Youtubers americanos Sam e Nia Rader são alguns dos personagens retratados em “Ashley Madison: Sexo, Mentiras e Traição”.| Foto: Divulgação/Netflix
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Um aplicativo de relacionamento com um foco que a maior parte de nós já classificaria, de pronto, como condenável: conectar pessoas casadas em busca de traição. Essa é a premissa da famosa plataforma Ashley Madison, que se tornou um fenômeno nos anos 2000 e agora tem sua história revelada na série documental Ashley Madison: Sexo, Mentiras e Escândalo, dirigida por Toby Paton e disponível no Netflix.

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O aplicativo colocou sob os holofotes até o filho do presidente Joe Biden, Hunter Biden, mas o que chama atenção não é somente a história da plataforma em si, e sim o escândalo que se transformou nas mãos de hackers motivados por acabar com tamanha imoralidade. Por conta dessa virada no caminho de um “mercado” que se mostrava tão lucrativo, a trama parece mais ficção do que realidade. Mas, para infortúnio dos diretamente envolvidos e suas famílias, não é.

Lançado em 2001, Ashley Madison demorou alguns anos para decolar. Foi em 2007, com a chegada de Noel Biderman como CEO, que o aplicativo viu seu número de usuários crescer exponencialmente. Biderman impulsionou a plataforma por meio de uma estratégia de marketing hábil, agressiva e controversa. A campanha massiva utilizou comerciais ousados com modelos atraentes e focados no tema da traição, com o objetivo de chamar atenção e gerar curiosidade. 

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Foi assim que, segundo depoimentos de funcionários da empresa, eles chegaram a ter 32 milhões de pessoas cadastradas, tornando o app um dos maiores do gênero e arrecadando muito dinheiro. O mecanismo era o seguinte: para enviar mensagens e interagir com mulheres, os homens precisavam pagar, e assim desembolsavam dinheiro. Muito dinheiro. Parecia, de fato, um “case de sucesso”.

Até que, sete anos depois do lançamento, em 2015, Ashley Madison recebeu um dos maiores ataques hackers da história. A exigência dos hackers? Não, não era dinheiro. A motivação da invasão parecia ter mais a ver com o atentado moral provocado pela plataforma. Se a empresa não derrubasse o site, todos os dados dos usuários seriam vazados. E o resultado foi que a empresa não cedeu, resultando na exposição de informações de milhões de pessoas na dark web, incluindo nomes, fotografias, endereços, e-mails e preferências sexuais.

Desde a estreia, a série tem atraído atenção ao mencionar nomes de figuras públicas cujos dados foram expostos. Políticos, celebridades e muitos anônimos foram afetados, enfrentando reputações arruinadas, casamentos destruídos e até perda de vidas. 

O escândalo envolveu inclusive Hunter Biden, filho do atual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden (vice-presidente à época do vazamento de dados, quando o governo era de Barack Obama). Hunter negou à época que tivesse uma conta na plataforma, apesar de um endereço de e-mail descoberto no site de traição hackeado coincidir com um que ele usava. 

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Outro caso é o dos YouTubers americanos Sam e Nia Rader, cujo casamento aparentemente perfeito desmoronou quando se descobriu que Sam buscava aventuras extraconjugais pelo aplicativo. Histórias como a deles são evidenciadas na produção por meio de entrevistas com funcionários e casais impactados pelo vazamento de dados. 

A série oferece um olhar perturbador sobre a complexidade da infidelidade na era digital, revelando como um aplicativo de relacionamento se tornou um símbolo de escândalo, traição e tragédias. E como mentira muitas vezes tem pernas curtas, além de consequências muito mais sérias do que se pode imaginar.