Admito que, dos três primeiros filmes de Bridget Jones, parei logo no número 1, O Diário de Bridget Jones. O filme adaptou o que foi primeiro uma coluna e depois um romance de Helen Fielding. Era, fundamentalmente, uma personagem e uma geração: a daquelas pessoas que começaram o século XXI aos 30 anos. Bridget era aquela mulher desajeitada e charmosa, sexualmente desinibida e obcecada em encontrar o amor da sua vida... E perder peso. O duelo sentimental do primeiro filme entre o garoto atraente e canalha, interpretado por Hugh Grant, e o chato, mas com coração de ouro (Colin Firth), aparentemente foi mantido, com pequenas variações, nas duas obras seguintes.
Fiquei um tanto curiosa para saber como se desenrolaria a vida de Bridget Jones com a protagonista passando pela crise da meia-idade. O novo filme, Bridget Jones: Louca pelo Garoto, já em cartaz nos cinemas, começa com a personagem viúva de Colin Firth há quatro anos e com dois filhos em idade escolar. Sua vida é caótica e suas amigas, como fizeram há vinte anos, incentivam que ela afogue suas mágoas no sexo, além de abrir uma conta no aplicativo de relacionamentos Tinder.
A primeira parte de Bridget Jones me fez temer o pior: outro Babygirl (o mais recente filme estrelado por Nicole Kidman) com seu discurso de uma mulher empoderada por meio do sexo com homens mais jovens. Felizmente, depois do trecho inicial, e graças ao ghosting – a presença dessa tendência é hilária, é preciso admitir –, o filme segue um caminho mais transitável: o da comédia clássica com seu enredo de redenção pelo amor e um brinde às segundas chances.
No fundo, trata-se de uma comédia geracional, que contém, entre as artimanhas de Bridget e as piadas obscenas do personagem de Hugh Grant, uma reflexão positiva sobre a importância da família e dos filhos. Bridget Jones: Louca pelo Garoto não tem medo de salientar que é mais fácil encontrar a felicidade em relações saudáveis, estáveis, complementares e comprometidas com um projeto comum (novamente, a família em foco), do que nos fogos de artifício da sexualidade sem freios e a sua consequente obsessão pelo físico.
Assim como no Bridget Jones original, um dos pontos fortes é o seu elenco: da charmosa Renée Zewlleger, à fuça descarada de Hugh Grant (com comentários que beiram o questionável nos dias de hoje), o carisma de Chiwetel Ejiofor, as duas minicenas do sempre convincente Colin Firth e o talento de uma muito elegante Emma Thompson.
Resumindo, é um quarto episódio que passa longe do desastre. Levando-se em conta, claro, que estamos falando de Bridget Jones, não de cinema de arte.
© 2025 Aceprensa. Publicado com permissão. Original em espanhol.
- Bridget Jones: Louca pelo Garoto
- 2025
- 126 minutos
- Indicado para maiores de 14 anos
- Em cartaz nos cinemas
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