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Indiana Jones

“A Relíquia do Destino” encerra saga com altas doses de aventura e nostalgia

Aos 81 anos, Harrison Ford protagoniza o quinto filme da série Indiana Jones (Foto: Reprodução YouTube)

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Parecia missão impossível colocar a cereja no bolo de uma saga de filmes muito populares e que ressuscitaram o cinema de aventura. Algumas pessoas já questionavam lá atrás o segundo (Templo da Perdição, de 1984) e o terceiro (A Última Cruzada, de 1989) volumes, argumentando que não tinham o ritmo, o frescor e a graça de Os Caçadores da Arca Perdida (1981), que se consagrou logo na estreia como um clássico moderno. E pouquíssimos espectadores aprovaram a quarta entrega, O Reino da Caveira de Cristal (2008), ainda que ele não fosse tão diferente dos anteriores.

Ou seja, não estava fácil para o nova-iorquino James Mangold realizar, 42 anos depois, o quinto capítulo: Indiana Jones e a Relíquia do Destino, em cartaz nos cinemas brasileiros desde a semana passada. Mesmo ostentando em seu currículo os notáveis Cop Land (1997), Kate & Leopold (2002), Johnny & June (2005), O Indomáveis (2007), Logan (2017) e Ford vs. Ferrari (2019), ele teve de substituir Steven Spielberg, que dessa vez participou somente como produtor executivo. E Mangold se sai de forma muito elegante desse desafio, especialmente pela exitosa reta final de seu filme.

Estamos em Nova York, em 1969, em plena celebração da chegada do homem à Lua. Depois de uma década lecionando na Hunter College, o prestigiado professor de arqueologia Indiana Jones (Harrison Ford) caminhava para se aposentar no modesto apartamento em que passou a viver sozinho. Mas tudo muda quando ele recebe de surpresa a visita da afilhada Helena Shaw (Phoebe Waller-Bridge), em busca de um estranho artefato que seu pai entregou a Indy ao fim da Segunda Guerra Mundial.

Carisma e mordacidade

Talvez o todo careça de equilíbrio e continuidade narrativa, e haja de sobra filmagens e efeitos visuais malfeitos. Mas, de cara, isso mais do que atende ao jovem Indy digital da impactante fuga inicial no trem. Fora que, aos 81 anos, Harrison Ford sai ileso das numerosas sequências de ação – algumas, exageradamente espetaculares – e segue com o carisma e a mordacidade do Indy em dia.

Como era de se esperar, Mads Mikkelsen interpreta um vilão tão memorável quanto a música do incansável nonagenário John Williams. E Mangold acerta em render homenagens ao próprio Spielberg, principalmente nas passagens que mais remetem a Em Busca da Arca Perdida, com inúmeros esqueletos, insetos assustadores e até umas leves concessões ao esoterismo.

Mangold só solta a franga – e com sucesso – na reviravolta final da trama, um descarado tributo às epopeias históricas da era de ouro de Hollywood, que leva muito bem para um epílogo precioso, em que finalmente a nostalgia que impregna do início ao fim este filme chega ao ponto de ebulição. E esse desfecho é, sim, saboroso como a cereja do bolo.

© 2023 Aceprensa. Publicado com permissão. Original em espanhol.

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