Quantas vezes você estava em frente à tevê, zapeando, e de repente se depara com um filme que você se sente obrigado a assistir. Mesmo já tendo visto várias vezes, sabendo como termina e com alguns diálogos decorados. Não importa se você marcou de sair com os amigos, precisa terminar aquele trabalho ou já é tarde e você precisa levantar cedo no dia seguinte. Ver aquele filme é uma obrigação.
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Toda pessoa que gosta de cinema tem esse tipo de filme em seu repertório. E, muitas vezes, nem tem a ver com qualidades artísticas ou técnicas. É uma relação particular, que faz com que cada sessão seja uma experiência gratificante.
Fizemos uma seleção de 27 filmes para você ver e rever incansavelmente, dezenas de vezes, sem jamais enjoar.
O Poderoso Chefão (The Godfather, 1972). Francis Ford Coppola
Mesmo quem conhece quase todos os diálogos (“Leave the gun, take the canolli!”) deste clássico absoluto do cinema americano, não resiste a assistir novamente às cerca de 2h30 da saga da Família Corleone construindo a América. O ideal é assistir na sequencia “O Poderosos Chefão II” (1974).
Duro de Matar (Die Hard, 1988). John McTiernan
Seja numa madrugada ou numa manhã de domingo, nenhum outro compromisso consegue superar o ímpeto de assistir à luta do herói solitário, o tira durão e irônico John McLane contra o exército de terroristas de Hans Gruber (Alan Rickman). A versão dublada é a melhor.
Três Homens em Conflito (The Good, The Bad and The Ugly, 1966) , Sergio Leone
Da trilha sonora de Enio Morricone ao trio de protagonistas mais bem construídos da história do faroeste, passando por coadjuvantes impagáveis, roteiro e direção irretocável de Leone, o western spaghetti fundamental é um filme imperdível em qualquer tempo.
Picardias Estudantis (Fast Times ins Ridgemount High, 1982) Amy Heckerling
Quem nunca pensou em pedir uma pizza durante a aula do professor mais mala do colégio como fez o surfista Jeff Spicolli (Sean Penn)? Com um enredo de sexo e angústias adolescentes, embalado pela música dos anos 1980, vale perder uma entrevista de emprego para rever este clássico da sessão da tarde.
Um Tira da Pesada (Beverly Hills Cop, 1984). Martin Brest
Qualquer filme com Eddie Murphy entre o final dos anos 1970 e o começo dos 1990 vale a pena. Este que mostra a atuação do malandro policial de Chicago Axl Fowley ensinando seus colegas patetas de Los Angeles a matar bandidos é a síntese dos anos 1980. Sempre imperdível.
Ladyhawke, o Feitiço de Áquila (Ladyhawke, 1985). Richard Donner
Vale uma regra parecida: Rutger Hauer não fez filmes ruins nos anos 1980. Esta fábula sobre uma maldição romântica em um cenário de clipe de heavy metal é um filme antológico. Mathew Broderick como o pequeno punguista medieval e Michelle Pfeiffer como a donzela que se transforma num falcão estão perfeitos.
Curso de Verão (Summer School, 1987). Carl Reiner
“Eu não sei nada! Eu não sei nada!”. Milhões de estudantes se identificaram com este filme sobre um grupo de péssimos alunos obrigados a fazer recuperação com o professor surfista. Destaque para o aluno que vai ao banheiro na primeira aula e só volta para tirar a maior nota da prova final.
Os Irmãos Cara de Pau (The Blues Brothers, 1980). John Landis
Ray Charles, Aretha Franklin, James Brown, Cab Calloway e todo o panteão da música negra americana são personagens deste musical, em que os irmãos Jake ( Dan Aykroyd) e Elwood (John Belushi) precisam salvar o orfanato em que cresceram. Grandes números musicais e a melhor cena de perseguição da história.
Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida (The Raiders Of The Lost Ark, 1982). Steven Speilberg
É possível rir mais de cem vezes da mesma cena? Daquela em que Indiana Jones abate o espadachim árabe, sim. Inspirado nos seriados de cinema dos anos 1940 e 50, o filme é a maior aventura de todos os tempos. Viciante.
Um Convidado Bem Trapalhão (The Party, 1968). Blake Edwards.
“Quem foi que convidou este imbecil para a festa?”. Na pele do desastrado ator indiano que apavora uma festinha de Hollywood, Peter Sellers protagoniza um momento único que une o pastelão dos anos 1920 ao psicodelismo dos 60 e ainda hoje une gerações para gargalhadas no sofá.
Alta Fidelidade (High Fidelity, 2000), Stephen Frears
Era uma barbada. O livro de Nick Hornby foi favorito de meio mundo na virada dos anos 1990 para os 2000 e deu protagonismo aos viciados em catalogar seus gostos em listas. O ator John Cusack ajudou a adaptar o roteiro e atuou no filme dirigido por Stephen Frears. Jack Black rouba a cena nesta celebração à cultura pop.
Cinema Paradiso (1988), Giuseppe Tornatore
Um conto de infância, amadurecimento e amor ao cinema faz do filme do italiano Giuseppe Tornatore uma obra atemporal e acessível. A fantasia infantil de qualquer cinéfilo, de viver em uma cabine de projeção, é vivida pelo pequeno Totó quando ele fica amigo de Alfredo, que trabalha no cinema da pequena cidade siciliana em que ele mora. A trilha é de Ennio Morricone.
Conta Comigo (Stand By Me, 1986), Rob Reiner
As falas do filme foram usadas pelos criadores de “Stranger Things” para os testes do elenco mirim tamanho o impacto que fez na década em que a série é ambientada. Adaptado de uma história de Stephen King, representou um salto em verossimilhança nas aventuras feitas para o público infantil e fala de temas mais indigestos, sem perder a ternura.
De Volta para o Futuro (Back to the Future, 1985), Robert Zemeckis
O Delorean que desafia o espaço/tempo teve mais duas viagens, mas a primeira parte continua, licença poética à parte, anos-luz à frente das demais. Robert Zemeckis, o diretor, conseguiu fazer uma ficção científica que se admite divertida e que sobreviveu ao teste do tempo. Marty McFly (Michael J. Fox) e o Dr. Brown (Christopher Llloyd) estão entre as principais parcerias do cinema.
Os Excêntricos Tenenbaums (The Royal Tenenbaums, 2001), Wes Anderson
Wes Anderson conseguiu notoriedade além do circuito independente ao reunir um elenco brilhante que interpreta as idiossincrasias de uma família de filhos geniais, mas cheios de traumas causados pelo pai. Royal é um picareta feito com maestria por Gene Hackman. Os figurinos, diálogos e cenografia também são pontos para revisitar.
Feitiço do Tempo (Groundhog Day, 1993), Harold Ramis
Se a ideia é assistir e assistir de novo à mesma história, por que deixar esta, que fala também de repetições, de fora? Bill Murray apresenta angústia genuína quando descobre estar preso em um mesmo e horrível dia, castigo do tempo para que ele mesmo deixe de ser, a exemplo daquele dia de inverno, tão desagradável.
Jovens, Loucos e Rebeldes (Dazed and Confused, 1993), Richard Linklater
O estilo do diretor Richard Linklater (“Boyhood”) já aparecia neste que é um dos de seus primeiros filmes. O título em português realmente não favorece a história que conta o fim do ano letivo para atletas, maconheiros, novatos e primeiros da classe em uma escola texana nos anos 1970, com uma trilha sonora que vai de Nazareth a Foghat. Os diálogos e dilemas são bem mais orgânicos do que qualquer filme adolescente da época. Matthew McConaughey e Ben Affleck fazem pontas.
Peixe Grande e suas Histórias Maravilhosas (Big Fish, 2003), Tim Burton
A relação delicada entre um contador de causos e seu filho cético precisa ser resolvida quando o pai adoece. O passado (vivido por Ewan McGregor) e a velhice (a cargo de Albert Finney) de Ed Bloom, um vendedor carismático, são contados de maneira emocionante por Tim Burton e seus personagens estranhos e adoráveis.
Quase Famosos (Almost Famous, 2000), Cameron Crowe
E se você pudesse viajar com sua banda preferida dentro do ônibus de turnê? Assim é essa espécie de biografia romanceada do diretor Cameron Crowe, que foi repórter da revista Rolling Stone. Os músicos, os fãs, as groupies e as besteiras que humanizam os ídolos são o mote do filme, que tem Kate Hudson em grande papel (que ainda não se repetiu).
Top Secret: Superconfidencial (Top Secret, 1984), David Zucker, Jim Abrahams e Jerry Zucker
A Guerra Fria ainda existia e foi base para uma das bobagens divertidas que Jim Abrahams e David Zucker produziram (dupla de “Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu”, “Corra que a Polícia Vem Aí” e “Top Gang”). Um cantor de rock (Val Kilmer) vai se apresentar na Alemanha Oriental e se apaixona por uma bela líder da resistência. Sobra paródia até para “A Lagoa Azul” e os filmes de Elvis Presley.
Cidade de Deus (2002), Fernando Meirelles
Um dos melhores filmes brasileiros da história, não tem apenas uma narrativa vibrante e sequências incríveis de ação. Tem também algumas das frases mais memoráveis da cinematografia nacional, impossíveis de não serem repetidas depois de algumas sessões.
Os Garotos Perdidos (The Lost Boys, 1987), Joel Schumacher
Chamar “Crepúsculo” de filme de vampiro é uma ofensa aos verdadeiros representantes do gênero. Nada de adolescentes emo preocupados com seus crushes, aqui o negócio é acabar com as criaturas que querem sangue, escondidas sob a pele de motoqueiros com roupas de couro.
Um Peixe Chamado Wanda (A Fish Called Wanda, 1988), Charles Crichton
Comédia boa, de verdade, é aquela que você vê, revê, decora as piadas e gargalha delas mesmo depois de ver/ouvi-las incontáveis vezes. Com um elenco afinadíssimo, que tem membros do grupo Monty Python (John Cleese e Michael Palin), Kevin Kline impagável e Jamie Lee Curtis incrivelmente sedutora, esse filme é o exemplo perfeito.
Os Bons Companheiros (Goodfellas, 1990), Martin Scorsese
Motivos para sempre rever esse filme: 1) é de Martin Scorsese; 2) é um filme de máfia de Martin Scorsese; 3) tem Joe Pesci como um dos melhores anti-heróis do cinema; 4) é um dos melhores filmes de máfia e de Scorsese de todos os tempos.
Beetlejuice – Os Fantasmas se Divertem (Beetlejuice, 1988), Tim Burton
Tim Burton ainda era um diretor jovem e cheio de ideias quando fez essa comédia que tira sarro do mundo dos mortos. Como resistir a Michael Keaton como um fantasma chato e inconveniente e espíritos transformando um jantar chique em uma sessão de dança caribenha?
Alien – o 8º Passageiro (Alien, 1979), Ridley Scott
“Tenha medo. Tenha muito medo.” Esse era a frase do cartaz do filme quando do seu lançamento, e que segue fazendo todo sentido até hoje. Mesmo sabendo quem é a criatura misteriosa e a tragédia prestes a acontecer, ver o filme é sempre um teste para os nervos.
Blade Runner – o Caçador de Androides (Blade Runner, 1982), Ridley Scott
Assistir a esse clássico da ficção científica pode ser uma experiência diferente a cada sessão. São tantos elementos, significados, conceitos e experimentações estéticas que sempre é possível descobrir algo novo. Ou repensar aquilo que achávamos estar consolidado.