Você pode adorar trabalhar, mas consegue se imaginar ainda na ativa aos 93 anos de idade? Esse não é um desejo ou um privilégio de qualquer pessoa, mas é o caso do lendário Clint Eastwood, ator de clássicos como Dirty Harry, Por um Punhado de Dólares e Os Imperdoáveis, além de um dos diretores mais experientes na ativa.
“Nunca penso sobre a idade, apenas gosto de fazer isso. Toda a ideia de começar a dirigir veio por entender que seria algo que poderia fazer como um cara mais velho”, afirmou em uma entrevista para a revista People, em 2021. Na época, ele estava divulgando Cry Macho: O Caminho para Redenção, seu filme mais recente que o colocou como um ex-astro de rodeios com a missão de ensinar a um jovem o verdadeiro significado de ser um bom homem. Mesmo que emocionante, o longa disponível no HBO Max não foi um sucesso como outras de suas criações, mas é justamente isso que o motiva a trabalhar em 2024. O nonagenário está dirigindo seu último filme da carreira, chamado Juror Nº 2 (sem data prevista para estreia, uma cortesia da greve dos atores, que travou o trabalho de Eastwood até o final de 2023).
Diversas informações foram reveladas sobre o longa pela revista The Hollywood Reporter, referência quando o assunto é bastidores de filmes. “O ator-diretor queria encontrar um último projeto para poder cavalgar ao pôr do sol com a cabeça erguida”, definiu a publicação após conversar com fontes próximas.
O ponto de virada para que Eastwood ficasse totalmente animado com seu último filme foi o contato com o roteiro de Jonathan Abrams, que até hoje só havia trabalhado como produtor associado no filme Rota de Fuga, de 2013. Nas folhas de papel de Abrams, Juror Nº 2 é um drama de tribunal sobre um jurado que percebe sua possível responsabilidade pela morte da vítima durante um julgamento. A partir disso, ele deverá decidir se manipulará o processo para livrar-se da culpa ou se a confessará perante a corte.
Com esse forte debate sobre ética e honestidade, não é difícil de imaginar o motivo do projeto ter deixado o velho Eastwood tão animado. Ele sempre fez questão de se aproximar de trabalhos que discutem os limites entre um bom e um mau homem, como feito notadamente em Gran Torino, lançado em 2008.
Nem protagonista, nem coadjuvante
Além do roteiro, que passou por algumas alterações do diretor e está sendo filmado desde novembro, o nonagenário tem boa parte do seu elenco definido. O ator Nicholas Hoult, de O Menu e Renfield, será o tal do jurado número dois que decidirá seu próprio destino. Toni Collette, a mãe de expressões exageradas do terror Hereditário, interpretará a promotora do caso. Outros astros como J.K. Simmons, Kiefer Sutherland, Zoey Deutch e Chris Messina também estão envolvidos no projeto em papéis secundários.
Juror Nº 2 será o 46º longa-metragem de Clint Eastwood como diretor, faceta que teve início em 1971, com Perversa Paixão. Infelizmente, ele não deve aparecer na frente das câmeras para o novo projeto, tornando Cry Macho seu último momento interpretativo.
Mas isso não é necessariamente algo ruim para seus fãs. Extremamente objetivo e cru em seu estilo de direção, Eastwood já foi nomeado quatro vezes ao Oscar de Melhor Diretor, ganhando duas estatuetas do homenzinho dourado por seus trabalhos em Os Imperdoáveis e Menina de Ouro. Ou seja, um trabalho ao menos satisfatório pode ser esperado da lenda em seu último crédito de direção em vida. No melhor cenário, será mais um clássico arrematando o currículo desse gigante da sétima arte.