“Blitz” narra drama de mãe e filho quando Londres foi bombardeada por nazistas

Por José M. García Pelegrín
Por Aceprensa
27/12/2024 às 10:03

Saoirse Ronan e Elliott Heffernan interpretam Rita e George, mãe e filho, em filme do Apple TV+ (Foto: Divulgação Apple TV)

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O termo blitz (na verdade, blitzkrieg: guerra relâmpago) evoca na memória britânica os devastadores bombardeios nazistas em Londres entre setembro de 1940 e maio de 1941. Nesse contexto histórico, o diretor Steve McQueen, vencedor do Oscar de Melhor Filme em 2014 por 12 Anos de Escravidão, tece a comovente história de George (Elliott Heffernan), um menino de nove anos, e sua mãe, Rita (Saoirse Ronan), num filme original do Apple TV+ que pode beliscar algumas indicações para o próximo Oscar.

Em Blitz, a identidade de George é profundamente moldada pelo traumático episódio racista que seu pai sofreu – recontado em flashback – e pela ligação poderosa e inquebrável com sua mãe. Quando é forçado a deixar Londres para sua segurança, como tantas outras crianças, ele inicia uma viagem que transcende a jornada física para se tornar um processo emocional e de formação de identidade, narrado com ecos de Charles Dickens. Ao mesmo tempo, McQueen capta a intrincada realidade social britânica do início da década de 1940 e a devastação causada pela Luftwaffe (o ramo aéreo da Alemanha nazista), tendo Rita como fio condutor.

O cineasta britânico lida com a sonoplastia com especial maestria, com transições do rugido da guerra ao silêncio doméstico, além de recriar a atmosfera opressiva dos abrigos antiaéreos. O seu virtuosismo estético manifesta-se em metáforas visuais – como a fusão de bombas e gotas de chuva – e em closes intensos. No entanto, o roteiro ocasionalmente perde coesão e as vistas panorâmicas da Londres destruída revelam a sua origem digital. A narrativa sofre por ser episódica e o capítulo inspirado em Oliver Twist mais parece um corpo estranho.

Apesar dessas escorregadas, McQueen consegue captar a essência emocional de Blitz: o vínculo mãe-filho e as dimensões complexas do racismo e da formação de identidade, realçadas pela trilha sonora esperançosa de Hans Zimmer. A atriz Saoirse Ronan demonstra sua versatilidade ao passar de seus papéis adolescentes (Lady Bird: A Hora de Voar, The Outrun) para uma personagem maternal convincente, enquanto o garoto Elliott Heffernan se destaca com uma atuação bastante natural. McQueen reafirma seu talento para contar histórias que entrelaçam o sofrimento humano com a esperança.