Após 25 anos juntos, Augusto e Paulina terão de enfrentar a deterioração mental após o marido ser diagnosticado com a Doença de Alzheimer. Esse é o mote de A Memória Infinita, que pode ser visto no Paramount+. Trata-se da segunda produção da cineasta chilena Maite Alberdi a ser indicada ao Oscar de Melhor Documentário em Longa-Metragem – a primeira foi com a comédia original de espionagem senil Agente Duplo, de 2020, que está no catálogo do Globoplay. Mais uma vez, a diretora de 40 anos mergulha na sabedoria do tempo que antecede a morte, algo que ela também abordou em Hora do Chá (2015), outra sensacional comédia documental sobre amigos de uma vida inteira que continuam a se encontrar periodicamente, disponível na Netflix.
A Memória Infinita tem alguns problemas de ritmo que os outros documentários de Maite Alberdi não apresentam. Depois de um início magnificamente acompanhado por uma versão da música A Donde Van, de Silvio Rodríguez, a história segue um tanto repetitiva em cenas que, mesmo assim, exalam charme e naturalidade.
Apesar dessa questão, a película consegue abordar a paixão e a doença com bastante profundidade. Grande parte desse feito se deve ao bom equilíbrio no uso das novas gravações de Maite com vídeos gravados pelo casal em um contexto mais pessoal. Isso localiza quem assiste ao documentário em como a parceria e o carinho sempre foram vitais dentro da vida de Augusto e Paulina.
Mas o que há de mais valioso nesta história de amor é a combinação de comédia e tragédia, ternura e crueldade, esquecimento e memórias. Os dois protagonistas compartilham a segurança do afeto incondicional com a incerteza de uma doença que degenera com ritmo e intensidade assustadores. A diretora chilena confia no espectador naqueles momentos em que os protagonistas se olham, tentando se entender e ajudar, às vezes sem palavras. E esse jogo cinematográfico não tem preço, trazendo cura numa época ferida pela autonomia narcisista.
© 2024 Aceprensa. Publicado com permissão. Original em espanhol.
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