Se fosse possível apostar no sucesso ou no fracasso de uma série, a bet pagaria muito pouco a quem casasse seu dinheiro no êxito de A Agência, novidade do Paramount+. Isso porque ela se baseia em Le Bureau des Légends, considerado o melhor seriado produzido na França em todos os tempos, internacionalmente conhecido como The Bureau. Também porque o elenco dessa nova versão reúne um timaço de atores encabeçado pelo sempre impecável Michael Fassbender, mais Richard Gere, Jeffrey Wright (de Ficção Americana) e John Magaro (o marido compreensível de Vidas Passadas). Para arrematar, o principal roteirista é Jez Butterworth, de Ford vs Ferrari. Como dar errado?
O assunto de A Agência é espionagem, algo que está muito em voga, prestes a saturar. Ela se diferencia de Operação: Lioness, Slow Horses, O Dia do Chacal e tantas outras por casar uma trama mais intrincada do que as concorrentes com cenas de perseguição e tiroteio que, em tese, não caberia num produto mais “cabeçudo”. Mas A Agência tem isso de apelar para um público mais qualificado, com diálogos que exigem até um certo conhecimento literário, ao mesmo tempo em que entende o valor de uma boa cena de ação para deixar o espectador na pontinha da poltrona.
O protagonista é um operador da CIA que atende pelo codinome de Martian, primeiro papel de destaque de Fassbender após arrasar no injustamente pouco aplaudido O Assassino (2023). Assim como no filme de David Fincher, em que vive um matador de aluguel, seu personagem está em crise. Após seis anos trabalhando numa missão africana, Martian é abruptamente realocado em sua Londres natal. O problema principal é que ele vivia um grande amor na Etiópia: estava apaixonado pela doutora casada Sami Zahir (Jodie Turner Smith) e mentia para sua supervisora dizendo que era só um namoro banal.
Corta o rabo dela, pisa em cima, bate nela
Esse tópico da mentira é muito importante em A Agência. O espectador não consegue acreditar em nada. Num momento, os funcionários da CIA estão em campo mentindo para se infiltrarem nas missões. No outro, eles estão mentindo para seus familiares e amores para não os colocarem em risco. No escritório, mentem para os seus superiores para escaparem de retaliações em nítidas infrações do código de conduta. É uma mentirada braba, mas que quem assiste precisa tolerar, afinal, os disfarces e blefes fazem parte de qualquer bom produto de espionagem.
Ao voltar para Londres, Martian passa a colaborar num caso que está deixando a CIA de cabelo em pé, especialmente seu superior direto interpretado por Jeffrey Wright e o chefão da unidade, papel de Richard Gere. Um agente da organização infiltrado na Bielorrússia foi capturado pelas autoridades locais após uma noite de bebedeira. O estranho é que o agente em questão era abstêmio. Para tentar elucidar a questão, a CIA interroga – com bastante violência – um contato do agente preso, suspeito de fazer jogo duplo (trabalhar tanto para russos quanto americanos). Martian só consegue sacar que o interrogado, na verdade, é um pobre coitado ao citar nomes de personagens do romance Crime e Castigo, de Dostoiévski, numa cena que merece ser rebobinada para ser vista uma segunda vez.
Enquanto isso, Martian segue angustiado com o amor deixado em Adis Abeba. A situação piora quando ele descobre que a doutora Zahir também está em Londres. Oficialmente, ela fez a viagem para atender a um curso. Só que Martian vai atrás da amada e descobre que ela não tem comparecido às aulas. Teria ela ido até a Inglaterra atrás dele? Seria a doutora também uma espiã? A resposta deve surgir conforme o Paramount+ for soltando os próximos episódios – o terceiro será disponibilizado na sexta (13). O que já sabemos é que a segunda temporada de A Agência está confirmada. Na França, foram 50 capítulos em cinco temporadas, de 2015 a 2020, com a série atingindo seu pico na segunda.
- A Agência
- 2024
- 10 episódios
- Indicado para maiores de 18 anos
- Disponível no Paramount+
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