Um dos itens mais populares do Museu Nacional, o dinossauro Maxakalisaurus topai| Foto: Museu Nacional

O incêndio que atingiu o Museu Nacional, um dos maiores e mais importantes do país, destruiu grande parte do seu acervo de mais de 20 milhões de itens. As perdas ainda estão sendo calculadas, mas as imagens dão uma ideia da devastação causada pelas chamas. O acervo continha peças importantes que contavam a história do Brasil e do mundo, acumuladas nos seus 200 anos de existência.

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Conheça alguns dos destaques dessa coleção:

Luzia 

O fóssil humano mais antigo já encontrado nas Américas era uma das principais atrações do acervo do Museu Nacional. Uma das primeiras habitantes do Brasil, a mulher que morreu entre os 20 e 25 anos é chamada de Luzia. Ela viveu entre 11.500 e 13.000 anos atrás. Os remanescentes do esqueleto, o crânio e partes de ossos da perna, foram encontrados na década de 1970, no sítio arqueológico de Lapa Vermelha, em Minas Gerais. A missão arqueológica que encontrou Luzia foi coordenada pela pesquisadora francesa Annette Laming-Emperaire. 

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Os estudos do arqueólogo e antropólogo Walter Neves sobre o fóssil permitiram reformular a teoria de ocupação humana nas Américas durante a pré-história. 

"Estudar Luzia revelou sua importância para o povoamento das Américas e também que não houve apenas uma onda migratória, mas duas", afirmou Neves. "Em termos de primeiros americanos, essa é a coleção mais antiga, são mais de 200 esqueletos, todos de Lagoa Santa. Vendo pela TV é complicado saber, mas acho remota a possibilidade de esse material ter sobrevivido." 

Uma reconstituição da face de Luzia foi feita em 2000. Segundo o Museu Nacional, o rosto é muito parecido com o real, apenas alguns detalhes precisaram ser imaginados: a espessura e a forma dos lábios, a forma das orelhas, da ponta do nariz, os cabelos e a cor da pele, que não tem relação com os ossos. Em casos como esse, os artistas usam os conhecimentos sobre o povo a que pertencia o indivíduo para recriar algo bem parecido.

Meteorito de Bendegó

Descoberto no sertão da Bahia no fim do século 18, o objeto vindo do espaço foi levado para o Rio de Janeiro em 1888 e adornava a entrada do museu, sendo a primeira peça do acervo a ser vista pelos visitantes. Por ser resistente a altas temperaturas, o meteorito em si não parece ter sido afetado.

Afrescos de Pompeia

Pinturas que foram presenteadas ao museu em meados do século 19 pelo rei das Duas Sicílias, Dom Fernando 2º, irmão da imperatriz Teresa Cristina e cunhado de Dom Pedro 2º. Sua proveniência não está 100% estabelecida, mas tudo indica que teriam vindo do templo da deusa Ísis na cidade romana de Pompeia, destruída por uma erupção vulcânica no século 1º a.C.

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Dinossauros brasileiros

Há cerca de 110 milhões de anos, o sertão nordestino era coberto por lagos de águas doces e salobras. Neles viviam animais como dinossauros, insetos, peixes, etc. As águas secaram e deram lugar à Chapada do Araripe, onde ossos desses animais foram preservados pelo terreno calcário. O Museu Nacional tinha vários exemplares desses animais que caminharam pelo território brasileiro milhões de anos atrás.

Megafauna brasileira

No Pleistoceno, há 1,8 milhão de anos, o Brasil era povoado por uma fauna que incluía grandes mamíferos. Preguiças gigantes, tigres-dente-de-sabre e a ave do terror viveram por aqui durante muitos séculos. O Museu Nacional tinha fósseis de 12 mil anos desses animais da megafauna brasileira.

Trono de Daomé

Bela peça em madeira, doada ao então príncipe-regente Dom João 6º em 1811, estava no acervo do museu desde 1818. O presente veio dos embaixadores do rei Adandozan de Daomé (1718-1818), que governava o território com esse nome na África Ocidental, hoje correspondente, grosso modo, à República de Benin.

Egito Antigo

A maior parte do acervo egípcio do Museu Nacional foi comprada em leilão em 1826 por Dom Pedro I. Não há registro sobre a sua procedência, mas acredita-se que tenha vindo da região de Tebas. Outra parte foi comprada posteriormente.

Etnologia indígena brasileira

A Sala da Etnologia possuía objetos expostos que evidenciavam as múltiplas esferas da cultura material indígena e mostravam a sua riqueza. O acervo da etnologia indígena brasileira abrigava milhares de objetos provenientes de diversos grupos situados no território brasileiro, incluindo cestaria, cerâmicas, armas, armadilhas, instrumentos musicais e arte plumária.

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Arqueologia brasileira

Na coleção do Museu estavam exemplos da Cerâmica Tupiguarani, dos habitantes da região de Santarém (sul do Pará), da ilha de Marajó (foz do Rio Amazonas) e Miracanguera (Rio Solimões) da região Amazônica. Além das urnas funerárias, enormes potes onde se enterravam um ou mais indivíduos.

Os artefatos que foram encontrados em sambaquis também permitiram conhecer o cotidiano e a perícia dos povos que habitavam originalmente as terras que hoje são o Brasil, caçadores-coletores que viveram no milênio anterior à chegada dos europeus.

O crânio de Luzia, o fóssil humano mais antigo já encontrado nas Américas, e a reconstituição de seu rosto
O objeto vindo do espaço foi descoberto no sertão da Bahia no fim do século 18
Réplica do dinossauro de 13 metros de comprimento
Animais da fauna brasileira do Pleistoceno, preguiças gigantes e tigres-dente-de-sabre que viveram 12 mil anos atrás no Brasil
Máscara funerária do Período Prolomaico, 304 a.C.
Gato mumificado do Período Romano, I séc. a.C.
Tampa do caixão de Harsiese, XXVI dinastia, cerca de 650 a 600 a.C.
Hori era alto funcionário da hierarquia egípcia, durante a XXI dinastia (cerca de 1000 a.C.). Seu corpo mumificado estava em exposição
Coifa de penas do Grupo Mundurukú
Almofariz com representações de figuras humanas, encontrada na Ilha de São João (PA)
Detalhe de afresco de Pompeia, séc. I d.C.
Detalhe de afresco de Pompeia, séc. I d.C.
Paleontóloga trabalha com o esqueleto de um dinossauro Angaturama limai
No Brasil, os Mesosauridae foram registrados na Bacia do Paraná em sedimentos datados de 299 a 331 milhões de anos, sendo esse exemplar proveniente de rochas do Estado de São Paulo.
A peça estava no acervo do museu desde 1818