Foi buscando resgatar o contato com a natureza, as nossas origens e tudo aquilo que de fato é importante para nós que, em meio à pandemia e às angústias geradas por ela, começamos a repensar nossas casas - e a mudá-las.
Esse movimento se refletiu em tendências de arquitetura e design - tendências essas que foram reunidas em um estudo pela equipe da Interprint, fabricante de papéis decorativos que revestem móveis e pisos, e resumidas em uma expressão: “simplicidade arcaica”.
“A simplicidade arcaica é a grande macrotendência que mostra que a nossa resposta a esse período difícil é uma busca por conexão e por trazer aquilo que já conhecemos de volta para nossas vidas”, explica a designer de produtos da Interprint, Carolina Vitola.
Retorno à natureza
Conforme a designer, esta macrotendência é composta por três movimentos principais que, por sua vez, se relacionam a tendências menores. O primeiro é o retorno à natureza, com o fortalecimento da biofilia no âmbito da arquitetura e do design.
Além de se tornar evidente a partir da maior presença de plantas dentro de casa e do uso de materiais naturais - ou aqueles inspirados neles - com suas características mais orgânicas e aspecto mais cru, esse movimento também se materializou por meio dos limites difusos, da neoestética rústica e do uso mais intenso de pedras.
“Temos mais vidros entre os ambientes internos e externos e não há separação clara entre o que é um mobiliário de varanda e o que é de living, por exemplo. Por isso os limites são difusos”, diz Carolina.
Já a rusticidade recupera a ideia de que a vida no campo é mais calma e provoca uma sensação maior de tranquilidade, mas aparece combinada com linhas mais modernas e contemporâneas. “Um metalizado combinado a uma madeira super rústica”, exemplifica a designer.
Por fim, as pedras aparecem em seu aspecto mais bruto e com toques cada vez mais avermelhados. Para Carolina, desta forma, elas contribuem para a renovação do conceito do que é industrial.
Retorno às raízes
A busca por restabelecer a conexão com as nossas origens passa, conforme o estudo da Interprint, por recuperar heranças de gerações anteriores e abraçar a autenticidade, mas também por retornar ao toque humano, que perdemos durante a pandemia - e nos fez falta!
Para isso, resgatamos a ideia de celebrar a simplicidade e dedicar tempo a atividades manuais tradicionais do cottage core - assim como os tecidos naturais, como o algodão e o linho, e as estampas florais, que se destacam neste estilo.
Da mesma forma, seguindo a estética grandmillennial, recuperamos o clima de casa de vó e demos a ele um toque mais moderno. “Misturando estampas florais com uma peça de design ou uma obra de arte”, diz Carolina.
Ao mesmo tempo, tentando promover uma sensação maior de relaxamento e bem-estar, principalmente a partir do confinamento e do uso excessivo de telas, voltamos a nos inspirar na neutralidade dos ambientes mediterrâneos. “É uma estética que explora muito os brancos neutros, o terracota, e que tem ambientes amplos e limpos. Há uma textura na parede, mas sem muita informação”, explica a designer.
Retorno ao essencial
“Para nos reconectarmos conosco nos cercamos de objetos e decorações que façam sentido para nós e passamos a optar por cores mais leves e mais suaves, por formas de armazenamento mais inteligentes e focadas no que importa”, diz Carolina.
Com isso, uma tendência que ganhou força foi o coccooning, que aposta na criação de espaços confortáveis que promovam o relaxamento e ofereçam experiências sensoriais. Assim, objetos arredondados e fofos ganharam espaço, assim como tecidos aveludados.
Outros estilos que se fortaleceram foram o novo minimalismo - que já não se relaciona tanto com a ideia de assepsia e atualmente conta com cores, tornando mais “caloroso” - e o Japandi, que, apesar da paleta de cores clara, trouxe ainda mais cores para ambientes minimalistas.