Indicado em três categorias no Oscar deste ano, A Baleia acompanha Charlie, um professor universitário de literatura que ministra suas aulas virtualmente por conta de sua obesidade mórbida, que praticamente o impede de se mover. Para este personagem, as horas passam de maneira vazia, com correção de provas, consumo de pornografia e ingestão de junk food. Tudo começa a mudar quando ele recebe as visitas de uma amiga enfermeira, de um jovem missionário que deseja convertê-lo, e de sua filha adolescente, a qual abandonou quando ela tinha apenas oito anos.
A descomunal – sem exagero – interpretação de Brendan Fraser faz valer cada segundo deste drama de redenção, que é excessivamente convencional para atrair um espectador alternativo (o público favorito do diretor Darren Aronofsky), e demasiadamente sofrido e degradante para o gosto do público comum, em busca de apenas uma história bonita.
No aspecto cinematográfico, o minimalismo do filme – que se passa em um único cenário, em um curto espaço de tempo e com subenredos muito básicos – joga contra. A história acaba ficando muito minguada. Contudo, do ponto de vista do discurso, é preciso reconhecer que — na relação claro-escuro que caracteriza a filmografia de Aronofsky — as luzes vencem as sombras.
A Baleia é assustador por refletir a capacidade de corrupção do ser humano e, ao mesmo tempo, cativante pelo desenho emocional que faz das difíceis relações entre um pai traumatizado e transformado em lixo humano e uma filha que não o perdoa pelo abandono. Devemos agradecer ao carismático cineasta que, em meio às reviravoltas que a história dá, na ponderação se há ou não salvação possível, acaba abrindo uma porta para a esperança. Há salvação... Mas ninguém se salva sozinho.
© 2023 Aceprensa. Publicado com permissão. Original em espanhol.
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