Quanto maior a capacidade e a eficiência do escoamento, são gerados mais investimentos, empregos e renda para o Estado e o país| Foto: Divulgação
  • Por Sistema Fiep
  • 05/06/2024 11:20
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Melhorar a infraestrutura logística do Paraná vai além de ofertar uma boa estrutura rodoviária, ferroviária e portuária para os produtores paranaenses. Um sistema que propicie melhor eficiência e custos menores também pode impactar diretamente algo que todos buscam: o emprego.

Nos últimos anos, os bons resultados de vários setores da economia do Paraná vêm se refletindo não só no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) acima da média nacional, mas também nos dados relativos ao emprego, que são positivos. Em números absolutos o estado ultrapassou neste primeiro trimestre de 2024 a marca de mais de seis milhões de pessoas ocupadas, o maior patamar da série histórica feira pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e índice de desemprego inferior a 5%. Esses dados deixam o Paraná próximo do chamado ‘pleno emprego’, conceito que indica equilíbrio entre oferta e procura. Ou seja: todos que procuram trabalho acabam encontrando postos sem muita dificuldade.

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Mais da metade desse contingente faz parte da mão de obra formal no setor privado e a indústria tem peso importante nisso. Dados de 2023 do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, mostram que 918,6 mil trabalhadores estavam na indústria (considerando todos os setores industriais e a construção – que o Caged calcula separadamente, mas que também é uma atividade industrial). Na prática, isso representou quase 30% (29,7%) do emprego formal no Paraná, um peso acima da média nacional, de praticamente 25%.

Dentro desse cenário, grande parte (79%) está na indústria de transformação, que transforma uma matéria-prima em produto final ou intermediário – usado em outra indústria –, e o restante na indústria extrativa, ou de serviços de utilidade pública (saneamento, eletricidade, gás e gestão de resíduos), e na própria construção. Dos mais de 750 mil postos de trabalho da indústria de transformação, um terço está na indústria de alimentos.

A instalação do maior frigorífico da América Latina, no final de 2022, em Assis Chateaubriand, no Oeste, representa bem o peso do setor. Com cerca de 37 mil habitantes pelo último Censo do IBGE, o município viu a geração de empregos crescer 769% em 2023, com um saldo de 2.464 vagas (ante 284 em 2022). Isso fez a cidade ser a oitava no ‘ranking de empregabilidade’ do Paraná, à frente de cidades bem mais populosas como Cascavel, Guarapuava, Paranaguá e todas da região metropolitana de Curitiba, com  exceção de Pinhais e São José dos Pinhais.

Essa nova unidade de processamentos de suínos da Frimesa (formada pelas cooperativas Copacol, Copagril, C. Vale, Lar e Primato) está impulsionando o crescimento da Cooperativa Central, que em 2023 cresceu 11% faturando R$ 6,1 bilhões e neste ano prevê faturamento ainda maior, de R$ 7,5 bi. “Três anos atrás eu abatia oito mil cabeças [de suínos] por dia e hoje estamos com 13 mil. O nosso planejamento prevê chegar a 23 mil/dia em 2030. É um horizonte de crescimento até mais acelerado do que tínhamos até agora, na média de 10% ao ano na última década”, diz o presidente da Cooperativa Central Frimesa, Elias José Zydek. 

Em termos de emprego também há essa evolução, pois a própria nova planta de Assis está em seu primeiro de três estágios de produção e a cooperativa planeja ampliar suas exportações. “Seguindo a mesma lógica, há três anos tinha cerca de 10 mil funcionários, hoje são 13,6 mil e a projeção é chegar em 2030 com 16 mil funcionários. Agora, se tiver gargalos [para escoar a produção] eu vou atrasando esse planejamento. É indispensável o avanço na infraestrutura”, relata Zydek, que atualmente já enfrenta algumas limitações.

Praticamente sem usar a ferrovia mais próxima que está a 70km de distância, devido à incompatibilidade do tempo que a carga demora no trajeto dos trilhos até chegar a Paranaguá com sua carga congelada, ele depende das estradas, que já considera um ‘gargalo’ por ter boa parte de seu trajeto em pista simples até o porto. “Outra questão são os pátios de contêineres [em Paranaguá], que constantemente estão lotados, em abril tivemos dificuldade para abastecer navios por falta de espaço nos terminais”, diz.

O presidente da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Edson Vasconcelos, resume bem o dilema. “Quanto maior a capacidade e a eficiência de nosso sistema de escoamento, mais mercados poderemos alcançar, o que se reverte em mais investimentos, empregos e renda para o nosso Estado e nosso país”. Ele cita que nos casos das rodovias, boa parte das obras demandadas está contemplada no novo modelo de pedágios, e que há uma janela de oportunidades sobre as ferrovias com o fim da concessão da Malha Sul em 2027, um momento para entender quais são as dificuldades atuais e o que é preciso ser contemplado em uma eventual renovação dessa concessão ou em uma nova licitação.

“Quanto mais indústria, mais desenvolvimento você tem. Se ela não encontrar condições no Paraná, ela vai para outro lugar, nem que seja para o Paraguai, para escoar pelo Rio da Prata, por exemplo. E você nunca mais recupera esse emprego. Uma vez que você perde a instalação ou a indústria muda, nunca mais se recupera. Supermercado é diferente, se fechar um abre outro no lugar, mas se uma indústria sai, dificilmente abre outra no lugar dela”, completa Vasconcelos. 

O presidente da Fiep ressalta também a qualidade do impacto no mercado de trabalho industrializado, uma vez que a indústria demanda mão de obra com determinado nível de qualificação e paga na média melhores salários, historicamente por volta 30% a mais que o comércio – importante setor que responde por quase um quarto dos postos de trabalho no Estado.

Um levantamento da Fiep com a evolução do número de empregados nas indústrias por diferentes regiões do Estado mostra outra importante tendência: em 2012, quase 74% dos empregos da indústria estavam concentrados na RMC e regiões Norte e Noroeste. Esse percentual caiu para 65% dez anos depois, em 2022, com avanço nos Campos Gerais e, sobretudo, no Oeste, evidenciando uma descentralização na distribuição dos postos de trabalho e de riqueza.

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