Equipe da Paresi: a startup realiza diagnósticos gratuitos para entender as ações sociais desenvolvidas pelas empresas| Foto: Divulgação
  • Por Sustentabilidade
  • 28/06/2024 13:04
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O empreendedorismo sustentável no Brasil tem se consolidado como um caminho promissor para inovação e eficiência no uso de recursos naturais. Um estudo da Union + Webster, de 2019, revelou que 87% dos brasileiros preferem comprar de empresas sustentáveis. Além disso, 70% dos entrevistados afirmaram não se importar em pagar mais por isso, demonstrando a tendência de os consumidores recorrerem a organizações que priorizam ações de menor impacto ambiental e maior relevância social.

Um exemplo disso é a Paresi, uma startup que se destaca ao oferecer soluções focadas em mensurar o impacto social dos investimentos feitos pelas empresas. Com uma plataforma que analisa dados de ações e projetos sociais, a Paresi elabora relatórios dentro dos padrões da Organização das Nações Unidas (ONU), GRI e Human Rights Watch (Direitos Humanos). “Queremos que o investimento social privado seja tão simples quanto acender a luz. Enquanto poucos falavam sobre ESG, nós já nos preocupávamos com o impacto social”, afirma Geovana Conti, CEO da Paresi.

A startup realiza diagnósticos gratuitos para entender as ações sociais desenvolvidas pelas empresas e oferece relatórios mensais e anuais de impacto social. Isso permite que as empresas apresentem resultados concretos a investidores e acionistas, demonstrando a transformação gerada pelos seus investimentos. Além disso, a Paresi faz uma curadoria de projetos e oferece um portfólio de ONGs e negócios, ajudando empresas a escolher iniciativas alinhadas aos seus objetivos de marca.

Geovana tem uma longa trajetória no empreendedorismo social e diz acreditar na importância de conectar empresas a iniciativas de caráter social. “São mais de dez anos de experiência e muito trabalho para entender e desenvolver uma solução que permita essas conexões que permitem atingir pessoas e transformar realidades", destaca.

Cenário promissor

O empresário Rodrigo Lagreca tem mestrado em Administração de empresas e trabalha com empreendedorismo sustentável desde 2006. O especialista vê o cenário de startups é promissor. “Eu sou otimista em relação ao que acontece no Brasil, na Europa, em nível global de uma forma geral", afirma. 

O empresário acrescenta que a agilidade das startups, em comparação com as empresas tradicionais, permite uma rápida adaptação e inovação, essencial para a promoção de uma economia mais verde. “As startups conseguem ser muito mais ágeis que as demais organizações, mesmo as de perspectiva tecnológica, por conta da velocidade nos processos de tomada de decisão", comenta. 

Além disso, Lagreca destaca a eficiência das startups em contribuir com a economia local. “São empresas que impactam na economia local de uma maneira bastante prática, em todos os aspectos”, diz. Outra vantagem, segundo ele, é o fato de serem mais inclusivas, mais abertas à contratação de profissionais de grupos minoritários e, ainda, mais flexíveis no cotidiano profissional. 

Inclusão

Mulheres e grupos minoritários têm maior participação societária em startups de impacto| Foto: Pixabay

Dados do relatório do Observatório Sebrae Startups confirmam essa tendência ao revelar uma maior diversidade nas startups sustentáveis em comparação com outros empreendimentos. Enquanto nas empresas tradicionais as mulheres representam apenas 9% das fundadoras, nas startups de impacto elas são 41%. A inclusão também pode ser vista na questão racial, com 35% dos fundadores sendo pretos e pardos, comparado a apenas 24% nas startups em geral, conforme o estudo.

Esse mesmo relatório traz outros dados relevantes sobre o mercado de startups sustentáveis no país. Ao todo, o país conta com 408 destas empresas, número que tem crescido nos últimos anos. Só em 2023, foram criadas 97 startups no setor, 22 a mais do que no ano anterior. 

Os dados da pesquisa mostram que 79% das startups de impacto no Brasil são voltadas para resolver problemas da área ambiental. Além disso, 18,7% delas trabalham com reciclagem e gestão de resíduos; 18,3% buscam reduzir as emissões de gases de efeito estufa e 17,5% tratam do uso sustentável dos recursos naturais.

Compensação

Ecomilhas oferece recompensas aos usuários que optam por modais mais sustentáveis.| Foto: Pixabay

“Não inventamos a roda, só recompensamos quem a usa de forma menos poluente e sustentável”. Esse é o lema da empresa em que Lucas da Silva é CEO, a Ecomilhas. Fruto de um TCC produzido na Universidade de Alberta, no Canadá, a startup propõe um modelo inovador de descarbonização por recompensa ao incentivar o uso de bicicletas, transporte público e veículos sustentáveis, dando incentivos aos usuários que escolherem meios de transportes mais ecológicos. “Buscamos ser um catalisador para a transição de uma economia de baixo carbono”, diz Silva.

A startup atende empresas como iFood, Serasa e Stellantis e, em 2023, registrou mais de 6 milhões de quilômetros percorridos em diversos modais. Além disso, a Ecomilhas auxilia empresas a mensurar e reduzir suas emissões de carbono, oferecendo soluções precisas de geolocalização e incentivando a transição dos colaboradores para modais mais sustentáveis. “Mesmo se reflorestássemos 100% da Amazônia, não conseguiríamos neutralizar todas as emissões das indústrias”, afirma o CEO.

A Ecomilhas também se destaca pela capacidade de engajar os usuários, incentivando a adoção de hábitos mais sustentáveis. “Em 2023, conseguimos evitar mais de 40 mil toneladas de emissões de carbono, demonstrando que pequenas mudanças no comportamento de deslocamento podem ter um grande impacto", comenta Silva.