Desde o início da pandemia, periodicamente, a equipe brasileira da Interprint, fabricante de papéis decorativos para revestimento de painéis de madeira, reúne seus clientes virtualmente para um bate-papo sobre nosso modo de morar e a relação entre o design e as transformações que ocorrem na sociedade. Cada encontro do chamado What’s Popping tem um tema, que é introduzido pelo time da Interprint e depois discutido pelos participantes.
Os objetivos do evento passam por conectar os integrantes da cadeia do design de interiores e pensar o design para além do aspecto final de produtos, mas também por começar a construir hoje o futuro do morar e, consequentemente, o futuro do design de móveis e de interiores.
“Precisamos pensar onde queremos chegar e que futuro esperamos, inclusive para o nosso produto, a nossa empresa e a nossa carreira. Claro, não conseguimos controlar o que vai acontecer, mas precisamos tomar algumas atitudes hoje, pensar no futuro hoje”, afirma a designer de produtos da Interprint Carolina Vitola.
Se, por um lado, os processos inovadores nas áreas de arquitetura e design contribuem para reflexões sobre como queremos viver futuramente, como destaca Carolina, por outro, fazem com que empresas que se preocupam com futuro e inovação se tornem mais competitivas diante dos concorrentes.
“O ideal é estar sempre um passo à frente, é não esperar o consumidor solicitar algo, mas, sim, identificar o desejo dele antes mesmo de ele pedir algo. E, para isso, olhar para o futuro é fundamental. Precisamos pensar em como vai ser o consumo num prazo curto, médio e longo, para termos mais tempo para nos organizarmos”, diz o head designer da Kappesberg, Mateus Conceição.
Pesquisa: de olho em todos os segmentos
Seja para criar novas coleções ou pensar sobre como serão nossas casas num futuro distante, a inovação é um processo que depende de referências e análises de tendências. Isso significa que ela se baseia em uma ampla gama de informações, as quais podem ser obtidas, por exemplo, por meio de pesquisa.
“Na pesquisa de tendência de consumo, você tem que olhar para todos os lados. Na minha equipe, iniciamos com o macro, ou seja, pesquisas internacionais, e vamos até o micro, olhando para o Brasil e a nossa própria região. Observamos feiras e eventos voltados para arquitetura e design, mas também tudo que tem grande influência sobre as pessoas, como eventos de música, festivais, moda, etc.”, conta Conceição.
Carolina explica que é esse processo de análise do que está acontecendo em diversos segmentos que permite que um entendimento sobre o que pode vir por aí se forme e reforça: “Não é porque alguém trabalha no mercado financeiro, por exemplo, que não precisa se atentar aos hábitos de alimentação, saúde e lazer das pessoas, afinal comportamentos se inter-relacionam quando pensamos em inovação”.
Os profissionais destacam também a importância de se observar comportamentos e manter o foco nas pessoas. “Os móveis - e os produtos em geral - têm que facilitar um comportamento do consumidor, não é o consumidor que tem que se adaptar ao móvel. Então, temos que entender como isso vai ser nos próximos anos”, afirma o designer da Kappesberg. Ele exemplifica falando sobre o tamanho dos imóveis no futuro, que devem ser pequenos, o que implica em móveis também menores e multifuncionais, adaptando-se ao espaço e às necessidades dos clientes.
Interação e trocas de informação
A designer da Interprint também destaca outra prática essencial para a inovação: a interação com outros atores para a troca de informações. Neste caso, é importante que as trocas aconteçam tanto entre quem integra um mesmo setor, como acontece no evento What’s Popping, da Interprint, quanto por quem não está diretamente ligado a ele.
Isso significa abrir-se também para o diálogo com os consumidores, permitindo que eles atuem como co-criadores de produtos e serviços. “Criamos a coleção de madeiras nativas, inspirada nas madeiras brasileiras que são referência em nossa cultura, e fizemos isso em parceria com nossos clientes. Quando começamos a conversar com eles sobre a coleção e a perceber que algumas madeiras existiam na memória deles, resolvemos convidá-los para participar das etapas de desenvolvimento do produto desde os processos iniciais, como a escolha da lâmina, definição de desenho e cores, etc.”, exemplifica Carolina.