Woody Allen é um caldeirão de influências. Um sujeito que consegue falar de Sófocles com a mesma clareza com que fala do mundo mesquinho da cidade grande moderna. Separamos para você leitor algumas dessas influências que o tornaram um diretor único – e com uma multidão de seguidores mundo afora.
Judaísmo
É raro o filme de Woody Allen em que não haja referência à religião. Ou, no mínimo, à etnia judaica dos personagens, ainda que seja para tirar sarro dela, como em Igual a tudo na vida. “Você sabe que eu sou judeu”, diz o personagem, “mas esse teu psicanalista é de uma das tribos perdidas que deviam ter continuado perdidas”. Normalmente, o judaísmo entra nas histórias cômicas como um elemento de culpa - mas não exatamente sombrio. Sem ser dado a participar das tradições judaicas, Allen parece se ver mais como herdeiro de uma tradição que ele vê como muito estranha - e para a qual olha como se fosse um antropólogo tentando entender as esquisitices de seu povo.
Leia também: Artistas e política: ignore o que eles falam, não suas obras
Comédia americana
As grandes comédias são parte da influência que levou Woody ao cinema. Desde cedo ele era apaixonado por Bob Hope e por Groucho Marx, que chegou a conhecer. “Os irmãos Marx estão numa categoria especial porque faziam comédia rasgada e tinham algo de palhaços, mas eram também altamente, mas altamente sofisticados”, disse em entrevista. Quanto a Bob Hope, Allen diz que nem sempre os filmes são bons, e que muitos acham estranho que ele o ponha entre os grandes, mas ele jura que sempre achou o personagem muito engraçado. “Às vezes eu o prefiro ao Groucho”, disse.
Stand-up
O primeiro emprego de Allen, aos 15 anos, foi quando ele começou a escrever piadas para jornais. Depois passou a se apresentar como humorista. E teve uma revelação quando viu um humorista que hoje é bem menos conhecido do que ele próprio: Mort Sahl. Ele o descreve sempre como um sujeito que entrava no palco com roupa comum, um jornal debaixo do braço, e começava a disparar comentários irônicos sobre o cotidiano. Apesar de ainda estar fascinado com o humor mais “solto” do cinema, Allen dava um passo rumo à crítica social.
Cinema europeu
O cineasta sueco Ingmar Bergman foi a grande revelação da vida artística adulta de Allen. Até hoje, ele sempre conta que foi ver Monika e o desejo porque soube que tinha cenas de nudez. Mas foi a abordagem séria que o impressionou. Não eram filmes que serviam meramente para divertir, e sim para pensar. Depois, vieram Antonioni, Kurosawa e outros heróis europeus. Woody chegou a filmar com o diretor de fotografia de Bergman, Sven Nykvist, e fez vários filmes que são inspirados em seu herói sueco, como Interiores, Setembro e A Outra. Fellini também foi grande inspiração, principalmente para Memórias.
Jazz
O jazz, fora o cinema, talvez seja a grande paixão artística de Woody. Desde cedo, ele se empolgava com a música alegre de Nova Orleans, principalmente com Louis Armstrong e Sidney Bechet (uma de suas filhas se chama Bechet). Mas praticamente não se interessou mais pelo jazz depois do bebop. Seu gosto parou nos anos 40 e 50, e é essa música que ele usa até hoje em seus filmes (embora diga que prefira usar artistas de que gosta menos, como Benny Goodman, ao invés de seus verdadeiros heróis). Quando trata de temas sombrios, entra na música clássica: Schubert e Stravinsky, por exemplo, já estiveram em seus filmes.
Leia também: 5 sotaques ridículos em filmes americanos
Literatura russa
Quando ainda era só um cineasta de comédias de quase-pastelão, Woody fez sua primeira homenagem aos escritores russos em A Última Noite de Boris Grushenko, que brincava com vários clichês das histórias do século 19. Mais tarde, começou a fazer histórias que seguiam de perto o drama dostoievskiano, principal mente a trama de Crime e Castigo. São seguidos filmes que repetem a história de alguém que deseja cometer um assassinato por conveniência, mas que precisa lidar com o remorso e a dor disso: Crimes e Pecados, Ponto Final, O Sonho de Cassandra e Homem Irracional entram nessa lista.
Trump, Milei, Bolsonaro e outros líderes da direita se unem, mas têm perfis distintos
Governadores e parlamentares criticam decreto de Lula sobre uso da força policial
Justiça suspende resolução pró-aborto e intima Conanda a prestar informações em 10 dias
Moraes viola a lei ao mandar Daniel Silveira de volta à cadeia, denunciam advogados