Painéis de madeira revestidos com laminado melamínico decorativo - ou simplesmente painéis melamínicos - fazem parte do nosso dia a dia, revestindo pisos e estruturando móveis em nossas casas e nossos espaços de trabalho. Aos poucos, porém, eles vêm assumindo outra função nesses ambientes: a de revestir paredes, portas e até o teto.
“É uma aplicação diferente da melamina, mais arquitetônica. Podemos cobrir grandes áreas em diferentes espaços, de diferentes maneiras, quaisquer que sejam os padrões dos painéis”, explica a designer da Interprint Isabel Cristina Restrepo.
De acordo com o arquiteto da equipe de desenvolvimento de produto da Todeschini Felipe Romagna, esse tipo de revestimento já vem aparecendo em projetos há algum tempo, mas de forma tímida - o que está mudando. “No último ano ou ano e meio, isso se intensificou muito. E aí, as pessoas vão vendo, o consumo aumenta, então, a demanda vem crescendo bastante”, conta.
Em projetos residenciais, os revestimentos vêm sendo usados com mais frequência em quartos e nas salas de estar e jantar, embora também deem mais vida e personalidade a halls de entrada. Ainda que seja possível revestir todas as áreas verticais, Isabel explica que, em geral, a cobertura é feita sobre aquelas que são de destaque - ou que se deseja destacar.
“Em um quarto, o protagonismo é da cabeceira da cama, porque quando você entra no quarto é o primeiro lugar para onde olha”, exemplifica. Nas salas de estar, ele seria de paredes em que ficam a televisão ou a lareira. Nas da jantar, conforme a designer, costuma-se destacar a parede em que fica o buffet. Além de chamar a atenção para as áreas que recobrem, os revestimentos com painéis, por serem feitos a partir da madeira, tornam os ambientes mais acolhedores.
Ao mesmo tempo, os painéis melamínicos também podem ajudar a criar unidade estética. Neste caso, podem ser usados não com o intuito de destacar, mas, sim, de disfarçar elementos. “Hoje há um desejo muito grande por essa unidade - e se eu tenho a possibilidade de aplicar o mesmo revestimento do móvel na parede, eu posso criá-la, inclusive mimetizando as portas de passagem de ambiente, seja de um closet, de um lavabo, de uma sala para a cozinha”, conta Romagna.
Espaçamento
Para revestir as paredes, é possível trabalhar apenas com a justaposição de painéis lisos. Porém, de acordo com os profissionais, brincar com as possibilidades que o material traz pode ser mais interessante e criar efeitos que agreguem mais ao ambiente.
Uma das alternativas é usar um espaçamento vertical entre os painéis, que podem ter larguras diferentes. Além de contribuir para o próprio trabalho do material, que precisa de espaço para dilatar e contrair, é possível usar os espaços para adicionar detalhes ao revestimento, como perfis metálicos ou fitas de LED, que dão toques de elegância e sofisticação aos ambientes.
Isabel explica que isso é feito a partir da combinação de chapas de duas espessuras, uma mais grossa usada como base, estruturando o revestimento, e outra mais fina encaixada sobre a primeira, que de fato fica aparente. O encaixe leva em consideração a largura das partes e cria os vãos entre elas.
Outra possibilidade é trabalhar tanto com espaçamento vertical quanto horizontal. “Nesse caso, posso brincar com os formatos, cortando retângulos ou quadrados, e variar a direção dos veios. O que é bonito nessa aplicação é soltar a criatividade, brincar com os tamanhos e com os veios, combinar materiais”, diz a designer.
Mesmo podendo ser adequado a qualquer tipo de ambiente, o revestimento com espaçamento em ambas as direções é especialmente recomendado para aqueles em que o pé direito é mais alto do que os painéis. Nestes casos, os vãos horizontais ajudam o material a cobrir toda a área sem que seja necessário fazer emendas.
Ripas, treliças e outras opções
O revestimento também pode ser feito com painéis ripados. “As ripas podem ser personalizadas em dimensão e provocar efeitos diferentes. Quanto mais juntas, mais delicado; quanto mais afastadas, maior a sensação de volumetria”, explica Romagna.
Conforme Isabel, para criar esse efeito também são usadas duas chapas, uma que estrutura o revestimento e outra que recobre a primeira. “É mais custoso, porque tem mais material e mais mão de obra”, diz a designer. Por outro lado, o resultado é bem diferente do uso comum da melamina, o que confere protagonismo e elegância à parede.
Além disso, de acordo com o arquiteto da Todeschini, é possível criar painéis com treliças que se assemelham ao muxarabi. Já a designer cita a possibilidade de fazer molduras em painéis lisos, o que também cria um efeito único quando eles são posicionados lado a lado.
Padrões e combinações
A variedade de padrões de melamina disponíveis no mercado permite que os painéis sejam usados para revestir paredes em uma série de projetos diferentes, para espaços diversos e com finalidades específicas. A Interprint, por exemplo, trabalha atualmente com centenas de padrões que remetem a materiais como madeira, pedras, cimentados, etc. Os designs podem ser usados sozinhos ou combinados entre si, seja como elementos que se complementam ou se contrastam.
A diversidade de padrões também permite que os painéis substituam os materiais nos quais eles são inspirados: ao invés de usar pedras naturais para recobrir a parede, por exemplo, é possível criar o mesmo efeito com os melamínicos. As vantagens, nesses casos, são a facilidade de instalação e os menores custos.
