O retorno de Lula ao poder e os fatos ocorridos em Brasília no último dia 8 de janeiro foram fundamentais para a Brasil Paralelo desenvolver a trilogia A Direita no Brasil, disponível em sua plataforma de streaming desde segunda-feira (13). Movidos pela ideia de que “roupa suja se lava em casa”, os diretores Lucas Ferrugem e Henrique Viana partiram para um projeto que recupera a história dos últimos dez anos do espectro ideológico que mais cresceu no país e ainda entrega uma autocrítica, algo que sempre se cobrou da esquerda após o primeiro período de governo petista (e que ela nunca fez).
Nos três episódios, que giram em torno de uma hora de duração cada, personagens importantes como o hoje senador Sergio Moro e ex-deputada Janaína Paschoal ajudam a narrar as transformações vividas pelo Brasil desde as jornadas de 2013, que não eram só por 20 centavos. O primeiro capítulo parte dessas manifestações para chegar na influência do filósofo Olavo de Carvalho na formação de uma nova massa crítica e desemboca no papel da operação Lava Jato nesse levante da direita. O material como um todo ganha muito com a participação de nomes do espectro oposto, caso do ex-ministro Aldo Rebelo com seu olhar ponderado, e de analistas como Joel Pinheiro da Fonseca, que com seus depoimentos atesta que a Brasil Paralelo não quis só trazer conforto para quem já está dentro da bolha. Outro exemplo disso: no segmento sobre Olavo de Carvalho, o jornalista e colunista da Gazeta do Povo Alexandre Garcia opta por dizer apenas que prefere Olavo Bilac.
A segunda parte é centrada no governo Bolsonaro, abordando suas dificuldades em lidar com o Congresso e sua contestada gestão da pandemia de covid-19, enquanto o terceiro filme especula sobre o futuro da direita, num momento em que o campo experimenta dias de desesperança. É verdade que o boa parte do conteúdo não soará como novidade para quem acompanhou minimamente as movimentações do país nos últimos anos em veículos conservadores ou liberais. Mas a resumida bem didática da Brasil Paralelo em três horas cumpre sua função nesse período de incertezas, rachas internos e muita revolta com os rumos da nação. Alinhando direitinho com todo mundo, no fim de 2026 o jogo muda.