Uma extensa pesquisa com mais de 7 mil profissionais realizada por Michael Mankins, originalmente publicada no hbr.org e depois relatada por Jack Zenger e Joseph Folkman, identificou características marcantes em profissionais que são mais eficazes. Dentre 48 comportamentos estudados, sete provaram-se frequentes naqueles que são mais performantes:
Estabelecem objetivos ambiciosos: Os hiperprodutivos estabelecem objetivos ambiciosos como um hábito. Se decidem que algo é importante, planejam quando conseguir. Fazer atividades desconectadas do objetivo maior tira-os do rumo e traz muita distração.
Consistência: Todos nós conhecemos aqueles colegas que são mais confiáveis, que entregam com consistência, não procrastinando, mantendo o ritmo e evitando os heroísmos quando o prazo aperta. O estudo mostra que os hiperprodutivos estabelecem cadência e mantêm um ritmo mais constante durante a execução das atividades.
Têm conhecimento geral e técnico: Poucas coisas matam mais a produtividade como a falta de conhecimento. Hiperprodutivos não precisam sacrificar a qualidade do trabalho por velocidade. Ter conhecimento desobriga a constante busca por tutoriais on-line ou pedir ajuda aos colegas.
Atenção: Os hiperprodutivos não hesitam em pedir ajuda, porém eles não precisam fazê-lo de forma frequente. Também adquirirem novas habilidades e trabalham para expandir sua expertise.
Guiados pelo resultado: Normalmente no trabalho aceitamos metas que nos parecem razoáveis e com certa previsibilidade de que iremos atingi-las. Diferente disto, uma fração significativa destes hiperprodutivos competem consigo mesmo e alcançam gratificação quando atingem algo que consideram um novo recorde pessoal de performance.
Antecipam e resolvem problemas: Dentre os hiperprodutivos, os melhores são ótimos solucionadores de problemas. Onde a maioria perde tempo, os hiperprodutivos conseguem se antecipar evitando obstáculos. Têm mais tempo para inovar na solução. Criam a imagem real do problema e do desafio sem sofrer do viés da fantasia do “pensamento positivo”. É o que os psicólogos chamam de “contraste mental”: para percebermos melhor a realidade devemos imaginar tanto o futuro de forma negativa como positiva. Somente mentalizar a melhor saída possível traz satisfação antecipada e cria o viés do autoengano.
Tomam a iniciativa: Para muitos, iniciar um trabalho é a pior parte, mas não para os hiperprodutivos. Eles começam rápido, odeiam esperar o comando para fazê-lo. Pedem perdão, não permissão. Este viés pela ação e pela execução às vezes atrapalha, pois podem iniciar um projeto sem o time comprar a ideia, mas os prós compensam os contras.
Colaboram: Ao contrário do que as outras características poderiam sugerir, eles na verdade são muito colaborativos. Na complexidade dos sistemas de produção de hoje tudo é interconectado e não há espaço para heróis egocêntricos. Aliás, em geral não precisam gastar muito tempo consertando relações quebradas por má comunicação.
Quem nunca sonhou em ter um dream team?
Mas como aumentar a chance de selecionar e contratar profissionais deste grupo? De novo, sem fórmula mágica. “Por meio de testes cognitivos que avaliem os diversos tipos de inteligência e raciocínio lógico em conjunto com a avaliação do perfil comportamental”, afirma Giovanna Pereira, psicóloga que atua em recrutamento e seleção. “Identificar como o profissional resolve os problemas, durante o teste e entrevista, pode ser um indício relevante da presença de vários destes comportamentos”. E ela pondera: “ter habilidades acima da média não quer dizer que exista a motivação para usá-las e obter resultado”.
Culturalmente ainda contratamos pelo know how técnico e estamos migrando para contratar competências de soft skills, mas muito além disso, nosso olhar acaba não estando tão aguçado para contratar pessoas com Lifelong Learning no DNA, com olhar intraempreendedor, com capacidades de ambidestria e de navegar em jogos políticos que por vezes os testes e entrevistas ainda não são tão assertivos para detectar.
Porém, como regra geral, como atingir um nível de produtividade superior depende de um conjunto de habilidades que a maior parte de nós pode adquirir e usar, como líderes podemos construir equipes e ambientes para fomentar cada vez mais times de alta performance, em ambientes leves, criativos e sustentáveis. Essa equação é a chave de uma boa liderança.
A Confraria
A Confraria do Desenvolvimento, promovida pelo Instituto Connect, é um espaço para conexão de executivos de vários segmentos, estados e países, onde é possível evoluir co-criando trilhas de aprendizagens e caminhando em uma jornada de networking, experiências e responsabilidade social.
*Antonio Ignes é Gerente de Engenharia Industrial na Marelli e membro do Instituto Connect.