“O Bastardo” traz Mads Mikkelsen como desbravador cheio de fúria e paixão

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Em meados do século XVIII, o capitão Ludwig Kahlen (Mads Mikkelsen, de A Caça e Druk – Mais uma Rodada) pretende finalizar sua carreira militar com a conquista das planícies dinamarquesas na península da Jutlândia, um lugar onde ninguém se atreve a cultivar nada. Essa empreitada despertará as suspeitas do governante da região, que fará todo o possível para se beneficiar daquelas terras. O Bastardo, que acaba de chegar aos cinemas brasileiros, conta essa história.

A luta pela terra sempre foi um dos conflitos mais explorados pela literatura, e o cinema clássico abordou o tema em obras atemporais como E o Vento Levou e Assim Caminha a Humanidade. Este filme dinamarquês de Nikolaj Arcel é uma recuperação desse espírito idealista de conquista das forças da natureza, com um tom mais telúrico, sombrio e existencial, mas com uma procura semelhante de esplendor estético na encenação. Seu diretor e co-roteirista é um verdadeiro aventureiro do cinema, que em quase duas décadas de experiência conseguiu criar desde um premiado romance monárquico (O Amante da Rainha, também estrelado por Mads Mikkelsen e indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2013) até um faroeste futurista (A Torre Negra).

O Bastardo é, de longe, o melhor trabalho deste realizador, que só pode ser criticado pela excessiva crueza em algumas cenas de violência brutal. Mads Mikkelsen é o ator perfeito para compor um personagem que verbaliza toda a fúria e paixão acumuladas em tantos anos de guerra e privações. Ao lado dele está um elenco que demonstra o talento da escola de atuação dinamarquesa, e que ganha destaque especial na composição do personagem interpretado por Morten Hee Andersen, o ator sensacional da série Enfermeiros: Uma Nova Era.

As mais de duas horas de filmagem assemelham-se a uma visita a um museu. O Bastardo exibe um virtuosismo na produção que não tira a veracidade nem o ritmo de uma história capaz de combinar os aspectos mais selvagens e sutis, os mais generosos e os mais predatórios da alma humana.

Não é nenhuma surpresa que O Bastardo tenha levado os prêmios de Melhor Ator, Fotografia e Figurino no último European Film Awards. A sua caminhada triunfante pelos festivais de Veneza, Sevilha e San Sebastián também confirmou que esse é um daqueles filmes que todo mundo reverencia.

© 2024 Aceprensa. Publicado com permissão. Original em espanhol.

• O Bastardo
• 2023
• 128 minutos
• Indicado para maiores de 18 anos
• Em cartaz nos cinemas