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Cena do filme “O Unicórnio”, de Eduardo Nunes | Divulgação
Cena do filme “O Unicórnio”, de Eduardo Nunes| Foto: Divulgação

“Unicórnio”, segundo longa-metragem de Eduardo Nunes, terá sua première internacional na 68ª edição do Festival de Berlim, na Mostra Generation, seção do evento destinada aos jovens. 

O filme, que tinha tido estreia nacional em outubro último no Festival do Rio, é adaptado da obra da escritora Hilda Hilst e foi filmado na Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro com a mesma equipe técnica de “Sudoeste”, seu primeiro longa. 

A trama de “Unicórnio”, segue Maria – vivida por Barbara Luz – que está aguardando com a mãe (Patrícia Pilar), a volta de seu pai (Zécarlos Machado). A relação entre as duas sofre uma mudança com a chegada, à rústica casa de campo onde moram, de outro homem (Lee Taylor). 

Nunes, nascido em Niterói (RJ), tem tido uma presença frequente em festivais fora do Brasil. “Sudoeste” recebeu 23 prêmios internacionais e foi exibido em mais de 30 países. 

“Unicórnio” concorre ao Urso de Cristal e ao Prêmio da Crítica internacional (FIPRESCI). 

Nesta entrevista concedida à Gazeta do Povo, Nunes fala sobre o filme, o seu cinema autoral e o significado desta participação na Berlinale. 

Unicornio (trailer ENG) from 3 Tabela Filmes on Vimeo.

O que representa para você essa seleção para Berlim? 

“O primeiro filme de longa-metragem que realizei (Sudoeste) estreou na competição do Festival de Roterdã e isso deu ao filme uma carreira muito bonita em todo o mundo. Para mim, exibir o filme em Berlim é a possibilidade de dar continuidade a um trabalho autoral que eu acredito. De certa forma, “Unicórnio” é um desdobramento de “Sudoeste”, e ser selecionado para um dos festivais mais importantes do mundo, é uma palavra de encorajamento para que eu continue com o meu trabalho”. 

E o que vai ajudar na carreira do filme? 

“Acredito que, para o filme, o festival será muito importante. Já conseguimos fechar com um comprador internacional, que está muito animado com a seleção e penso que Berlim vai abrir muitas portas para a exibição do “Unicórnio”. Quando investimos e acreditamos num cinema autoral, os festivais de cinema tornam-se uma ferramenta importantíssima para trabalhar o filme”. 

Pensando nos festivais, o fato de trazer uma história que poderia acontecer em qualquer lugar do mundo abre caminhos? 

“Claro. Acredito que, por ter uma estrutura fabular, o filme acaba tratando de valores universais: o amor, a conflituosa relação entre mãe e filha, a solidão, a morte... E isso facilita a comunicação entre diferentes culturas”. 

Com esse caráter universal em mente, qual personagem você destacaria? 

“Talvez um ponto do “Unicórnio” que ajude muito nesta comunicação é a personagem de Maria. Por ser uma menina que possui sentimentos muito complexos, ela está o tempo todo tentando entender o mundo e os seus valores. E acho que, no filme, conseguimos deixar estes sentimentos expostos, mas não explicados. Desta forma, cada espectador pode complementar, com as suas próprias experiências, a personalidade de Maria”. 

A Geração tem um público bem jovem e muito engajado. Seu filme é uma fábula encantadora que tem tudo a ver com esses espectadores. Qual reação espera desse público? 

“É difícil prever a reação do público. Mas fiquei muito feliz com a seleção para a Generation, pois ali está boa parte do público (e realizadores) do futuro. Poder me comunicar com estes jovens é como falar ao futuro. Estamos num momento muito difícil no Brasil e também em todo o mundo, com muito preconceito, medo e violência. É preciso acreditar nestes jovens, e acho que eles não vão decepcionar”. 

Como é fazer um filme hoje, principalmente um cinema autoral como é o seu? 

“Nos últimos anos, por uma facilidade aos meios de produção de um filme (como o equipamento digital) a produção em cinema cresceu muito. Qualquer festival hoje recebe milhares de inscrições do mundo inteiro. E, no Brasil, este crescimento veio acompanhado de uma produção autoral de muita qualidade. A questão hoje não é só fazer um filme, é conseguir um destaque para ele no meio de uma produção tão grande e de tanta qualidade”.

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