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Fisiculturistas, militares, praticantes de artes marciais, um diplomata do FBI e até um astro do k-pop. Esses são alguns dos personagens que integram a centena de pessoas em destaque na segunda temporada de A Batalha dos 100, reality show de sucesso da Netflix. Lançado em março do ano passado, o programa de origem coreana junta pessoas com diferentes idades, atributos e dotes físicos para refletir sobre um velho questionamento: qual é o físico perfeito? No ano passado, a resposta foi que um crossfiteiro, Woo Jin Young, chegava perto disso. Ele foi o participante que melhor se virou nas provas de força e resistência, que envolviam tarefas como ficar pendurado em uma estrutura não muito confortável, arrastar um navio de algumas toneladas e até lutar contra outros concorrentes.
Com a resposta dada e o público interessado ainda em mãos, o que os criadores da série poderiam fazer para atualizar a fórmula bem-sucedida? A solução foi realizar ajustes na produção, como melhorar a edição e criar um tema para as provas. Com isso, a nova temporada ganhou o subtítulo de Desafio Subterrâneo, conectando as gincanas à ideia de que os participantes estão debaixo da terra, trabalhando em minas.
Esse conceito não só serve para evitar repetição, como para criar uma espécie de narrativa para a história dos cem guerreiros. “Para mim, era mais importante que a segunda temporada fosse apresentada ao espectador como um filme em vez de um programa sem roteiro”, disse o criador, Jang Ho-gi, em entrevista à revista Business Insider. “Quando você pensa em minas subterrâneas dos anos 1900, a divisão entre colaboração e competição fica meio confusa, e há aquela linha tênue entre a vida e a morte”, completa.
Mesmo que a pretensão de parecer com um filme seja exagerada, Ho-gi conseguiu tornar a segunda temporada de Batalha dos 100 mais dinâmica. Com a criação desse fio condutor e adoção de uma edição mais ponderada, a repetitividade das cenas não é mais um problema tão grande quanto nos episódios do ano passado.
Bons exemplos para a sociedade
Independentemente das alterações bem pensadas, A Batalha dos 100 se beneficia com a presença de participantes interessantes – assim como em qualquer outro reality show. Ninguém se destaca muito de início, afinal são cem pessoas que merecem algum nível de atenção em apenas uma hora de episódio. Conforme as eliminações vão ocorrendo, o espectador é capaz de conhecer melhor os personagens mais legais. É difícil não se surpreender com a perseverança e força de vontade do militar Hong Beom-Seok, eliminado na primeira temporada que retornou aos novos episódios e se tornou um dos finalistas.
O crossfiteiro e youtuber Amotti é outro com uma personalidade digna de nota. Além da performance impressionante, ele conquistou participantes e espectadores por estar sempre animado e pela compaixão demonstrada com um colega que sofreu uma lesão séria. Ao ver seu “oponente” machucar o tornozelo gravemente, o influenciador começou a chorar – afinal, quem pratica um esporte com tanto afinco sabe como uma contusão pode ser prejudicial.
Nem sempre reality shows apresentam pessoas que servem de exemplo para a sociedade. Esse é justamente o grande diferencial de A Batalha dos 100. Os atletas asiáticos são muito orgulhosos de seu país e têm grande noção da importância de representar o seu esporte para milhões de pessoas ao redor do mundo. A busca não é só pelo corpo perfeito, mas também pela performance perfeita.