Abrir o catálogo da Netflix e não dar de cara com Adam Sandler e sua expressão de espanto é algo raro. O que era difícil se tornou praticamente impossível a partir do dia 31 de março, com a estreia de Mistério em Paris, filme em que o comediante cinquentão volta a contracenar com Jennifer Aniston. Eles dão vida ao casal de investigadores trapalhões Nick e Audrey Spitz.
A dupla se fez conhecida em 2019, com o lançamento de Mistério no Mediterrâneo, comédia de ação que deu início à série e atingiu 30 milhões de espectadores só no primeiro fim de semana de exibição na plataforma. Quando o ano chegou ao fim, a Netflix anunciou que Mistério no Mediterrâneo havia sido o filme mais assistido de 2019 nos Estados Unidos, no Brasil e na Austrália. Era óbvio que haveria uma sequência.
De lá para cá, Sandler assinou um novo contrato para quatro filmes exclusivos na plataforma de streaming. Sua remuneração teria ficado na casa de 250 milhões de dólares pelo pacote. E o passe do ator não parou de subir. No último dia 19, ele recebeu o Mark Twain Prize for American Humor, maior honraria que um comediante americano pode receber, pelas suas três décadas atuando no cinema, escrevendo roteiros, produzindo espetáculos e fazendo stand-up. Apenas 24 lendas do humor possuem um Mark Twain em casa.
Trama rocambolesca
Com todo esse currículo, seria aceitável que Sandler carregasse Mistério em Paris nas costas. Não é o que acontece. Jennifer Aniston, a eterna Rachel do seriado Friends, tem papel tão ou mais importante que o do colega e contribui da mesma forma para os momentos de riso do filme – que nem são tantos. Assim como na primeira aventura, os dois são enredados na investigação de um crime. Agora é o sequestro do personagem Marajá, que some no meio da celebração de seu casamento. Nick e Audrey entram na jogada como negociadores, tendo como fundo vários pontos turísticos da capital francesa, casos do Arco do Triunfo e da Torre Eiffel. As cenas de ação superam as do primeiro longa, indicando que o orçamento foi significativamente maior dessa vez.
Enquanto a trama rocambolesca se desenvolve, o espectador acompanha as agruras do casal, seja com o uso banalizado de comprimidos para dormir, seja com a falta de grana para manter uma vida simples, de classe média (o que faz com que eles se encantem com a infinidade de brindes e comidinhas do casamento do Marajá). O resultado fica entre o medíocre e o simpático, redundando num filme que pode “agradar toda a família” ou desagradar quem tem mais o que fazer. Garantido mesmo é que a Netflix não deve tardar para rodar uma terceira aventura do casal Spitz e assim seguir divertindo milhões de assinantes.
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