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Live-action de John Krasinski

“Amigos Imaginários” encanta, mas perde chance de aprofundar conexões humanas

Amigos Imaginários, animação live-action de John Krasinski
Live-action em cartaz nos cinemas rememora personagens de Monstros S.A e traz narrativa leve, embora superficial. para adultos e crianças. (Foto: Divulgação/Paramount Pictures)

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Amigos Imaginários, animação live-action de John Krasinski em cartaz nos cinemas brasileiros, é um filme de clima familiar que tenta misturar fantasia com profundidade, mas não consegue transmitir uma mensagem convincente. O longa conta com um elenco impressionante, incluindo o próprio Krasinski e as vozes de Matt Damon, Emily Blunt, George Clooney, Sam Rockwell e Bradley Cooper.

A produção narra a história de Bea, uma menina de doze anos (Cailey Fleming) que está hospedada com sua avó (Fiona Shaw) em Nova York enquanto o pai (Krasinski) se prepara para uma cirurgia cardíaca. Embora os detalhes do procedimento do pai não sejam claros, o medo de Bea de perdê-lo é ainda mais compreensível quando se sabe que a garota sofre também o luto pela morte da mãe.

Enquanto está na casa da avó, Bea encontra um mundo de amigos imaginários liderados pelo vizinho do apartamento de cima, Cal (Ryan Reynolds). Remanescentes dos personagens de Monstros S.A., os amigos imaginários são o ponto alto do filme. O personagem de Steve Carrell, Blue, uma grande criatura peluda roxa, é especialmente cativante.

A história leva Bea e seus novos amigos ao encantador lar de idosos Memory Lake, localizado dentro de um carrossel em Coney Island, bairro novaiorquino nos arredores do Brooklyn. Este local fictício — onde Bea deixa sua imaginação correr solta, culminando em uma apresentação com Tina Turner e Cal diante de uma multidão - é um dos destaques do filme, mostrando a habilidade de Krasinski em encantar o público.

Ao passo em que a premissa de uma pré-adolescente redescobrindo amigos imaginários como mecanismo para lidar com suas emoções promete, o filme falha ao não explorar o potencial emocional e humano da história como poderia. Amigos Imaginários compensa por sua narrativa leve com uma dose de sentimentalismo. A trilha sonora de Michael Giacchino, embora bela, muitas vezes dita o tom emocional do filme em vez de deixar o roteiro fazer o trabalho pesado.

Da mesma forma, o clímax da produção parece manipulador e forçado, criando uma falsa sensação de urgência e peso emocional que não é sustentada pelos eventos reais. Krasinski poderia ter se inspirado em Pequena Mamãe, produção francesa dirigida por Céline Sciamma, que conta uma história simples sobre o vínculo entre pai e filho após a perda, permitindo que a narrativa fale por si mesma.

Apesar das falhas, as atuações no filme compensam. Fleming transmite resiliência, admiração e vulnerabilidade. Reynolds incorpora Cal com seu humor sarcástico característico, adicionando um toque distinto e envolvente. Krasinski, evocando a brincadeira de Robin Williams em Uma Babá Quase Perfeita, é encantador como o pai de Bea, embora seu personagem pudesse ter sido mais bem explorado. E o recém-falecido ator Louis Gossett Jr. deixa uma presença tocante como Lewis, um urso de pelúcia idoso, em seu último papel.

Potencial de entreter e fazer pensar

Como um prato feito com ingredientes de alta qualidade por um chef habilidoso, mas que precisa de uma receita mais refinada, Amigos Imaginários teria sido melhor com uma visão mais clara do que queria alcançar. Suas deficiências narrativas não são por falta de talento. Como evidenciado por Um Lugar Silencioso, Krasinski sabe como fazer filmes que fazem pensar na mesma medida que entretêm. No entanto, se o filme pretende transmitir uma mensagem além de "amigos imaginários podem ajudar as crianças a lidar com traumas", ele não alcança seu objetivo.

Outro longa que soube explorar como o acesso a nossa criança interior pode levar à felicidade é Milagre na Rua 34 (1947). Mas o que fez este filme ter sucesso - e Amigos Imaginários tentar, mas perder a linha - foi justamente direcionar o público para a resiliência e o fortalecimento das relações humanas. 

Nesse sentido, a oportunidade mais evidente que o longa de Krasinski perde é explorar o vínculo entre Bea e sua avó — as duas mal passam tempo juntas. Desenvolver laços mais profundos entre elas teria proporcionado tanto ao filme quanto a Bea um núcleo emocional mais forte, dando mais recursos a ela, e às crianças que assistem, para enfrentar os desafios da vida.

Como qualquer um que teve a sorte de aproveitar a companhia dos avós pode atestar, algo simples como assistir junto com eles a Meu Amigo Harvey, de Jimmy Stewart, proporciona uma fonte muito mais rica de alegria, força e inspiração ao longo da vida do que reconectar-se com um copo de água gelada falante (personagem dublado por Bradley Cooper na trama).

Bea claramente adora sua família, mas Amigos Imaginários teria transmitido uma lição mais valiosa para o público jovem ao aprofundar-se no enriquecimento que os entes queridos trazem para nossas vidas — mesmo que precisemos, como diriam os Beatles, de “uma pequena ajuda dos nossos amigos”.

© 2024 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês.

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