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Com o controle da imprensa local, pouco se sabe sobre o que acontece na Venezuela. E, o que se sabe, muitas vezes não fornece um verdadeiro panorama para quem está distante do país. Com isso em mente, a Brasil Paralelo decidiu apoiar Bruno Musa e Fábio Lima na gravação de uma vídeo-reportagem que retrata aquilo que realmente está se passando na terra arrasada pelo ditador Nicolás Maduro.
O resultado desse trabalho é Infiltrados: Venezuela, um longa-metragem documental que conta com depoimentos de diferentes moradores do país, desde jornalistas até moradores de Petare, uma comunidade três vezes maior do que a favela Rocinha, no Rio de Janeiro. Para localizar o espectador sobre as dificuldades enfrentadas ao longo do filme, o documentário parte do momento em que Musa e Lima vão ao escritório da plataforma de streaming e discutem desafios como a própria viagem, o contato secreto com uma jornalista venezuelana, e a ideia de marcar uma entrevista com Juan Guaidó, que chegou a ser reconhecido como presidente venezuelano por várias nações.
A coisa passa a esquentar quando a dupla chega em Caracas, a capital do país, e percebe que aquela é uma bolha dentro da Venezuela: existem lojas de redes como KFC, há a vendas de tênis da Nike e até de supermáquinas em uma concessionária da Ferrari. Tudo isso parece estranho para os entrevistadores (e os espectadores) interessados em descobrir o que acontece de verdade no país, então os realizadores decidem procurar políticos venezuelanos e líderes comunitários para entender melhor onde está a miséria tão noticiada sobre a Venezuela.
Escambo de farinha por banana
Quando chegam na já citada Petare, Musa e Lima finalmente encontram as questões que fazem muitos venezuelanos abandonarem o país. Há o limite de alimentos oferecido pelo governo, que acabam sendo utilizados na troca por quantidades menores de produtos com maior qualidade nutricional; em uma cena, um menino faz o escambo de um quilo de farinha por meio quilo de banana.
A dupla também destaca um professor que custeia do próprio bolso uma escola para crianças que não têm acesso à educação. Na mesma sequência, um dos líderes da favela, que é considerada a maior da América Latina, revela que seu irmão e sucessor foi torturado e morto por políticos que se tornaram membros do governo de Maduro.
A essa altura, fica claro que, fora da realidade confortável de Caracas, boa parte do povo encontra dificuldades para se sustentar com o salário mínimo de aproximadamente R$ 30, o suficiente para comprar apenas três litros de leite, por exemplo. Com preocupações deste tipo, o documentário confirma que grande parte do povo venezuelano não consegue nem se preocupar com o que está acontecendo com a política local, afinal, sua única preocupação é alimentar a família.