Em três episódios, “Amada e Ultrajada” explora o papel do exército na história brasileira| Foto: Brasil Paralelo/Divulgação
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Qual é a verdadeira função do Exército Brasileiro? É um agente político? Um órgão regulador? Um ente para organizar a defesa do país? Um caminho para salvar a democracia? De acordo com o artigo 142 da Constituição Federal, as Forças Armadas “destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem”. Todos esses matizes da instituição são representados pela Brasil Paralelo em sua nova série documental, Amada e Ultrajada: O Exército na História do Brasil.

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A produção, que teve seu terceiro e último episódio divulgado em 23 de outubro, investiga como diferentes figuras históricas utilizaram do órgão em decisões de impacto, como Dom Pedro I no Dia do Fico, Getúlio Vargas na Revolução de 30 e o General Olímpio Mourão Filho na deposição de João Goulart, em 1964. Para oferecer esse retrato de maneira completa, a BP apresenta em conjunto a história do nosso país, desde a chegada dos portugueses. 

No primeiro capítulo, intitulado Precursor da Liberdade, o tom é dado de forma bastante objetiva. Com material histórico e depoimentos de especialistas, como o cientista político Luiz Philippe de Orléans e Bragança, o historiador Rafael Nogueira e o economista Gastão Reis, são apontados os prós e contras de todas as ações que envolveram o Exército.  

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Há relatos interessantíssimos sobre a Batalha dos Guararapes, uma disputa iniciada em 1648 que colocou os primeiros portugueses nascidos no Brasil contra os holandeses. Também é explicado como as forças de Portugal se organizaram para a formação do Exército Imperial Brasileiro. 

Já a segunda parte, chamada O Destino pela Espada, esmiúça como a entidade criada para a defesa do Império e seu regente (D. Pedro I) acabou se transformando no catalisador da queda desse próprio governo. Nada disso será grande novidade para quem é apaixonado por história e estudou o tema com afinco. Porém, recordar essas passagens ajuda o cidadão brasileiro a entender como o exército tem, de fato, grande influência nos caminhos que a democracia seguiu desde sua fundação. 

Os finalmentes 

Ao encerrar o segundo episódio justamente na queda da Monarquia, a Brasil Paralelo gerou tremenda expectativa para a última parte de Amada e Ultrajada: O Exército na História do Brasil. Afinal, ela cobriria dois dos momentos mais emblemáticos do Exército na memória recente dos brasileiros: o “golpe de 1964 e os eventos de 2023”, como a própria empresa identifica na sinopse do capítulo O Partido Verde Oliva.

Após dois meses da estreia da série, o conteúdo chegou à plataforma e trouxe mais duas horas de material, funcionando quase como um documentário independente do resto. Ex-presidentes como Marechal Deodoro da Fonseca e Getúlio Vargas ocupam boa parte do relato, deixando tudo a partir da queda de João Goulart para os quarenta minutos finais.

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Getúlio Vargas durante cerimônia no Rio de Janeiro em 1943| Foto: Acervo/Arquivo Nacional

Isso poderia ser um balde de água fria para quem esperava que a série se debruçasse com maior dedicação em 1964 e 2023. Mas Amada e Ultrajada exibe uma visão ponderada a respeito de todos os acontecimentos. Há críticas sobre o artigo 142, por exemplo. Também é mencionado como alguns generais deram esperanças à população até o último segundo em janeiro de 2023. “Ao longo da história republicana, a sociedade civil brasileira não teve uma reação à altura para botar os militares em seu devido lugar”, afirma Gastão Reis, próximo da conclusão do documentário.

“É muito curioso que, hoje, o STF (Supremo Tribunal Federal) descubra que os militares não podem ser poder moderador. Não podiam desde 1889! Mas a sociedade brasileira tolerou isso por décadas e décadas. Aí qualquer coisa você já recorre aos militares. Isso é falência institucional”, crava o economista. 

Com comentários nessa linha, a Brasil Paralelo propõe uma reflexão aos espectadores. As três partes de Amada e Ultrajada ofertam material de sobra para quem está disposto a pensar sobre como o Exército se encaixa em nossa democracia e o que poderia ser alterado na relação entre o ente e o Estado. 

  • Amada e Ultrajada: O Exército na História do Brasil
  • 2024
  • Três episódios
  • Indicado para maiores de 16 anos
  • Disponível na Brasil Paralelo
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Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]