*Aldo Macri
A pandemia exigiu transformações em diversos setores das empresas. A digitalização, que já estava presente nos negócios, foi de fato potencializada com a chegada da pandemia no mundo. Estudos feitos pela IBM no final de 2020 em 20 países, mostram que seis em cada dez empresas aceleraram projetos de digitalização e mais da metade dos executivos (51%) deve prioriza-los no decorrer dos próximos anos.
Mesmo sabendo das necessidades de digitalização da área financeira, é preciso pensar além do óbvio, começando pela experiência dos usuários, sejam eles internos ou externos à companhia, como clientes e fornecedores, por exemplo. Os benefícios da digitalização passam também por questões de melhoria de controles, maior produtividade, redução de erros, facilidades de mensuração de indicadores de desempenho, redução de custos e possibilidade de dar foco em atividades de maior valor agregado ao negócio.
Outro ponto muito importante é a agilidade. Uma empresa digital tende a ser muito mais vencedora no mercado atual do que a empresa não digital. Entretanto, é necessário reconhecer que o processo de digitalização é uma jornada e que o resultado não simplesmente deve ser pautado no retorno financeiro, como redução de custos ou redução de pessoas. O processo de digitalização exige repensar a forma como as coisas estão sendo feitas atualmente e como obter retorno dessa iniciativa, mesmo sem a necessidade de investimentos em tecnologia.
E por falar em tecnologia, um dos grandes equívocos dos gestores é enxergar a tecnologia como a única solução para a digitalização dos negócios, deixando de lado outros aspectos muito mais importantes. A tecnologia é um fator habilitador para a digitalização, mas temos que entender que hoje ela é uma commoditie e que precisamos conhecer as múltiplas ferramentas disponíveis no mercado e saber a melhor forma de utiliza-las.
Claramente, a tecnologia pode acelerar esse processo. Contudo, é preciso analisar e melhorar o seu processo antes de aplicar tecnologia para não digitalizar o caos. Isso implica em ter uma liderança engajada na transformação e na digitalização, ter uma cultura orientada para colaboração e com foco em melhoria contínua, saber aplicar as metodologias ágeis, testando, errando e melhorando mais rapidamente. Já foi o tempo que empresas gastavam milhões e muito tempo para implantar um ERP. Hoje há diversas soluções ao entorno do ERP que são complementares e evitam ter que investir em customizações caras, complexas e demoradas, por exemplo.
Para se ter sucesso é muito importante observar fatores como patrocínio, engajamento, cultura organizacional, colaboração e conhecimento das ofertas disponíveis no mercado. Além disso, é necessário identificar quais áreas e processos são cruciais para o negócio e exigem uma melhoria de experiência, seja no front office, middle ou backoffice. A empresa focar apenas na melhoria dos processos que lidam com os clientes externos, pode ser um erro caso seus processos internos não acompanhem essa evolução e digitalização. Processos com maiores esforços envolvidos e atividades transacionais podem também ser os primeiros a serem escolhidos para digitalização.
A grande questão é que o papel de finanças mudou bastante no contexto atual. Enquanto as empresas se veem tendo que redefinir seus modelos de negócios para poderem sobreviver ou crescer, o time de finanças além de ter que apoiar o dia-a-dia, também necessita ter um papel de protagonista nas decisões estratégicas e acompanhar as transformações da empresa, bem como dos processos de finanças.
*Aldo Cardoso Macri é Coordenador do Comitê de Inovação do IBEF-PR e também sócio-diretor da KPMG Brasil para a área de clientes e mercados na região sul. Possui mais de 12 anos de experiência na execução de projetos de consultoria empresarial com foco em eficiência operacional das organizações, atendendo cadeias de valor de diversos setores da economia. Há 3 anos atua no desenvolvimento de mercados na região sul, visando gerar valor para as organizações de todos os tamanhos e setores em seus desafios diários, por meio de serviços de Auditoria, Consultoria Tributária, Inovação Corporativa, Consultoria de Riscos e Compliance, Consultoria Empresarial e Consultoria em Estratégia, Captações/Dívida e Fusões e Aquisições. Aldo é formado em Administração de Empresas pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, em Ciências Contábeis pela Escola de Negócios Trevisan e MBA Executivo em Gestão Empresarial pela ESIC Business School.
SOBRE O IBEF PR
O Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Paraná (IBEF-PR) é uma instituição sem fins lucrativos, que congrega executivos de finanças dos vários segmentos da atividade econômica do Paraná: executivos das áreas de indústria, comércio, consultorias, empresas de serviços, auditorias, instituições financeiras (bancárias e não-bancárias) e instituições governamentais.
Através de seus comitês de Finanças, Compliance e Riscos, Tributário e Empresarial, Inovação e Desenvolvimento de Executivos, o IBEF-PR realiza vários eventos, discussões e compartilha conhecimento para contribuir com o desenvolvimento dos profissionais de finanças do Paraná.