Depois de se destacar no Emmy, as obras para TV "Big Little Lies" e "The Handmaid's" voltaram a roubar a cena. Levaram prêmios nas principais categorias do Globo de Ouro, cuja cerimônia foi realizada neste domingo (7).
As escolhas refletem um momento bastante específico, marcado pelo protagonismo de figuras femininas em histórias de violência e opressão. Mas não só. Também houve a manifestação em massa de atrizes de Hollywood contra a opressão e os casos de assédio sexual revelados no segundo semestre do ano passado. Todas elas compareceram à cerimônia vestidas de preto. Confira o que de mais importante aconteceu na noite da premiação.
O discurso de Oprah
Ao ganhar o prêmio Cecile B. DeMille pelo conjunto da obra, Oprah Winfrey emocionou com seu discurso. Ela começou lembrando o que significou para ela, quando ainda era uma menina, ver Sidney Poitier ganhar um Oscar em 1964 e em seguida comentou sobre Racy Taylor, uma mulher negra que foi estuprada por um grupo de homens brancos em 1944 e que teve a coragem de contar às pessoas o que havia ocorrido em vez de ficar calada. O discurso de Winfrey ecoou como um grito por igualdade e justiça para as mulheres em todos os lugares, “cujos nomes nós nunca saberemos”. “Um novo dia está no horizonte”, ela disse. “Um tempo onde ninguém terá que dizer #MeeToo de novo”, completou, lembrando a campanha que tomou as redes sociais no ano passado contra o assédio sexual.
Vestidas para protestar
A ideia da moda como expressão foi elevada à máxima potência no tapete vermelho do Globo de Ouro. Vários artistas estavam vestidos de preto em apoio ao movimento Time’s Up, que combate a discriminação não apenas em Hollywood, mas no país inteiro. A campanha mobiliza mais de 300 atrizes, diretoras e agentes, e já angariou US$ 14 milhões para ajudar vítimas de assédio sexual.
Diferentemente do que ocorre sempre, quase não se falou sobre vestido, cabelo e maquiagem. Não havia clima para isso. Se nos últimos anos a campanha #AskHerMore (Pergunte mais a ela) já intimava jornalistas a consultar as atrizes sobre coisas menos frívolas do que roupas, desta vez, ninguém foi capaz de fazer a pergunta "de onde é o seu vestido?" - para a infelicidade das marcas de luxo, que emprestam tudo em troca da publicidade.
O debate sobre a equiparação do valor dos cachês entre homens e mulheres também foi levantado. Um pequeno broche escrito "50:50" reivindicava oportunidades iguais. Alguns atores demonstraram simpatia usando black-tie com a camisa preta.
Sem indicação feminina para melhor direção
Seguindo o discurso de Oprah Winfrey, a atriz Natalie Portman aproveitou o momento em que anunciava os indicados para o prêmio de melhor diretor de cinema para alfinetar a organização da premiação. “E estes são os nominados, todos homens”, ela disse. Os indicados foram Martin McDonagh, Christopher Nolan, Ridley Scott, Steven Spielberg e Guillermo del Toro, que ganhou pelo filme “The Shape of Water” (A Forma da Água, no Brasil).
Vale notar que “Lady Bird - A Hora de Voar”, que ganhou os prêmios de Melhor Filme e Comédia ou Musical, não recebeu uma indicação para a direção de Greta Gerwig.
A única mulher a ganhar um Globo de Ouro por melhor direção nos 75 anos da premiação foi Barbra Streisand, que também criticou a indicação somente de homens neste ano. “Nós precisamos de mais mulheres cineastas e que mais mulheres sejam indicadas para melhor diretor. Existem tantos filmes por aí tão bons dirigidos por mulheres”, afirmou. Streisand ganhou o Globo de Ouro nesta categoria há 34 anos, com o filme “Yentl”.
Os vencedores
A minissérie "Big Little Lies", que tinha seis indicações em quatro categorias, levou quatro troféus: melhor minissérie, melhor atriz (para Nicole Kidman), melhor atriz coadjuvante (para Laura Dern) e melhor ator (Alexander Skarsgard). A obra tem como centro um grupo de mães cheias de preocupações com suas crianças e também perturbadas por situações de violência e opressão.
Na categoria melhor atriz de série dramática, o Globo de Ouro repetiu a opção do Emmy, e deu o segundo troféu para Elizabeth Moss, por sua atuação em "The Handmaid's Tale", que também venceu como melhor série. Trata-se de histórias sobre criadas que passam por situações de violência extrema, totalmente privadas de seus direitos como cidadãs, em um futuro distópico.
Na categoria melhor ator de série dramática, venceu Sterling K. Brown, de "This is Us". Também foi anunciado o prêmio para Rachel Brosnahan (melhor atriz de série cômica, em "The Marvelous Mrs. Maisel"). "Master of None" perdeu na categoria melhor série cômica para "The Marvelous Mrs. Maisel", mas seu ator-protagonista, Aziz Ansari, levou o troféu de melhor ator no gênero.
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