Atingir sucesso no trabalho não é tarefa fácil. A pessoa deve estar disposta a batalhar incansavelmente até começar a colher frutos. Quando esse dia chega, tudo parece ter valido a pena. Para um músico, esse momento pode ser aquele em que se recebe uma indicação ao prêmio Grammy. No entanto, para Jon Batiste, compositor, pianista e cantor, ser indicado a 11 categorias na premiação de 2022 trouxe sentimentos misturados. O motivo: sua esposa, Suleika Jaouad, começou a quimioterapia para tratar uma leucemia no mesmo dia em que a notícia foi ao ar. Essa passagem da vida de Batiste é abordada em American Symphony, documentário disponível na Netflix que está na corrida de Melhor Canção no Oscar de 2024.
O projeto dirigido por Matthew Heineman começou com a ideia de retratar o processo de composição da primeira sinfonia escrita por Batiste. Durante os primeiros quinze minutos do longa, é justamente esse seu foco, que até então parece uma produção feita para inflar o ego do queridinho do Grammy. Porém, logo o espectador fica por dentro do que acontece em sua vida pessoal e é apresentado à cônjuge Suleika.
A dupla se conheceu durante um acampamento de música na adolescência e viveu uma história de amor praticamente perfeita, tirando dois sustos. Quando a mulher tinha apenas 22 anos, em 2011, recebeu o primeiro diagnóstico de leucemia. Ela tinha 35% de chances de sobreviver, mas venceu a doença. Por isso, quando a doença voltou, em 2022, a preocupação foi enorme. A gravidade da situação era maior.
Coreografia no hospital
Todo esse contexto vai aparecendo em American Symphony de maneira não linear, por meio de cenas de Batiste e Suleika conversando com amigos, médicos ou até entre si. Em paralelo, o músico luta contra o tempo para finalizar a sinfonia ambiciosa, criada com o objetivo de unir músicos eruditos, de jazz e contemporâneos de vários estilos, criando uma espécie de colcha de retalhos da música americana em uma única composição.
Unir temas tão díspares quanto uma doença mortal e a composição de uma bela peça de música é uma tarefa difícil, mas que o filme faz bem. Ele ressalta como o processo criativo de Batiste está muito ligado àquilo que acontece em sua vida pessoal. Também revela como a arte é vital para Suleika durante seu tratamento e recuperação. Além disso, mostra a importância da união de um casal mesmo em momentos obscuros como a luta contra um câncer. Uma cena dos dois andando pelo hospital e fazendo uma espécie de coreografia com um suporte para enfermos resume isso com maestria.
Mesmo que tenha recebido apenas a indicação de Melhor Música pela canção It Never Went Away, American Symphony é um grande documentário que deve inspirar fãs de música e trazer conforto para quem está passando por algum drama familiar. A beleza da canção feita por Batiste para Suleika também é incontestável e deve atrair boa torcida pela vitória no Oscar. “Essa composição detalha um amor que sobrevive a qualquer condição do mundo físico. Ela investiga a questão da nossa mortalidade, ao mesmo tempo em que fala sobre a qualidade duradoura dos nossos chamados e desejos mais profundos. Aquela parte de nós que protesta contra os males do mundo físico é, na verdade, uma evidência da nossa natureza perpétua”, define Batiste.
Como a eleição de Trump afeta Lula, STF e parceria com a China
Alexandre de Moraes cita a si mesmo 44 vezes em operação que mira Bolsonaro; acompanhe o Entrelinhas
Policial federal preso diz que foi cooptado por agente da cúpula da Abin para espionar Lula
Rússia lança pela 1ª vez míssil balístico intercontinental contra a Ucrânia
Deixe sua opinião