A emissora CBS demitiu nesta terça-feira (21) Charlie Rose, um dos principais âncoras da TV americana, após denúncias de assédio sexual. Rose, 75, já havia sido suspenso pela própria CBS e pela PBS.
Rose foi denunciado por colegas e ex-estagiárias numa reportagem do "The Washington Post", publicada na tarde desta segunda-feira (20).
Em 5 dos 8 casos relatados, o jornalista teria apalpado as pernas das mulheres, algumas vezes na parte superior da coxa. Outras duas afirmaram que foram surpreendidas com Rose nu diante delas, enquanto estavam em viagem ou a trabalho em sua residência. Uma delas diz que ele fazia ligações para relatar fantasias, como a de vê-la nadando nua numa piscina.
"Precisei de dez anos e de um intenso movimento de reavaliação cultural para que eu entendesse o que esses momentos significaram", disse ao "Washington Post" Reah Bravo, que foi estagiária de Rose em 2007.
"Ele era um predador sexual, e eu fui sua vítima."
O jornalista é apresentador de um jornal matutino na CBS e também de um programa de entrevistas que leva o seu nome, além de colaborar com o prestigiado "60 Minutes".
"A CBS News reportou revelações extraordinárias em outras empresas de mídia este ano e no ano passado", disse o presidente da CBS News, David Rhodes.
"Nossa credibilidade nessa cobertura exige credibilidade gerenciando padrões básicos de comportamento. É por isso que tomamos essas ações."
Colegas de Rose no matutino "CBS This Morning", Gayle King e Norah O'Donnell foram bastante críticos ao companheiro de bancada. King disse que as alegações de assédio não combinavam com o Rose que ela conheceu, mas declarou que "eu estou claramente do lado das mulheres que foram muito machucadas e prejudicadas por isso".
As denúncias engrossam uma avalanche de casos de assédio sexual relatados recentemente, que já atingiu políticos, o produtor de Hollywood Harvey Weinstein, âncoras e comentaristas da NBC e NPR (National Public Radio) e o ator Kevin Spacey (o Frank Underwood da série "House of Cards"), entre outros, e se espalhou entre a sociedade americana por meio da hashtag #MeToo -"Eu também".
Publicado por Ideias em Sexta, 20 de outubro de 2017