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Filmes de 1974

“Banzé no Oeste”, uma das maiores comédias do cinema, completa meio século

Personagens da comédia "Banzé no Oeste", de 1974
Os personagens da comédia lançada por Mel Brooks em 1974 (Foto: )

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Mil novecentos e setenta e quatro foi um ano glorioso para o cinema. Nessa série especial, que se inicia hoje, vamos destacar quatro filmes clássicos que estão completando 50 anos.

O primeiro é uma das maiores comédias do cinema: Banzé no Oeste (Blazing Saddles), de Mel Brooks. Foi um filme revolucionário para o cinema hollywoodiano, uma paródia de faroeste que apostava numa linguagem totalmente nova e experimental, com uso de metalinguagem (filme dentro do filme), quebra de quarta parede (personagens falavam com o público), e um tema radical: o racismo no cinema de bangue-bangue.

O filme se passa em 1874 e conta a história de um homem negro, Bart (Cleavon Little), que está preso e prestes a ser executado. Por uma bizarra manobra do destino, ele vira xerife de uma cidade inteiramente branca e racista do Velho Oeste.

O próprio Mel Brooks faz três papeis, incluindo o idiota governador William J. Le Petomane. Membros habituais da trupe do cineasta também participam, como Gene Wilder no papel do pistoleiro bêbado Jim “The Waco” Kid, e Madeline Kahn, como a sensual Lili Von Shtupp. O papel do xerife negro foi oferecido a Richard Pryor, mas a Warner, distribuidora do filme, não topou por causa dos problemas do ator com drogas e álcool.

O que se segue é, certamente, um dos roteiros mais ousados e criativos da história do cinema de comédia, escrito a dez mãos por Mel Brooks e por um timaço que incluía o próprio Richard Pryor e o roteirista Andrew Bergman, este o autor da ideia original.

Estreia em grande estilo

Em 1974, Mel Brooks já era um comediante consagrado na TV americana, mas só havia dirigido dois longas para o cinema. O primeiro, Primavera para Hitler (1968), havia sacudido Hollywood com a história estrambólica de dois produtores de teatro picaretas que tentam um engenhoso golpe de seguro, montando a pior peça de teatro de todos os tempos, um ridículo musical sobre Adolf Hitler, só para ver a peça se tornar o maior sucesso da temporada.

Primavera para Hitler era tão radical e diferente que nenhum grande estúdio quis lançá-lo. Mas quem captou o espírito anárquico do filme caiu de amores por ele (um foi o comediante Peter Sellers, que ficou tão louco com a genialidade de Brooks que pagou, do próprio bolso, anúncios em jornais, conclamando o público a ver o filme). Deu resultado: lançado em cinemas de arte, Primavera para Hitler foi um estouro de bilheteria.

Mas nada prepararia Hollywood para o que Brooks faria em Banzé no Oeste. Ele pegou todos os clichês do western – duelos de pistolas em cidades poeirentas, canções em volta da fogueira, as tensões entre brancos e indígenas – e simplesmente eviscerou o faroeste, esculhambando, uma a uma, todas as fórmulas do gênero. O final do filme é o momento sublime da carreira de Mel Brooks, um dos grandes gênios do humor.

Os atores Cleavon Little e Gene Wilder em "Banzé no Oeste"Os atores Cleavon Little e Gene Wilder em "Banzé no Oeste" (Foto: Divulgação)

É impossível ver Banzé no Oeste e não perceber como ele influenciou comédias que viriam depois, como Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu e Corra que a Polícia Vem Aí, com suas impiedosas avacalhações com gêneros cinematográficos como o filme-catástrofe e os thrillers policiais. E pensar que, no mesmo ano, 1974, Mel Brooks ainda teria tempo e inspiração para fazer outra comédia clássica, O Jovem Frankenstein. É simplesmente assombroso. Foram duas obras-primas lançadas em dez meses.

Banzé no Oeste está disponível para locação na Apple TV, Amazon, Google Play e consta no catálogo do streaming Oldflix.

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