A terapia cognitivo-comportamental é o principal paradigma da psicologia no cenário atual — sendo considerada o padrão-ouro para tratar a maior parte das queixas dos pacientes. Porém, você já ouviu falar na terapia do esquema? Esse modelo, criado pelo psicólogo estadunidense Jeffrey Young a partir de conhecimentos da TCC pode ser um ótimo acréscimo à sua carreira e, claro, para os tratamentos dos seus pacientes.
A terapia do esquema foi desenvolvida, primeiramente, para tratar de problemas mais graves, como os transtornos de personalidade. Mas ela também tem se mostrado eficaz em diversas questões crônicas, como depressão ou problemas interpessoais.
A psicóloga Cristiana Almeida, professora do curso de terapia do esquema do IPTC – Instituto Paranaense de Terapias Cognitivas, fala sobre a TCC de forma respeitosa, destacando que tal abordagem foi sua porta de entrada para a psicologia clínica. Mas ela conta que com a TE, os psicólogos podem ir além, com ferramentas poderosas para lidar com problemas mais graves.
A seguir, nós explicamos um pouco mais sobre como essa abordagem trabalha — e o que os alunos-psicólogos podem aprender no curso.
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A terapia do esquema como complemento à formação do psicólogo
Como a professora Cristiana Almeida destaca, a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) se mantém como o padrão-ouro para uma gama muito grande de tratamentos, sendo bastante efetiva naquilo que se propõe. Mas a terapia do esquema — que inclusive surgiu do trabalho de Jeffrey Young com a TCC — pode ser mais efetiva nos casos onde outras abordagens não conseguiram resultados expressivos.
"Jeffrey Young observou que alguns pacientes compreendiam o processo terapêutico e até demonstravam intenção de melhorar. Mesmo assim, não conseguiam mudar de forma mais profunda e permanente algumas questões de suas vidas. Em especial quando essas questões eram mais graves, como transtornos de personalidade ou problemas crônicos", explica a especialista.
Cristiana nos conta que o pensamento da terapia do esquema é, justamente, ir além — isto é, aproveitar os aspectos mais positivos da TCC e de outras abordagens para criar um método de terapia integrativo.
Mas ser integrativa não significa que a terapia do esquema não tem um método bem definido. "Ela traz esses conhecimentos de maneira sistematizada e de uma forma clara, tanto para os pacientes, quanto para os profissionais, e sem deixar de ser absolutamente profunda", resume a professora Cristiana Almeida.
Mas afinal, o que são os esquemas e como esse foco auxilia os pacientes?
Em resumo, a terapia do esquema busca identificar padrões cíclicos de pensamento, emoção e comportamento disfuncionais. Então, os relaciona aos problemas apresentados no presente e busca compreender suas origens no passado. Afinal, muitos desses esquemas são mesmo estabelecidos durante a infância — eles podem ter sido úteis em algumas situações, porém se tornaram padrões disfuncionais na vida adulta.
Com esse conhecimento, o paciente e o profissional podem delinear um tratamento, focando na quebra desses ciclos e no desenvolvimento de padrões mais saudáveis.
Além disso, a professora Cristiana afirma que a terapia do esquema ajuda a fazer uma leitura mais objetiva sobre o paciente e sobre o caso, com explicações muito lógicas. Nesse cenário, o psicólogo utiliza conceitos da neurociência, questões do desenvolvimento e temperamento, entre várias outras teorias e técnicas.
Os desafios da terapia do esquema e a importância da formação
Cristiana relata que a sua primeira especialização foi em Terapia Cognitivo-Comportamental — inclusive, cursada no IPTC – Instituto Paranaense de Terapias Cognitivas. Lá, ela já teve uma formação mais ampla, com alguns módulos contextuais, que incluíram a terapia do esquema.
"Desde então, do meu segundo ano da pós, eu já sou terapeuta do esquema. A minha leitura e meu entendimento dos pacientes acabam sendo por essa abordagem", pondera Cristiana.
Ela se descreve como uma apaixonada por essa abordagem e brinca, dizendo que os colegas a consideram uma "pregadora" da terapia do esquema. Mas essa paixão tem um motivo muito racional: a efetividade e a potência da abordagem no tratamento dos pacientes, inclusive nos casos mais graves.
"Tem mais terapeutas que precisam desses conhecimentos, para que mais pessoas possam ser beneficiadas por aquilo que a terapia do esquema pode oferecer", afirma a professora.
Mas é lógico que a atuação nessa área também apresenta desafios — que o curso de terapia do esquema ajuda a transpor. Um dos principais é entender se, com essa especialização, o perfil dos seus pacientes no consultório poderá mudar, e você atenderá pessoas com contextos de vida mais graves, com histórias mais difíceis e problemas crônicos. Por isso, o tratamento pode ser mais longo.
Nesse contexto, o profissional precisa diminuir as cobranças por avanço sobre os pacientes e sobre si mesmo. Além disso, a terapia do esquema acaba trabalhando muito mais com as emoções do que outras abordagens, o que também exige um preparo emocional do próprio terapeuta.
Mas por mais que a terapia do esquema volte à infância e tenha um processo mais longo, ela ainda é uma terapia cognitiva, com um processo estruturado e um programa de tratamento a ser seguido. "Equilibrar esses aspectos acaba sendo o mais difícil", pondera a professora.
Mas para auxiliar nisso, o curso de terapia do esquema do IPTC oferece uma grade curricular ampla, além de oficinas de técnica vivencial e supervisões clínicas. Assim, o aluno-psicólogo poderá se preparar para auxiliar seus pacientes mesmo nas questões mais urgentes.
A professora Cristiana afirma que o curso é indicado para pessoas que acreditam na ciência e na possibilidade de melhora dos seus pacientes. De modo geral, a especialização em terapia do esquema é indicada para pessoas que entendem a TCC como uma abordagem de ponta, mas também estão disponíveis e dispostas a buscar mais informações para ir além dela.
Cristiana conclui descrevendo a terapia do esquema como um restaurador de esperança. "Ela é uma prática que tanto dentro do consultório, como na pessoa, é muito emocionante e muito mobilizadora", afirma a professora.
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