizado e mais adequado às suas necessidades e que visa modificar o curso natural da doença. Deste modo, ajudamos a devolver ao paciente seu bem-estar físico, nutricional, mental e social”, completa a Dra. Natália.

Sobre o Hospital Santa Cruz

Fundado em 1966, o Hospital Santa Cruz está localizado no bairro Batel, em Curitiba (PR), e, desde junho de 2020, é unidade integrante da Rede D'Or São Luiz - maior rede de hospitais privados do país com atuação no Rio de Janeiro, São Paulo, Distrito Federal, Pernambuco, Maranhão, Bahia, Sergipe e Paraná.

O Hospital Santa Cruz é considerado um centro de alta complexidade no atendimento das áreas de Oncologia, Cardiologia, Cirurgia Geral, Neurologia, Ortopedia, Pronto-Atendimento e Maternidade.

Com estrutura e equipe multidisciplinares, equipamentos de última geração e um moderno centro cirúrgico, oferece cuidado de alta qualidade centrado no paciente, segurança assistencial e humanização do atendimento.

É reconhecido com o selo de Acreditação com Excelência Nível III, entregue pela ONA, sendo a instituição acreditada nesta categoria por mais tempo no Estado. Mais informações em www.hospitalsantacruz.com.

Sobre a Rede D'Or São Luiz

Fundada em 1977, a Rede D’Or São Luiz é a maior rede privada de cuidados integrados em saúde do Brasil. O grupo conta atualmente com 72 hospitais e marca presença em São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Maranhão, Sergipe, Ceará, Alagoas e Bahia. São cerca de 9 mil leitos operacionais, 60 mil colaboradores e 87 mil médicos credenciados, que realizaram aproximadamente de 2,7 milhões de atendimentos de emergência, 256 mil cirurgias, 39,8 mil partos e 523 mil internações nos últimos 12 meses.