Uma pintura nova pode transformar um ambiente e influenciar até mesmo a forma como as pessoas que o frequentam se sentem nele. Porém, na hora de trocar as cores das paredes, para que o resultado tenha qualidade e o efeito seja duradouro, não basta cobrir a tinta velha - e, com ela, quaisquer defeitos e sujeiras - com uma nova: é preciso preparar a parede para a pintura.
“Se você preparar bem a parede, consegue ter um melhor rendimento da tinta e uma boa cobertura, além de não correr risco de, mais para frente, a parede descascar ou ter problema de infiltração”, explica o pintor profissional Arnoldo Schluter. O técnico da Tintas Verginia William Henrique Medeiros concorda: “Não basta investir em uma tinta com alta tecnologia, se não tiver a preparação adequada. Sozinha, a tinta não vai conseguir dar a resistência necessária”.
Isso significa que, muito antes de colocar a mão na massa, é necessário observar a parede a ser pintada para avaliar o estado dela. Manchas de gordura, descascamentos, infiltração e mofo são alguns dos elementos que podem influenciar o resultado da pintura e, portanto, precisam ser identificados e adequadamente tratados antes da aplicação da tinta.
Repintura simples, em parede engordurada ou com descascamento
Quando a parede não apresenta defeitos como os citados, o processo, conforme Medeiros, é simples: basta lixá-la, para deixá-la uniforme, e limpá-la com um pano úmido, para então aplicar as demãos de tinta necessárias.
Buracos e outras irregularidades devem ser corrigidos com massa - corrida, se a parede for interna, e acrílica, se for externa - antes do lixamento. Um fundo preparador pode ser utilizado antes da pintura para uniformizar a absorção de tinta.
Caso a parede tenha manchas de gordura - ou até de graxa -, o técnico em treinamento de vendas da Tintas Verginia Henrique Duílio recomenda uma lavagem com água e detergente para eliminar a sujeira antes de começar o processo de preparo da parede. A gordura é um dos elementos que podem prejudicar a aderência da tinta e, assim, precisa ser eliminada.
Se a situação for de descascamento provocado por má aderência da tinta - e não por infiltração -, é preciso raspar a tinta antiga com uma espátula, removendo as partes soltas, para então partir para o lixamento e a limpeza. “Feito isso, basta passar um fundo preparador de paredes para aglutinar qualquer partícula solta e, em seguida, aplicar a tinta em duas ou três demãos para deixar a parede bonita e com a cor desejada”, diz Duílio.
Vale notar que o preparo não muda conforme o tipo de pintura que se deseja fazer, ou seja, o mesmo processo vale tanto para quem quer passar uma única cor na parede quanto para quem deseja pintar meia parede ou fazer desenhos em tinta. Quando o objetivo é tornar clara uma parede de cor escura, o que muda é que a pintura deve começar com a aplicação de uma tinta acrílica fosca branca, para então a cor desejada ser aplicada.
Dando fim ao mofo
Paredes de ambientes com pouca ventilação ou localizados em regiões muito úmidas podem apresentar outro problema: o mofo. Neste caso, o primeiro passo é removê-lo com água sanitária pura ou misturada à água. “Coloca ela no borrifador, borrifa, deixa agir e passa um pano úmido. Além de limpar, vai matar o mofo”, diz Medeiros.
Uma vez limpa e seca, a parede deve ser lixada e novamente limpa. Os profissionais explicam que é preciso, então, tomar medidas para evitar que o mofo apareça novamente, o que envolve o uso de um aditivo antimofo, seguido da aplicação de uma tinta que tenha antimofo em sua fórmula. É importante que o aditivo esteja seco para prosseguir com a pintura e, conforme Duílio, tintas com ação antibacteriana também podem servir a esse propósito, já que não evitam apenas a proliferação de bactérias.
Para resolver as infiltrações
Quando o problema é infiltração, o processo é mais complexo, pois o que está permitindo o encharcamento da parede deve ser solucionado antes da pintura. Conforme Medeiros, as infiltrações costumam ter duas origens: a chuva que penetra pela parede externa e a umidade do solo.
“No caso da chuva, o tratamento deve ser feito na parede externa, com aplicação de uma tinta que tenha elastômero na sua formulação, que são as que não deixam a água passar”, explica o profissional. Se já houver descascamento ou esfarelamento, antes da aplicação da tinta elastomérica, a parede deverá ser raspada e coberta com fundo preparador - processo que também deverá ser seguido do lado de dentro sempre que houver infiltração.
A infiltração originária do solo, por sua vez, pode requerer a remoção do reboco da região afetada para que a parede possa ser impermeabilizada com argamassa polimérica. A partir disso, será necessário fazer o acabamento da parede novamente, com selador acrílico e massa corrida, para depois fazer o lixamento, a limpeza e a pintura da superfície.
Outra saída - mais rápida, porém menos duradoura - é remover as partes soltas com uma espátula, aplicar o fundo preparador de paredes com diluição variando entre 30% e 70% e fazer os retoques necessários com massa, antes de lixar, limpar e pintar a parede.