Estamos em uma época propicia para refletir sobre isso, já parou para pensar o quão potente é o marco do “Ano Novo” em nossas vidas? Há vários estudos sobre isso, alguns remetem a forma de não vermos nossas vidas como “contínua” e sim por capítulos.
No livro “How to Change: The Science of Getting from Where You Are to Where You Want to Be”, ou Como mudar: a ciência de ir de onde você está para onde você quer estar. A autora Katy Milkman traz argumentos intrigantes e sua trajetória como cientista comportamental e professora da Wharton School da Universidade da Pensilvânia fundamentam suas pesquisas. Ao longo de sua carreira, ela trabalhou ou aconselhou dezenas de organizações sobre como incentivar mudanças positivas, incluindo o Google, o Departamento de Defesa dos EUA, a Cruz Vermelha Americana e a Morningstar. Sua pesquisa está presente nos diversos meios de comunicação, como o New York Times, o Wall Street Journal. Atualmente, ela codirige a Behavior Change for Good Initiative na Universidade da Pensilvânia e apresenta o Choiceology, um popular podcast de Charles Schwab sobre economia comportamental.
“Segundo sua pesquisa e baseado na psicologia sobre como as pessoas pensam sobre a passagem do tempo. Ela aprendeu que, em vez de perceber o tempo como um “continuum”, tendemos a pensar em nossas vidas em "episódios", criando marcos de história a partir de incidentes notáveis, ou capítulos, de nossas vidas. Um capítulo pode começar no dia em que você ingressa na faculdade ("os anos da faculdade"), outro no seu primeiro emprego ("a era da carreira"), casamento, outro no seu quadragésimo aniversário, aposentadoria e ainda outro no início de um novo ano ou milênio.”
Se fizermos uma linha do tempo, é perceptível que esses marcos estão presentes de forma consciente ou não, inclusive fundamentam nossas escolhas e valores, todos sabem que o que priorizamos no início da carreira profissional vai se moldando com novos fatores, entre eles família, qualidade de vida, interpretação de “sucesso” e a forma com que nos relacionamos na equação vida x propósito x trabalho.
Há outros grandes marcos em nossas vidas, há pessoas que já passaram o risco de perder a vida, ou grande perda familiar, nascimento de filhos, mudar de país etc. Cada acontecimento traz uma carga emocional diferente e as vezes pode significar uma grande mudança.
Lousa em Branco – O poder das suas escolhas
“Eu sou quem eu sou hoje por causa das escolhas que eu fiz ontem”
Steven Covey
Para Katy a ideia de que o início de um novo capítulo da vida, por menor que seja, pode dar às pessoas a impressão de uma lousa em branco. Esses novos capítulos são momentos em que os rótulos que usamos para descrever a nós mesmos, quem somos e o que estamos vivendo mudam, obrigando-nos a mudar com eles.
Passamos de "estudante" a "profissional"; "locatário" para "proprietário"; "solteiro" a "casado"; "adulto" para "pai"; "habitante dos anos 90" a "habitante do século XXI", tudo ao apertar um botão. E os rótulos são importantes para o nosso comportamento.
Quando somos rotulados de "líderes" (em vez de liderados), "empreendedores" (em vez de funcionário) e "Aprendizes", (em vez de professores) isso influencia como agimos, não apenas como nos descrevemos.
Pode parecer superficial, mas quando pensamos em “Sermos líderes”, o rótulo de sermos responsáveis em atingir resultados, inspirar, sermos comprometidos, liderar etc. implacavelmente virá junto... e isso de certa forma norteia ao perfil ideal que imaginamos à um líder. O mesmo acontece com a maternidade/paternidade, o rótulo de amar, cuidar, proteger, guiar vem junto com esse novo “papel”. Ou seja, sempre estamos rotulados de algo e replicamos uma serie de hábitos, atitudes e comportamentos esperados por esse papel desempenhado.
A questão importante é: Sabemos de fato quais são os nossos rótulos? Já que a repetição de nossos comportamentos e escolhas são fortemente influenciados por esses padrões.
É importante pensarmos nisso e incluímos reflexões acerca do novo marco temporal, ou seja, uma lousa em branco para escrevermos novos episódios da nossa história.
Quais rótulos gostaríamos que nos guiasse? Quais escolhas faremos a partir disto?
Mudar? E os riscos?
“Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com frequência, poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar.”
William Shakespeare
No livro “Choose Possibility” escrito pela Sukhinder Singh Cassidy executiva, investidora e empreendedora de empresas tech e com passagens em empresas como Google, Amazon, traz algumas perspectivas diferentes sobre o risco.
“Qual foi as decisões mais arriscadas que você fez na vida? Na perspectiva dela os riscos que tomamos não eram tão grandes assim.”
“Na verdade, a escolha de carreira mais arriscada de todas pode ser a que parece mais segura: não se mexer. O poeta alemão Goethe colocou bem quando disse: Os perigos da vida são infinitos, e entre eles está a segurança.
Não se mexer é provavelmente a estratégia mais arriscada de todas.” A lição geral para as empresas e, na verdade, para todos nós: você precisa crescer (grow) ou simplesmente avançar (go)”.
Não fomos preparados ao longo da trajetória acadêmica ou profissional a corrermos riscos, e na melhor das hipóteses justificamos como “risco calculado”.
E nas nossas vidas? Carreiras? O quão dispostos estamos a renunciar à segurança, status, poder para irmos em busca do nosso “chamado, proposito, realização”, ou seja, o nome que você dê a essa sensação de inquietude.
Relembre ao longo desse ano, seus amigos, familiares, colegas que fizeram mudanças em suas carreiras? Já deve ter ouvido muitos falarem “encerrei um ciclo”, pode até parecer clichê, mas para muitos realmente trata-se de mudança desse episodio das nossas vidas, alguns por coragem própria e preparação, outros porque o destino acelerou esse marco temporal do desemprego ou necessidade de mudar, mas por caminhos diversos vários deles mudaram... e quem não mudou?
Não há problema algum não mudar, mas com certeza, para estar se sentindo realizado algo diferente você acrescentou na sua rotina.
Incrementar ampliando a rede de amigos, temas que gostaria de aprender, novos projetos, o legado que gostaria de deixar ou a sua marca que almeja imprimir...
Para Christina Hutchinson, membro da Confraria de Executivos do Instituto Connect, fazer parte de uma comunidade de aprendizagem e novas conexões tem sido um grande diferencial.
“As conexões permitem crescer pessoalmente e profissionalmente, é uma constante fonte de aprendizagem e autoconhecimento. Acredito que o poder das conexões está no senso de comunidade que construímos. Não se trata apenas de construir uma rede de networking, mas uma oportunidade de desenvolver maior empatia, aprender a ouvir e debater novas ideias. Ampliar nossa capacidade de inovar.
Várias tecnologias facilitaram e criaram distintas formas de comunicação nos permitindo conectarmos de qualquer lugar e em qualquer momento. Mas, corremos o risco de nos isolar e temos que nos policiar pois é comprovado os benefícios que uma boa conversa e novas conexões podem nos trazer em nosso cotidiano. Afinal, não há nada como uma boa conversa e um bom café!”
Que nesse novo capítulo da sua história, você possa ser protagonista, escrever cada linha desse novo ciclo com a intensidade de quem viveu e aproveitou a jornada. A lousa branca é mais uma oportunidade de fazermos novos começos.
Que a leveza e sabedoria de boas escolhas esteja presente nessa caminhada e que sempre tenha consigo boas conexões que possam ajudá-lo a colorir essa jornada.
Silvana Pampu – Founder do Instituto Connect | HR na Renault|Conselheira |Escritora e apaixonada por conexões e filosofia de lifelong learning – Eternos aprendizes
Christina Hutchinson – Membro da Confraria de Executivos do Instituto Connect, Executiva, Conselheira e avida por aprendizagens e trocas.
A Confraria de Executivos, promovida pelo Instituto Connect, é um espaço para conexão de executivos de vários segmentos, estados e países, trata-se de uma comunidade de aprendizagens e caminhando em uma jornada de networking, experiências e impacto social.