Para empresas, governos e cidadãos o ano de 2022 seria o ano da recuperação econômica. Quando enfim respirava-se o controle da pandemia, um conflito entre países veio para afligir o planejamento dos negócios. Para que os CFOs tenham uma visão das ameaças e oportunidades nesse cenário, o Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (IBEF-PR) convidou o economista-chefe e sócio do banco digital Modalmais, Álvaro Bandeira, e o analista de risco político da Empower Consultoria, Rogério Schmitt, para conversar com os gestores e avaliar as possibilidades para este ano. Na pauta, o crescimento da inflação e da taxa de juros, as movimentações políticas e a guerra da Rússia e Ucrânia foram alguns dos temas abordados.
Um ponto que gerou uma avaliação entre os gestores, foi o endividamento global, tanto das famílias como das empresas. O economista Álvaro Bandeira relembrou os dados divulgados pelo Instituto de Finanças Internacionais de que até o terceiro trimestre de 2021 o endividamento global chegou em US$ 296 trilhões, destacando que nos países emergentes a dívida foi alavancada, principalmente, pela China. “Na saída da pandemia, ainda teremos sérios problemas fiscais. E os Bancos Centrais vem fazendo o seu papel, reajustando as políticas monetárias, o que afeta, principalmente, as nações mais endividadas”, ponderou.
Ao tratar sobre as políticas monetárias, Bandeira qualificou como uma aposta de risco do BC em colocar a taxa Selic em dois pontos percentuais. “E agora o que vemos é uma taxa saindo sem escalas de 2% para 10,75%, com previsões para a próxima reunião do Copom de um aumento de até 1,5%”, declarou. Com essa taxa de juros em alta, o funding para as empresas começa a ficar mais escasso. “Veremos essa ferramenta menos disponível neste ano, e com taxas de juros mais altas, alavancando as restrições de liquidez”, acrescenta o economista.
Amenizando as expectativas dos CFOs para este ano, os especialistas destacaram pontos que os gestores devem ficar de olho, dentre eles a Guerra da Rússia contra a Ucrânia, que atraiu incertezas globais. “Independente de terminar logo ou ainda levar meses, o estrago já foi feito e a inflação excedente já é sentida em todo o mundo. A cadeia de suprimento começa a ficar reprimida, por conta da dificuldade de exportação, resultando em uma recuperação econômica mais lenta”, mencionou o economista.
No campo político, Rogério Schimitt aconselhou os gestores a ficarem de olho nas composições partidárias. “Até 1º de abril, a janela partidária está aberta para trocas de partidos, essa movimentação deve estar no radar para conhecer as possíveis composições do Congresso Nacional, e avaliando as possíveis presidências da Câmara e do Senado, que poderá influenciar nas aprovações das reformas”, alertou o analista de risco político da Empower Consultoria.
Para Álvaro Bandeira a melhor estratégia a ser usada nesse momento é a racionalidade. “Esse é um momento de olhar os detalhes para escolher a hora de investir. Mas certamente, são nesses momentos de desequilíbrio que aparecem as melhores oportunidades para lucros extraordinários”, aconselha.
O evento do IBEF-PR é o primeiro deste ano em formato híbrido, e recebeu mais de 40 participantes, online e presencial. Para o coordenador do Comitê de Finanças, Luciano Zanlorenzi, esse é um importante momento na retomada dos eventos. “Um dos pilares do IBEF é realizar encontros para network dos associados, e voltar com os eventos presenciais é uma forma de alavancar esses resultados. Além, é claro, de fornecer os debates e discussões que ajudam a transformar as visões de negócios”, finaliza.