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Filmão na Netflix

“A Sociedade da Neve” recria tragédia nos Andes pelo olhar de jovem católico

Presente na pré-lista do Oscar, filme espanhol estreia nesta quinta-feira (4) na Netflix (Foto: Divulgação Netflix)

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O Orfanato (2007), O Impossível (2012), Sete Minutos Depois da Meia-Noite (2016), Jurassic World: Reino Ameaçado (2018) e a série O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder (2022) fizeram de Juan Antonio Bayona, nascido em Barcelona, ​​o cineasta catalão com maior projeção internacional. Uma qualidade que aumenta com os prêmios já conquistados e as nomeações para o Globo de Ouro, o Goya, etc, e inclui agora o seu mais recente filme, A Sociedade da Neve, que adapta o livro escrito em 2009 pelo jornalista uruguaio Pablo Vierci.

Já presente em algumas categorias da pré-lista do próximo Oscar, A Sociedade da Neve estreia nesta quinta-feira (4) no catálogo da Netflix. Trata-se de uma nova recriação da tragédia do voo 571 da Força Aérea Uruguaia, que caiu em 13 de outubro de 1972 no meio dos Andes enquanto transportava os jovens membros da equipe de rugby Old Christians para o Chile. Vinte e nove dos 45 passageiros sobreviveram ao brutal acidente, e apenas 16 deles foram resgatados em 23 de dezembro de 1972, após passarem 72 dias num ambiente hostil, obrigados a recorrer a medidas extremas para sobreviver.

Ao contrário do filme Vivos (1993), de Frank Mashall (baseado no best-seller do britânico Piers Paul Read), Vierci e Bayona deixam como personagens secundários os sobreviventes mais famosos – Nando Parrado, Roberto Canessa, Carlitos Páez – e colocam Numa Turcatti como narrador, um jovem profundamente católico, que foi um dos últimos a recorrer ao canibalismo.

Essa mudança de ponto de vista torna a história muito mais coral, claustrofóbica e existencial, e dá mais amplitude aos sobreviventes distantes da fé. Uma opção que não desvaloriza a fidelidade histórica, nem diminui as fortes convicções católicas da maioria dos personagens, e sequer ignora aquela ideia evangélica que dá sentido às suas ações: “Não há amor maior do que dar a própria vida pelos amigos".

Os mais exigentes sentirão falta de qualquer referência verbal explícita à Eucaristia, que Vivos trazia. Mas ela também está presente em A Sociedade da Neve, embora visualmente, e não com palavras. E, claro, a sua abordagem transcendente eleva a autenticidade do filme, especialmente em comparação com O Impossível, onde a ausência artificial de Deus era escandalosa.

Por outro lado, essa poderosa visão de amizade, sacrifício, maturidade e fé confere uma grande entidade dramática à exibição audiovisual de Bayona, que brilha especialmente nas impressionantes vistas panorâmicas da Cordilheira e nas terríveis sequências do acidente, das tempestades e da avalanche. De forma que são fundamentais a esplêndida música de Michael Giacchino, a fotografia avassaladora de Pedro Luque e a rigorosa edição de Andrés Gil e Jaume Martí, que nunca cedem ao sensacionalismo. E, claro, há o calor humano de um grupo heterogêneo de jovens e desconhecidos atores uruguaios, que conferem aos seus personagens uma comovente veracidade.

© 2024 Aceprensa. Publicado com permissão. Original em espanhol. 

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