Felicidade. Esse deve ser um dos principais sentimentos que os lares devem inspirar depois da pandemia de Covid-19, de acordo com o diretor da Interprint Itália, Maurizio Burrato. “Vivenciamos o lockdown no ano passado e, quando você é obrigado a ficar em casa por semanas, se você não gosta desta casa, você fica infeliz”, afirmou Burrato em live realizada no último dia 10, em parceria com HAUS sobre o Salão do Móvel de Milão de 2021.
“Esperamos não ter que ficar em casa no futuro, porque foi uma tragédia, mas, de qualquer forma, criar felicidade ao nosso redor é muito importante”, completou o diretor da Interprint Itália, que participou do evento realizado entre 5 e 10 de setembro, depois de um cancelamento em 2020 e um adiamento em 2021.
A questão da felicidade surgiu enquanto Burrato comentava as tendências para as cozinhas que identificou no evento. Conforme ele, o ambiente deve aliar a alegria à elegância e à leveza. Para isso, o mobiliário vai combinar estruturas de metal com vidro, que pode ser tanto transparente (incolor ou bronze) quanto translúcido. Materiais como madeira, pedras e laca aparecem em cores neutras, principalmente cinzas, com detalhes coloridos em tons pastéis.
Outra tendência é que as cozinhas assumam cada vez mais o papel de “coração da casa”, sendo fundamentais para a socialização, principalmente em culturas como a brasileira e a italiana, nas quais as pessoas se reúnem para compartilhar refeições. “A cozinha é, então, um espaço social e coletivo, e terá mesas maiores. Muito mais do que os livings, a cozinha será onde nossa vida social vai acontecer no futuro”, disse Burrato.
Verde, laranja e outras cores
Se na cozinha, os tons de cinza e cores neutras devem predominar, em outros ambientes haverá mais cor, principalmente o verde, proveniente da presença de plantas dentro e fora de casa, e o laranja, principalmente em um tom mais terracota, assemelhando-se à terra mais avermelhada.
“O verde dentro de casa está confirmado. Havia muitas plantas e folhas nos interiores, integrados aos móveis ou sobre os papéis de parede. Ele brincava com um belo laranja, porque - não esqueçamos - laranja e verde são cores complementares, então combinam-se perfeitamente e inspiram calma, natureza e aconchego”, contou Burrato.
Apesar do protagonismo dessas duas cores, outras também apareceram repaginando modelos de móveis já conhecidos. “Do ponto de vista do design, não houve nada muito novo e por motivos muitos práticos: a indústria moveleira, inclusive no Brasil, cresceu muito nos últimos 12 meses, então os fabricantes não investiram em novos modelos, porque estavam muito ocupados abastecendo o mercado”, explicou. Só na Itália, o crescimento foi de 82%.
Em termos de cor - que também remete à ideia de alegria e felicidade -, uma exposição que chamou a atenção foi a da marca francesa Hermès, que criou uma experiência sensorial para apresentar sua nova coleção de objetos decorativos. Apesar do deleite visual provocado pela mostra, o objetivo principal da Hermès era celebrar a textura e mostrar que a coleção é feita para ser tocada.
Reconexão com pessoas
Além de comentar as tendências que observou durante o evento, Burrato falou sobre a importância da realização da mostra de uma forma segura depois de a Itália ter sido o primeiro epicentro do mundo ocidental da pandemia de Covid-19.
“Sabe o que experimentamos pela primeira vez em dois anos? Apertar as mãos de outras pessoas. Parece estranho ou bobo, mas pudemos fazer isso pela primeira vez durante o Salão. É fantástico! Estamos recuperando a dimensão humana do nosso negócio”, disse.
Para que isso fosse possível, além de uma melhora na situação da pandemia, foi necessário reduzir o tamanho das mostras e instituir um sistema de controle de pessoas chamado Green Pass, que garantia que os participantes estavam vacinados e testados.