Faz parte da natureza humana buscar explicações simples e definitivas para as grandes questões que dizem respeito à nossa existência. Nos traz conforto e segurança.
Quando o assunto é visualizar o futuro, essa afirmação parece fazer ainda mais sentido: a maior parte das descrições de cenários futuros tendem a descrever o nosso amanhã como algo fundamentalmente uniforme, homogêneo. Este tipo de descrição se torna mais palatável para a mente humana, desenhada para rejeitar o imprevisível e o complexo. e que são bombardeadas por uma quantidade tão grande de informação que alguma forma de ordem e previsibilidade se torna não apenas desejável, mas necessária para reduzir nossa ansiedade.
Os grandes cenários que descrevem futuros se encaixam em duas grandes categorias: utópicos ou distópicos.
A Utopia é o cenário preferido de uma boa parte dos futuristas. Ela descreve a ascensão de uma sociedade de qualidades quase perfeitas, onde a desigualdade e a escassez virtualmente desaparecem. Segundo a visão dos futuristas, o desenvolvimento tecnológico do presente em áreas como inteligência artificial, engenharia genética e nanotecnologia criam condições para o surgimento de uma nova era de abundância, equilíbrio social, econômico e ambiental.
Já a Distopia surge como um dos temas favoritos dos escritores de ficção científica e dos roteiristas de Hollywood e descreve um futuro marcado pela desumanização do indivíduo, degeneração do cenário político e fim das liberdades individuais, colapso social e econômico, aumento das desigualdades e uma degradação profunda e irreversível do meio ambiente. Por mais extremos e catastróficos que estes futuros possíveis possam parecer, para muitos especialistas eles estão alinhados com rumos que o nosso planeta está tomando.
Acontece que o futuro em que vamos viver é muito mais heterogêneo, complexo e ambíguo do que te contaram. Sua forma é definida por uma mistura de ingredientes tanto utópicos quanto distópicos.
Bem-vindos ao mundo da Mixtopia.
Neste mundo uma tecnologia como a Inteligência Artificial pode tem o potencial de dobrar o crescimento econômico global nas próximas duas décadas. Mas, ao mesmo tempo, essa automação e a eficiência associadas à sua ascensão vão tornar uma boa parte da nossa força de trabalho redundante, descartável, o que cria a necessidade da não só da implementação de programas como a Renda Universal Básica para manter essa população viva e funcional, mas o desenvolvimento em experiências cada vez mais imersivas baseadas em realidade virtual, para entreter, distrair e alienar um número cada ver maior de pessoas e manter seu comportamento sob controle – uma versão moderna do Panis et Circensis, o Pão e Circo Romano, desenhado para manter a massa distraída, alimentada e sob controle.
Neste futuro complexo, durante as férias poderemos escolher viajar para o espaço pela classe econômica, executiva ou primeira classe para apreciar a vista a partir de hotéis instalados em estações espaciais girando ao redor do nosso planeta. Se nos sentirmos mais aventureiros, poderemos imigrar para uma colônia em Marte ou na Lua. Mas, se preferir ficar na Terra, pode ter que encarar os desastres ambientais e sociais causados pelas mudanças climáticas, o colapso dos ecossistemas, a morte dos nossos oceanos e as extinções em massa.
É uma realidade emergente onde uma boa parte da população viverá um mundo de extrema abundância e vidas cada vez mais longas, mas seu comportamento será monitorado e controlado por sensores e algoritmos cada vez mais sofisticados, que estão a serviço de uma minoria que não tem nenhuma intenção de abrir mão do Status Quo.
O fato é que a Mixtopia é um fruto do nosso presente onde utopias coexistem com distopias emergentes. Vivemos um mundo onde a riqueza convive com a miséria, onde avanços tecnológicos extraordinários e são vizinhos de realidades ancestrais. Onde tentamos salvar o planeta e, ao mesmo, trabalhamos ativamente – e muitas vezes inconscientemente – para destruir o nosso Pálido Ponto Azul.
O que não podemos perder de vista é que essa realidade “mixtópica” é um trabalho em andamento e que nós somos os agentes da construção dos futuros que aos poucos tomam forma – mesmo que não tenhamos consciência disso. Nosso poder nesta realidade emergente de contradições cada vez mais intensas, está em saber que nossas decisões e ações no presente que vão dar forma ao um futuro que pode pender tanto para o utópico quanto para distópico.
E a pergunta fundamental que temos que fazer nesta batalha titânica entre forças utópicas e distópicas: você vai trabalhar para que a Mixtopia penda para que lado?
Metaverso (Re) Invenção da Realidade
Esse será o tema do próximo encontro da Confraria de Executivos do Instituto Connect, espaço de cocriar conhecimento e trazer mentes instigantes como a do palestrante Gui Rangel, que irá aguçar o debate com os paradoxos do tema da “Modinha” como Metaverso.
Quando falamos acima de distopia ou utopia... qual é a balança nessa temática para o Metaverso?
Há ainda um processo de negação dizendo que é mais do mesmo? Outros surfando na Trend e outros ainda encontrando business reais e se diferenciando no mercado.
Que tal unir-se a discussão e conceber sua própria leitura sobre o tema? Fica aqui o convite a unir-se no próximo encontro, (link da inscrição gratuita). Pois é preciso sair das cápsulas que estamos inseridos e ampliar o repertório executivo de discussão.
A Confraria do Desenvolvimento, promovida pelo Instituto Connect, é um espaço para conexão de executivos de vários segmentos, estados e países, trata-se de uma comunidade de aprendizagens e caminhando em uma jornada de networking, experiências e impacto social.