O Museu Nacional, que completou 200 anos em junho, abrigava itens de valor incalculável que contavam a nossa história. Tesouros arqueológicos do Brasil, afrescos de Pompeia, centenas de artefatos do Egito Antigo, coleções entomológicas, fósseis. Quase tudo foi destruído pelas chamas de um incêndio de grandes proporções que atingiu o prédio histórico no domingo (2), e que poderia ter sido evitado.
A Gazeta do Povo selecionou os textos que ajudam a contar a história dessa tragédia.
Respostas às principais perguntas sobre como aconteceu a tragédia, a importância do acervo e do prédio histórico e quais serão os próximos passos.
Em coluna publicada em 2010, o jornalista da Gazeta do Povo Fernando Martins já alertava para o risco de destruição no local: “Um incêndio ali talvez fosse ainda mais arrasador para a nossa memória”.
O colunista Gustavo Nogy fala sobre a tragédia e diz que “tudo o que há de ruim no Brasil é anunciado com antecedência. Somos de eficiência alemã no planejamento do fracasso”.
A falta de cuidado com uma instituição tão importante deixou a população estarrecida. Este texto traz números que mostram que o que aconteceu com o Museu Nacional não é fruto do mero acaso, mas sim de uma política deficiente em proteger a história do país.
Essa seleção mostra uma pequeníssima parte do acervo do Museu Nacional, que contava com 20 milhões de itens, e dá uma ideia do que foi perdido.
O meteorito Bendegó, de mais de cinco toneladas, resistiu ao calor da queda pela atmosfera da Terra e também às chamas que destruíram o Museu Nacional. A história do visitante espacial na Terra começa no sertão da Bahia, quando foi encontrado por um rapaz que procurava uma vaca perdida.
Acompanhando a história da devastação do acervo, o Ministério de Antiguidades do Egito pediu que a chancelaria do país prepare um relatório detalhado da condição de artefatos do museu. Uma das coleções mais importantes do Museu Nacional, as 700 peças que remontavam ao Antigo Egito, deve ter se perdido na tragédia.
A destruição do Museu Nacional nos faz lembrar de outros espaços culturais que estão em situação análoga no Brasil, com problemas de natureza política, como falta de dinheiro ou de funcionários, ou de infraestrutura, sofrendo com problemas elétricos, alagamentos e infestações.
Em outros lugares do mundo, os cuidados com o patrimônio cultural são maiores.
O Museu Nacional não gastou nada neste ano para a compra de equipamentos de ou materiais de segurança, de acordo com dados da ONG Contas Abertas.
O colunista Fernando Martins diz que governo, universidade e até servidores têm pelo menos uma pequena parcela de culpa pela tragédia.
Muitos candidatos a presidente comentaram o acidente nas redes sociais. Mas uma minoria tem planos específicos para a área da cultura em seus planos de governo.
Segundo relatos, de 30 a 40 servidores, inclusive aposentados, entraram no imóvel durante o incêndio para ajudar a resgatar peças importantes.
Um protesto realizado na Quinta da Boa Vista terminou com confronto entre manifestantes e guardas civis. Leia os detalhes nesta matéria.
Autoridades temem saques ao precioso acervo que está sob as cinzas.