Existe um vocabulário próprio no mundo dos vinhos. Algumas das expressões são intuitivas e “emprestam” o significado literal da palavra, como refrescante, suave ou prolongado, por exemplo. Outras, porém, requerem um pouco mais de informação sobre o assunto.
A grande sacada é não ter vergonha de pesquisar ou perguntar, pois é assim que se avança no mundo dos vinhos — além, é claro, de colocar em prática a arte de degustar.
Com a proposta de investir em conhecimento teórico e prático, separamos algumas questões para responder: “qual a diferença entre...”, relacionada a cinco aspectos do mundo dos vinhos. Confira!
Vinho seco e vinho doce
Denominar um vinho como seco é um termo técnico que indica que todo o açúcar da uva foi transformado em álcool, ou seja, não há açúcar residual perceptível ao paladar depois de finalizado o processo de fermentação (relembrando: açúcar + levedura = álcool, CO2 e calor). Como toda fruta, a uva possui açúcar natural e, neste processo descrito, estes açúcares (chamados frutose e glicose) transformam-se em álcool etílico. Se ainda houver açúcar residual, o vinho será acompanhado pelo termo meio seco, demi sec, doce, etc., a depender da quantidade restante e da legislação vigente no país.
Para degustar um vinho seco, nossa dica é o tinto Bom Juiz Reserva DOC Alentejo, queacabou de receber a Medalha de Ouro no Concurso Mundial de Bruxelas 2021 (para a safra 2017, disponível no Brasil). Elaborado com as uvas Aragonez, Alicante Bouschet e Syrah, estagia por 18 meses em barrica de carvalho francês.
Enófilo e enólogo
Enófilo somos todos que adoramos essa bebida maravilhosa que é o vinho. Já os enólogos são os responsáveis pela nossa satisfação a cada rolha sacada. Eles cuidam dos vinhedos, escolhem o estilo, decidem a tipicidade, produzem o vinho e garantem qualidade para a bebida atravessar fronteiras e chegar a sua mesa.
Para degustar, um exemplar elaborado pelo famoso enólogo João Portugal Ramos, Tons de Duorum tinto, no Douro, uma das mais belas regiões vitivinícolas do mundo.
Este vinho leva na composição as uvas Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz, e amadurece durante seis meses em barricas de carvalho francês. Elegante e equilibrado, apresenta aroma de frutas vermelhas maduras e leve toque floral.
Velho e Novo Mundo
Didaticamente, divide-se em Velho e Novo Mundo para dizer de onde um determinado vinho provém. Velho refere-se aos países onde se originou a viticultura, como França, Itália e Espanha, por exemplo.
São chamados países do Novo Mundo aqueles que tiveram a cultura do vinho estabelecida por colonizadores, como Chile, Austrália, Nova Zelândia, Califórnia e África do Sul.
Para degustar, um clássico do Velho Mundo elaborado em Bordeaux, o Le Clos de Reynon tinto. Este tinto, produzido pela Domaine Denis Dubourdieu com a uva Merlot, estagia doze meses em barricas de carvalho francês. Na degustação, aromas frutados e florais com notas de menta e pimenta preta. Em boca é seco, de médio corpo, equilibrado, com taninos macios e de boa persistência.
Tampa de cortiça e de rosca
A tradicional rolha de cortiça é um produto de muitos predicados e, por isso mesmo, uma opção magnífica para vedar vinhos há séculos. Entre suas qualidades, ela é leve, impermeável, elástica, isolante térmico e acústico, muito resistente ao atrito, inodora e insípida. Mas as qualidades dela não anulam as da tampa de rosca ou screw cap, que é simplesmente uma forma de vedar mais econômica e que serve à perfeição para exemplares que serão consumidos em até 5 anos, mais ou menos.
Para os rótulos de longa guarda, aqueles que serão degustados daqui 15, 20 anos ou mais, há justificativa para uma rolha de cortiça. Para os demais, não.
Quer experimentar? Escolha o Céfiro Cool Reserve Pinot Noir, vinho elaborado no renomado Vale de Casablanca, com a uva Pinot Noir. É um exemplar de excelente frescor, com notas de tabaco e canela que dão complexidade ao seu caráter varietal. Uma parte do vinho estagia por seis meses em barricas de carvalho francês.
Degustação vertical e horizontal
Para os que gostam de programar degustações em casa, aqui está a diferença entre uma horizontal e uma vertical. Na horizontal, são servidos vinhos diferentes de uma mesma safra, geralmente de uma mesma uva ou região. Já na vertical, são várias safras de um mesmo vinho, degustadas da mais nova para as mais antigas. Para testar, a dica é o italiano Ceppaiano Violetta IGT Toscana. Elaborado com as uvas Sangiovese (90%) e Cabernet Sauvignon (10%), passa 24 meses em barricas de carvalho francês. Apresenta aromas complexos com notas de frutas, menta, alcaçuz e café torrado.